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Perdão, pelo chocolate

Palavras de fé

Daniel Freitas

  • 25/08/16
  • 19:00
  • Atualizado há 399 semanas

Penso que aos olhos de Deus, não existe nada mais lindo neste mundo do que a pureza das crianças.

Fazia frio naquela manhã, quando ela chegou à Catedral, trazendo no rosto a expressão de muita amargura para sua pouca idade; não tinha nem oito anos.

Apressado, aquele pingo de gente foi entrando com a determinação de quem parte para a solução de um grave problema. Caminhou de um lado para outro, a procura de uma imagem de Jesus. Nem fez genuflexão; queria mesmo era ter uma conversa franca com Ele, olho no olho. Escolheu a imagem que fica ao lado esquerdo do altar.

Não ajoelhou, nem pôs as mãos juntas, como quem quer rezar; apenas cruzou os braços numa atitude de zanga; afinal, tinha passado a noite em claro, preocupada com a mãe que havia sido internada às pressas no dia anterior.

Com o olhar fixo em Jesus, falou:

-Escute aqui, seu Jesus, o que é que está acontecendo? Você está querendo levar minha mãe? Você sabe muito bem que eu não posso viver sem ela. Eu preciso dela. Ninguém no mundo vai saber olhar a gente como ela, e, além disso, ela é minha melhor amiga.

Mas algo mais perturbava aquela alma de criança. E continuou:

-Sabe, Jesus, você está querendo é me castigar, porque eu prometi não comer mais chocolate se a mamãe sarasse da outra vez que ela ficou doente, e acabei experimentando um pedacinho só na última Páscoa. O que é um pedacinho de chocolate? Pode sarar minha mãe, que eu não como mais esta porcaria.

Breve silêncio.

A imagem é aquela em que Jesus está de braços estendidos, num gesto acolhedor a tantos e tantos aflitos que ali se ajoelham no dia a dia, levados pelos mais variados tipos de angústias deste mundo.

Contemplando de novo a imagem de Jesus, seu coraçãozinho de criança mostrou sua grandeza. Colocou as mãozinhas em forma de prece, dobrou os joelhos e de seus olhos algumas lágrimas rolaram. Novamente rezou:

-Perdão, Jesus, pelo chocolate, mas devolva minha mãezinha com vida; eu a quero de volta.

Abaixou a cabeça, como que esperando uma resposta de Jesus. Permaneceu ali por uns minutos, e saiu da Catedral.

Em casa, encontrou o pai no portão.

-Vai trabalhar, papai?

-Não, filha, vou buscar sua mãe.

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