Serenata

Hoje ela está um tanto em desuso, mas ainda existe. Foi, porém, no passado que a serenata fez muito sucesso, como uma forma romântica de se expressar um sentimento especial por uma pessoa.

A serenata pode ser feita também pelo sentimento de amizade, mas normalmente é sempre um homem cantando sua paixão através de canções junto à janela da mulher amada. E o homem que assim procede nem sempre é dotado de uma boa voz, ele age impulsionado mais pela paixão do que propriamente pelo talento de cantar. Também a mulher merecedora da serenata não está muito preocupada com a qualidade da voz, na verdade o que mais lhe toca é a atitude carinhosa do audacioso cantor. Claro que se a voz for bonita fica mais apaixonante.

Voz era o que não faltava a Rodrigo, um jovem seresteiro que fazia tantos e tantos corações femininos pulsarem mais forte de emoção em sua cidade com suas lindas canções.

Quem canta, normalmente, sabe usar um violão, nem que seja apenas para se acompanhar, mas Rodrigo era diferente, nunca se interessou por violão. Por isso, em suas serenatas era sempre acompanhado por um grande amigo que executava esse instrumento com a mesma maestria com que ele cantava.

Assim, a voz melodiosa de Rodrigo e os acordes sonoros do violão de seu amigo invadiam as madrugadas balançando corações.

Um dia, Rodrigo conheceu Madalena; ela era linda o quanto uma mulher pode ser linda, Rodrigo se apaixonou e ela passou a ser a única privilegiada a ouvir suas serenatas. Ele só cantava para ela. Uma voz e um violão só para Madalena.

Mas o amor do seresteiro por aquela bela mulher não era correspondido. O tempo passou. Rodrigo se cansou de cantar para Madalena.

Pobre Rodrigo, que chegou a pensar que todas as vezes que Madalena abria a janela de seu quarto, quando ele cantava, fosse para ver o dono daquela linda voz cantando para ela.

Triste engano. Hoje, Madalena é casada e vive feliz ao lado dos filhos e do marido, aquele jovem que ao violão acompanhava Rodrigo nas noites de serenata.