Eu fui senhor da Judéia, com poderes soberanos,
e no Império Romano tive fama, tive glória,
mas por causa de Jesus, o filho de um carpinteiro,
tornei-me no mundo inteiro, o vilão dessa história.
Certa vez em meu palácio, escribas e sacerdotes,
lançaram-me a triste sorte de julgar um nazareno.
Eu, o todo poderoso, vacilei naquele instante,
aquele olhar penetrante fez me sentir tão pequeno.
Com seus cabelos compridos e aquele rosto tão lindo,
ele me olhou sorrindo, com seu jeito paciente;
tentei conversar com ele, mas ele não respondia,
senti que naquele dia, eu julgava um inocente.
Porém o temor a César e os gritos da multidão
fecharam-me o coração, e eu me senti incapaz;
acuado no pretório, acabei por condená-lo,
logo depois de trocá-lo por um tal de Barrabás.
Começa então o flagelo, depois da minha sentença,
em meio a tanta descrença e dureza de coração.
Contemplei aquele homem e só então percebi,
que o erro que cometi, jamais teria perdão.
Quando saíram com ele e me deixaram sozinho,
escrevi num pergaminho uma inscrição pra Jesus;
os judeus a contestaram, eu no entanto exigi,
que aquilo que escrevei, fosse gravado na cruz.
Você já sabe quem eu sou? Eu sou Pôncio Pilatos,
e deste triste relato, só me restou uma cruz.
Num ato de covardia, eu lavei as minhas mãos,
e pela minha omissão, crucificaram Jesus.