Buscar no site

Não à Reforma da Previdência

Ano de 2017 começou mal para o trabalhador brasileiro

Marcos Antonio Paludetto

  • 04/04/17
  • 19:00
  • Atualizado há 364 semanas

Por: Prof. Marcos Antonio Paludetto

O ano de 2017 começou mal para o trabalhador brasileiro. Entre tantos problemas já existentes, o trabalhador tem agora mais essa batata quente nas mãos: sua aposentadoria ameaçada.

O Brasil tem vivido o pesadelo de ser representado por uma classe política sem nenhuma credibilidade e por uma classe midiática sem nenhum compromisso com a verdade, ambas dispostas a destruir o que restou de democracia.

A Constituição Federal, a tão alardeada Constituição Cidadã, promulgada em 1988 pelo então Presidente da Assembleia Nacional Constituinte, o peemedebista Ulysses Guimarães, foi o marco de um novo tempo no Brasil, após um longo período de Ditadura Militar. Naquela ocasião, em suas palavras histórias, o referido deputado sentenciou: "Declaro promulgado o documento da liberdade, da democracia e da justiça social do Brasil". Ah, se ele pudesse saber o que fizeram com esse documento!

O que vemos hoje é a Constituição Cidadã sendo rasgada, cuspida e pisoteada. Democracia e Justiça Social tornaram-se palavras vãs, que não fazem mais sentido na atual conjuntura.

Prova cabal desse descalabro é a proposta do atual Presidente da República, Michel Temer, para a Reforma da Previdência, que rasga, cospe e pisoteia na Constituição Cidadã e ressuscita a Lei do Sexagenário de 1885, lei escravagista que libertava os escravos aos 60 anos de idade. Até a Lei do Sexagenário foi mais complacente com o trabalhador do que a reforma de Michel Temer!

Com essa reforma, o que se pretende é fazer o trabalhador contribuir com a Previdência Social por 49 anos de trabalho e 65 anos de idade, tanto homens quanto mulheres, indistintamente, para somente então ter direito ao benefício da aposentadoria. E então eu pergunto: isso é democracia? Isso é justiça social?

É bom lembrar também que a expectativa de vida de um trabalhador rural é de 65 anos de idade, o que significa que ele vai contribuir a vida inteira com o sistema previdenciário, com chances reduzidas de desfrutar dos benefícios da aposentadoria. E eu novamente pergunto: isso é democracia? Isso é justiça social?

Outro fato a se destacar é o aumento alarmante da taxa de desemprego que essa reforma trará. Se a maioria dos trabalhadores não vai conseguir se aposentar, onde irão trabalhar os mais jovens? Afinal, se não houver aposentadoria, não haverá vagas de trabalho disponíveis no mercado.

Constata-se, ainda, a crueldade dessa reforma com as mulheres, essas brasileiras que representam quase a metade da população profissionalmente ativa no Brasil. Longas jornadas profissionais nas mais diversas áreas; salários inferiores aos dos homens, mesmo desempenhando as mesmas funções; responsabilidades da maternidade; tudo isso deveria qualificá-las a receber um tratamento diferenciando. Mas isso também não aconteceu!

Aí vêm as justificativas descabidas de políticos e autoridades. Dentre elas, destaque para a justificativa de que a Previdência é deficitária, que se não for tomada alguma providência agora ela vai falir e não será mais possível pagar os aposentados. Mas todos sabemos que isso não passa de engodo, de conversa para boi dormir, de desculpa esfarrapada, de ameaça velada. Na verdade, a arrecadação previdenciária no Brasil fechou o ano de 2016 com superávit orçamentário, com dinheiro sobrando. Mas isso ninguém fala, não é?

Enfim, essa Reforma, na verdade, não passa de uma arbitrariedade, de um golpe contra o trabalhador brasileiro e, principalmente, contra os futuros trabalhadores.

Por isso, eu digo NÃO à Reforma da Previdência!

NÃO por mim.

NÃO pela minha esposa.

NÃO pelos meus filhos.

NÃO pelos meus colegas professores.

NÃO pelos trabalhadores brasileiros.

Receba nossas notícias em primeira mão!

Veja também