Não à Reforma da Previdência
Ano de 2017 começou mal para o trabalhador brasileiro
Por: Prof. Marcos Antonio Paludetto
O ano de 2017 começou mal para o trabalhador brasileiro. Entre tantos problemas já existentes, o trabalhador tem agora mais essa batata quente nas mãos: sua aposentadoria ameaçada.
O Brasil tem vivido o pesadelo de ser representado por uma classe política sem nenhuma credibilidade e por uma classe midiática sem nenhum compromisso com a verdade, ambas dispostas a destruir o que restou de democracia.
A Constituição Federal, a tão alardeada Constituição Cidadã, promulgada em 1988 pelo então Presidente da Assembleia Nacional Constituinte, o peemedebista Ulysses Guimarães, foi o marco de um novo tempo no Brasil, após um longo período de Ditadura Militar. Naquela ocasião, em suas palavras histórias, o referido deputado sentenciou: "Declaro promulgado o documento da liberdade, da democracia e da justiça social do Brasil". Ah, se ele pudesse saber o que fizeram com esse documento!
O que vemos hoje é a Constituição Cidadã sendo rasgada, cuspida e pisoteada. Democracia e Justiça Social tornaram-se palavras vãs, que não fazem mais sentido na atual conjuntura.
Prova cabal desse descalabro é a proposta do atual Presidente da República, Michel Temer, para a Reforma da Previdência, que rasga, cospe e pisoteia na Constituição Cidadã e ressuscita a Lei do Sexagenário de 1885, lei escravagista que libertava os escravos aos 60 anos de idade. Até a Lei do Sexagenário foi mais complacente com o trabalhador do que a reforma de Michel Temer!
Com essa reforma, o que se pretende é fazer o trabalhador contribuir com a Previdência Social por 49 anos de trabalho e 65 anos de idade, tanto homens quanto mulheres, indistintamente, para somente então ter direito ao benefício da aposentadoria. E então eu pergunto: isso é democracia? Isso é justiça social?
É bom lembrar também que a expectativa de vida de um trabalhador rural é de 65 anos de idade, o que significa que ele vai contribuir a vida inteira com o sistema previdenciário, com chances reduzidas de desfrutar dos benefícios da aposentadoria. E eu novamente pergunto: isso é democracia? Isso é justiça social?
Outro fato a se destacar é o aumento alarmante da taxa de desemprego que essa reforma trará. Se a maioria dos trabalhadores não vai conseguir se aposentar, onde irão trabalhar os mais jovens? Afinal, se não houver aposentadoria, não haverá vagas de trabalho disponíveis no mercado.
Constata-se, ainda, a crueldade dessa reforma com as mulheres, essas brasileiras que representam quase a metade da população profissionalmente ativa no Brasil. Longas jornadas profissionais nas mais diversas áreas; salários inferiores aos dos homens, mesmo desempenhando as mesmas funções; responsabilidades da maternidade; tudo isso deveria qualificá-las a receber um tratamento diferenciando. Mas isso também não aconteceu!
Aí vêm as justificativas descabidas de políticos e autoridades. Dentre elas, destaque para a justificativa de que a Previdência é deficitária, que se não for tomada alguma providência agora ela vai falir e não será mais possível pagar os aposentados. Mas todos sabemos que isso não passa de engodo, de conversa para boi dormir, de desculpa esfarrapada, de ameaça velada. Na verdade, a arrecadação previdenciária no Brasil fechou o ano de 2016 com superávit orçamentário, com dinheiro sobrando. Mas isso ninguém fala, não é?
Enfim, essa Reforma, na verdade, não passa de uma arbitrariedade, de um golpe contra o trabalhador brasileiro e, principalmente, contra os futuros trabalhadores.
Por isso, eu digo NÃO à Reforma da Previdência!
NÃO por mim.
NÃO pela minha esposa.
NÃO pelos meus filhos.
NÃO pelos meus colegas professores.
NÃO pelos trabalhadores brasileiros.