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'A aviação é um mundo à parte', diz a única mulher a pilotar o helicóptero Águia no Oeste Paulista

G1 Prudente

  • 30/04/17
  • 14:00
  • Atualizado há 363 semanas

Dois mundos que se uniram com o propósito de ajudar e que despertam a admiração de quem os observa. A Polícia Militar e o Grupamento de Radiopatrulha Aérea (GRPAe), chamado rotineiramente apenas de Águia, juntos, servem e protegem a população. E essa união trouxe para o Oeste Paulista a segunda mulher na função de piloto da PM do Estado de São Paulo, a 1º tenente Mayara Roberta Mieko Tanaka de Moraes, que ingressou na corporação por incentivo do pai e que conheceu na prática a contribuição que o pássaro de metal dá aos agentes em solo. Ela também é a primeira e única na Base de Radiopatrulha Aérea (BRPAe) com o hangar em Presidente Prudente.

"Eu entrei na polícia e na polícia eu acabei conhecendo o Grupamento Aéreo e olhei assim 'Caramba, dá para tentar. Por que não?'", recordou ao G1. Na época em que Mayara tentou, não havia nenhuma mulher ainda. "Aí pensei: 'Não é porque não tem nenhuma mulher, que não possa ter mulher. Pode ter mulher!'. Aí na época a gente já vinha prestando, outras oficiais também, e aí deu certo", disse.

A oficial entrou na segunda turma com mulheres do GRPAe. "Sou a segunda mulher. Tem a primeira mulher, que é a tenente Lara [Lara Carolina Palhiari Duarte>, e em seguida eu passei", salientou Mayara ao G1. "Ela prestou o concurso antes e não passou, aí nós prestamos juntas, um ano depois, aí ela passou e eu não passei. Aí no próximo ano eu prestei e passei. Aí depois disso já tem mais duas. No total, nós somos em quatro", contou a oficial.

"O começo é difícil, não pela recepção, nós não tivemos problemas quanto a isso, o respeito, sempre teve", disse. "Mas a gente se cobra bastante, por ter começado, é uma coisa nova, então a gente se cobra para que a gente faça tudo correto, para que a gente não estrague aquilo que a gente tentou tanto fazer", afirmou ao G1.

Tudo foi novo também para Mayara. "A primeira vez eu falei: 'Acho que não vou conseguir não' (risos). É bem difícil, é muita coisa, é um mundo totalmente diferente… A aviação é um mundo à parte", contou. "Quando você entra na aviação, você fala: 'Eu tenho que aprender tudo sobre aviação', a forma como fala, a forma como tudo acontece é diferente, e para mim foi um choque. Falei 'Caramba, é tudo muito diferente. Tem que aprender, tem que começar tudo de novo'. No começo eu achava que não ia dar, e falei: 'Acho que isso aqui vai ser muito difícil' (risos), mas você vai estudando, vai voando, vai aprendendo, aí vai ficando um pouco mais fácil", lembrou.

Única em Presidente Prudente

Foi em 2015 que a Base de Radiopatrulha Aérea de Presidente Prudente recebeu na equipe a primeira mulher. A oportunidade "calhou" para a tenente, já que ela e sua família são do Oeste Paulista. A oficial está no Grupamento Aéreo desde outubro de 2013.

Mayara faz o horário regular das 7h às 19h e durante esse período, junto aos colegas de profissão, fica à disposição das ocorrências que possam acontecer na área do Comando de Policiamento do Interior 8 (CPI-8), que atende 54 municípios. "A gente nunca sabe o que pode acontecer. O pessoal da sala de rádio fica copiando as ocorrências dos três batalhões [18º, 25º e 42º BPM/I> e a gente vai apoiar, conforme a necessidade", relatou ao G1.

Entre as atuações do Águia, estão fatos como salvamentos, apoio a combate a incêndio e apoio às viaturas em terra em Presidente Prudente, que é a maior cidade da região e onde também tem a maior concentração de ocorrências, segundo a tenente. "Tem dias com bastante e tem dias que são mais tranquilos. Então, não tem uma regra, às vezes a gente é surpreendida", colocou.

O céu do Oeste Paulista não é a primeira área em que a tenente atua. Antes de voltar para a região natal, a oficial estava na capital paulista. Toda a formação como piloto - o curso teórico e a instrução prática - é feita no Grupamento Aéreo, em São Paulo (SP). Foi lá que Mayara se formou e também trabalhou por um tempo, até seguir para Presidente Prudente.

No Estado de São Paulo, existem 10 bases, incluindo a capital, sendo assim, os policiais, além de trabalhar na cidade de São Paulo, precisam atuar em outras unidades para adquirir conhecimento e experiência. "Aí acabou calhando, né? Como eu sou daqui, minha família é daqui, falei: 'Ah, vou trabalhar numa base, então vou trabalhar em Presidente Prudente'.

Então, para mim ficou confortável essa situação de vir trabalhar aqui, de já conhecer a cidade, conhecer a região, minha família ser daqui. Por isso que eu escolhi", contou ao G1.

Entretanto, apesar da formação, assumir o controle do Águia tem algumas exigências, entre elas, um determinado número de horas de voo. Com isso, a tenente explicou que ainda exerce a função de copiloto. "Hoje sou formada piloto comercial, mas sou copiloto, porque para nós, a gente precisa de ao menos 500 horas para assumir o comando da aeronave e a gente precisa também de um treinamento específico", esclareceu. A oficial acrescentou que "toda a formação, desde as primeiras instruções, até chegar ao comando da aeronave, vai em torno de três a quatro anos. Mas é o treinamento completo".

"No caso, eu estou em fase de treinamento ainda, porque eu sou copiloto. Estou com mais ou menos 360 horas, mais 140 horas eu já sou habilitada a fazer a instrução de voo avançado, que aí são algumas missões específicas que a gente precisa fazer, missão com rapel, missão de incêndio, e isso a gente precisa treinar. Pra gente chegar até esse ponto, tem de ter uma experiência prévia, principalmente na área do voo. Então a gente vai voando como copiloto, adquirindo experiência, para depois conseguir fazer as avaliações, as instruções", relatou Mayara ao G1.

1º tenente Mayara Roberta Mieko Tanaka de Moraes

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