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Oito pessoas são indiciadas pela polícia suspeitas de desvio milionário em Santa Cruz do Rio Pardo

Polícia concluiu investigação após cinco meses

G1

  • 07/05/17
  • 10:00
  • Atualizado há 359 semanas

Depois de cinco meses de investigação, a Polícia Civil de Santa Cruz do Rio Pardo (SP) concluiu nesta sexta-feira (5) o inquérito sobre o desvio milionário dos cofres da prefeitura. A ex-tesoureira Sueli Feitosa, suspeita de desviar mais de R$ 7 milhões da prefeitura, foi indiciada por peculato, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica falsificação de documento público e associação criminosa.

O processo com 5.500 páginas foi entregue no fim da tarde no Fórum. No inquérito também foram indiciadas a mãe, três irmãs e dois cunhados de Sueli. Eles devem responder por lavagem dinheiro e associação criminosa. Sueli Feitosa confessou ter desviado dinheiro dos cofres públicos e está presa desde o dia 8 de fevereiro.

O cunhado dela, Adilson Gomes, também está preso. A mãe de Sueli, Maria da Conceição, de 70 anos, chegou a ser presa, mas responde em liberdade.

A investigação começou depois que a prefeitura descobriu que a funcionária fez uma transferência no valor de R$ 1,250 milhão, que estavam em uma conta destinada para iluminação pública, para outra conta, assim conseguiria fazer o pagamento dos salários de dezembro e encobrir o desfalque. "Todo dinheiro arrecadado pela prefeitura da iluminação pública entra nessa conta, que só pode ser usado para melhoria na iluminação pública", explica o delegado Renato Caldeira Mardegan.

Acareação

A ex-tesoureira da prefeitura foi submetida a uma acareação na delegacia com o ex-secretário de finanças da cidade, Armando Cunha e o cunhado da suspeita, Adilson Gomes. O objetivo, segundo o delegado Renato Mardegan, responsável pelo inquérito que apura desvio de dinheiro público, era confrontar as versões.

Durante o depoimento da ex-tesoureira, que durou mais de 10 horas, ela afirmou que os desvios começaram em algumas oportunidades em 2001.

A Polícia Civil já havia feito uma acareação com pessoas que trabalhavam com Sueli Feitosa. Prestaram depoimento, o ex-secretário de finanças e o diretor de contabilidade do município Emerson Diniz.

Segundo a Polícia Civil, o objetivo da acareação é saber de quem era a responsabilidade em fiscalizar a tesouraria da prefeitura e porque ninguém descobriu antes os desvios de dinheiro feitos pela ex-funcionária. Ainda segundo a polícia, na acareação, Emerson admitiu que a função de auditar a tesouraria era dele, mas que não conseguia fazer o serviço porque Sueli se recusava a entregar documentos e que ele não tinha autoridade para obrigá-la a cumprir suas ordens. Disse também que chegou a levar esta questão para o ex-secretário de finanças.

Uma sindicância interna que apurou os responsáveis pelos desvios apontou erros cometidos por funcionários que trabalhavam na Secretaria de Finanças. Segundo relatório, o diretor de contabilidade Emerson Diniz teria sido negligente porque não fiscalizou a tesouraria da prefeitura onde trabalhava Sueli Feitosa. Ele também autorizou uma transferência ilegal feita pela funcionária de uma conta de iluminação pública do município para outra conta.

O ex-secretário de finanças Armando Cunha foi negligente, de acordo com relatório, porque não observou seus subordinados e não fiscalizou como deveria as contas da prefeitura. O relatório fala que ele deveria observar os extratos bancários, quando só observava o controle interno da prefeitura.

O advogado de Armando informou que ele recebia relatórios já adulterados por Sueli Feitosa. Ele ainda disse que membros da comissão de sindicância que deveriam fiscalizar Sueli Feitosa não foram citados nesse relatório final. Emerson foi procurado, mas não quis comentar sobre o caso. O advogado de Sueli não retornou o contato feito pela produção da TV TEM.

Catalogo de bens

A Polícia Civil fez buscas no dia 10 de março em imóveis de Sueli Feitosa a pedido do Ministério Público. Com autorização da Justiça, todas as posses da família foram catalogadas. O relatório será juntado ao inquérito que investiga os desvios de dinheiro na prefeitura.

O objetivo da polícia é saber o número de bens e o valor de cada um. Por isso dois peritos participaram da ação, um para avaliar os móveis e outro os eletrodomésticos.

Se os investigados não conseguirem comprovar como pagaram os bens e forem condenados pela Justiça, as posses serão destinadas para ressarcir os cofres públicos. Segundo a polícia, os desvios de dinheiro feitos por Sueli Feitosa podem chegar a R$ 10 milhões.

O novo advogado de Camila e Adilson, Luis Mitsunaga afirmou que não concorda com a ação policial desta sexta-feira porque não há nada no inquérito qualquer prova material que comprove qualquer crime do casal contra a prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo. Já o advogado de Sueli não quis comentar o assunto.

Mudanças

O secretário de finanças Armando Cunha foi exonerado pelo prefeito Otacilio Parras. Ele estava no cargo desde 2001 e passou por três administrações diferentes. O ex-secretário de finanças disse em nota que recebe a exoneração com naturalidade e tranquilidade. Falou ainda que espera que a apuração dos fatos transcorra da forma mais isenta e transparente possível e diz estar aberto a colaborar para que isso aconteça.

O novo secretário é João Carlos Zarantonelli, que ocupava o cargo de diretor de fiscalização tributária. Mas segundo o secretário de gestão e comunicação social Célio Guimarães, a mudança não tem a ver com a investigação do desvio. "Vai haver outras mudanças no departamento que compõe a secretaria de finanças. Isso é um processo de restruturação da secretaria, nada mais que isso."

Na delegacia os policiais analisam os documentos da quebra de sigilo bancários da família Feitosa. Segundo a polícia o montante desviado é de mais de R$ 7 milhões.

Sequestro de bens

A Justiça determinou no dia 30 de janeiro o sequestro dos bens da ex-tesoureira. Sete imóveis, sendo uma chácara e seis casas dela e de parentes, estão bloqueados. A casa em que Sueli de Fátima Feitosa morava está avaliada em R$ 1 milhão, segundo a polícia. Com o sequestro, os donos não podem vender esses bens.

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