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Ex-tesoureira suspeita de desvio milionário deixa penitenciária após habeas corpus

Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu na quinta-feira (22) a liberdade de Sueli Feitosa, que era funcionária da prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo

G1 Bauru e Marília

  • 24/06/17
  • 13:00
  • Atualizado há 355 semanas

A ex-tesoureira da prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo (SP), Sueli Feitosa, deixou a penitenciária de Pirajuí nesta sexta-feira (23) após o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo conceder o habeas corpus para ela e para o cunhado dela, Adilson Gomes. Ela chegou na casa onde mora, no bairro Braúna, área nobre da cidade, por volta das 23h30. O cunhado de Sueli também deixou o Centro de Detenção Provisória de Cerqueira César na sexta-feira.

Ela é acusada de desviar R$ 7 milhões dos cofres públicos. Nesta sexta-feira, o advogado dos dois, Luiz Mitsunaga, esteve no Fórum de Santa Cruz do Rio Pardo para acompanhar o tramitação do alvará de soltura. Na decisão do habeas corpus, a Justiça considerou que o inquérito tramita lentamente, sem justificativa plausível. Com isso a prisão preventiva foi convertida em liberdade.

Os dois vão responder ao eventual processo em liberdade, mas terão que seguir algumas exigências. A Justiça determinou que Sueli Feitosa e Adilson não podem deixar a comarca sem autorização judicial. Eles têm que se apresentar um vez por mês ao Fórum e não podem entrar no paço municipal nem conversar com funcionários da tesouraria da prefeitura.

Segundo o processo, Sueli Feitosa confessou ao Ministério Público que desviou dinheiro dos cofres públicos quando trabalhava na tesouraria da prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo. As investigações da polícia duraram cinco meses. Sueli foi indiciada por peculato, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica falsificação de documento público e associação criminosa. Além dela, foram indiciadas a mãe, três irmãs e dois cunhados. No entanto, o Ministério Público entendeu que são necessárias novas diligências e conseguiu na Justiça 90 dias de prazo para oferecer ou não denúncia. Se isso ocorrer eles viram réus e vão a julgamento.

Mudança na prefeitura

O prefeito de Santa Cruz do Rio Pardo Otacílio Parras (PSB) decidiu fazer uma mudança na Secretaria de Finanças depois das suspeitas de envolvimento de outros funcionários no desvio de mais de R$ 7 milhões dos cofres públicos, além de Sueli Feitosa, indiciada pela polícia. A ex-tesoureira revelou em maio em uma colaboração pública que mais pessoas participavam ou sabiam dos desvios de dinheiro.

O prefeito informou no dia 22 de maio que todos os funcionários do Departamento de Tesouraria, citados por Sueli Feitosa, serão transferidos de setor até o fim das investigações.

O secretário de finanças Armando Cunha já havia sido exonerado em fevereiro deste ano. O ex-secretário disse em nota na época que espera que a apuração dos fatos transcorra da forma mais isenta e transparente possível e diz estar aberto a colaborar para que isso aconteça. Na colaboração pública, a ex-funcionária afirmou também que os prefeitos sabiam dos desvios.

Esquema

O advogado da ex-tesoureira, Luiz Mitsunaga, também explicou como era feito o desvio de dinheiro. De acordo com Mitsunaga, o esquema de corrupção na prefeitura começou na administração do prefeito Adilson Donizete Mira. Sueli contou na colaboração que foi procurada por um assessor do prefeito na época.

"Tudo começa com o senhor Ricardo Moral dizendo que ele e o chefe precisam de recursos. E esses recursos deveriam vir da tesouraria. Existe uma fala muito expressiva que ela relata dizendo o seguinte que ela ouvia o seguinte do senhor Ricardo: "Sueli se você não fizer o que nós queremos, você não ficará onde você quer", relata o advogado.

Para não deixar rastros, a ex-tesoureira alegou ao advogado que o sistema de conta contábil e sistema interno sofriam alterações por colegas para dificultar o rastreamento do dinheiro.

O rumo das investigações na Polícia Civil deve sofrer reflexos. Segundo o delegado Renato Caldeira Mardegan, se forem apresentadas provas das declarações feitas por Sueli Feitosa, as suspeitas serão investigadas em um segundo inquérito que já estava previsto para ser instaurado. Essa nova investigação vai apurar se houve participação de mais pessoas nos desvios de dinheiro.

Ricardo Moral Lopes, citado por Sueli, disse em nota que repudia a declaração feita pelo advogado de Sueli. Disse ainda que as acusações são infundadas e que é inocente. Otacílio Parra, atual prefeito, nega todas as acusações e afirma que foi ele quem fez a denúncia de desvio em dezembro do ano passado.

O ex-prefeito Adílson Mira disse que está pronto para colaborar com as investigações e que assim que tiver acesso ao documento apresentado pelo advogado de Sueli Feitosa vai registrar um boletim de ocorrência. A produção da TV TEM tentou contato com a ex-prefeita Maura Maciei-Rinha, mas ela não atendeu as ligações.

O presidente da Codesan, Cláudio Gimenez, também foi citado na colaboração pública. "Eu não tenho nada a ver com essa história. Já fiz boletim de ocorrência e vou ver com advogado o que posso fazer."

Sueli fez os desvios quando era funcionária da tesouraria da prefeitura (Foto: Reprodução/TV TEM)

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