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Sem dinheiro, cúpula da Polícia Civil de SP já admite que delegacias podem fechar temporariamente

Diretoria enviou e-mail a departamentos da instituição para sondar quais atividades podem ser suspensas por conta da 'caótica situação orçamentária'. Secretaria diz que já conseguiu verba extra.

Reprodução Por Will Soares, G1 SP, São Paulo

  • 26/07/17
  • 14:00
  • Atualizado há 348 semanas

O vazamento de um e-mail interno mostra que a cúpula da Polícia Civil de São Paulo faz planos para encarar a crise financeira na instituição e já admite a possibilidade de delegacias fecharem as portas temporariamente devido à falta de recursos.

A diretoria trabalha até com a hipótese da frota de viaturas nas ruas diminuir por não haver dinheiro nem para o combustível.

O e-mail em questão é assinado pelo Delegado Geral de Polícia Adjunto, Waldir Antonio Covino Junior, e destinado aos departamentos da Polícia Judiciária. Na mensagem, ele diz que a situação atual é "alarmante" e pede que cada setor elabore um plano de contingência de verbas até a próxima sexta-feira (28).

Segundo Covino Junior, o plano emergencial deve considerar as despesas de cada unidade, os recursos financeiros existentes e "as necessidades e compromissos assumidos" para determinar quais atendimentos e atividades policiais serão suspensos - e por qual período.

"Exemplificando: sem possibilidade de novas aquisições de materiais de consumo, quais unidades deverão ser temporariamente suspensas e a partir de qual data; sem recebimento de recursos suplementares para despesas com combustíveis, a partir de quando não será possível abastecer viaturas e aeronaves", diz o texto.

O delegado Geral Adjunto justifica o pedido logo no começo do e-mail dizendo que "é do conhecimento de todos a caótica situação orçamentária enfrentada pela Polícia Civil no corrente exercício financeiro".

De acordo com Covino Junior, outros procedimentos foram realizados anteriormente para amenizar a crise, mas não tiveram sucesso. "O que faz com que se avizinhe quadro de absoluta indisponibilidade financeira, até mesmo para amparar despesas essenciais à manutenção das unidades existentes", projetou.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) garante que "não há falta de recursos para a Polícia Civil". "A mensagem foi precipitada, uma vez que o secretário Mágino Alves já havia solicitado suplementação orçamentária à Secretaria da Fazenda, com aval da Secretaria de Planejamento e Gestão, e o crédito de R$ 4,1 milhões já foi aprovado", afirmou a Pasta em nota.

O vazamento do e-mail aconteceu no mesmo dia em que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) entregou 72 novas viaturas para a Polícia Militar e anunciou a autorização para a abertura de dois concursos que vão reforçar os quadros da corporação com mais de 2400 agentes.

A Polícia Civil paulista sofre com a falta de funcionários. Conforme levantamento realizado pelo G1 com dados do Portal da Transparência, a instituição fechou o último mês de maio com cerca de 8,3 mil policiais a menos do que prevê a lei. O Governo Estadual diz que investe em contratações mesmo com a queda de arrecadação dos últimos anos.

E-mail enviado por delegado Geral Adjunto sobre a crise financeira na Polícia Civil (Foto: Reprodução)

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