Consciência negra e consciência humana - Por que ninguém diz: "é coisa de branco?"
Há quem negue validade ao movimento em defesa da Consciência Negra, propondo que, com ênfase no desenvolvimento da Consciência Humana, o racismo desapareceria. São vozes contrárias ao movimento negro. Afirmam ainda que a raça é uma só, a raça humana e que a divisão em nada melhora a situação. Ocorre que a divisão já está presente nos indicadores sociais e infelizmente confirmada pelas últimas cenas de racismo exibidas pela imprensa.
Se a raça é uma só, por que ninguém diz: "é coisa de branco"?
Por que a "consciência humana" não conseguiu acabar com o homicídio, o roubo, o estupro, a corrupção, a violência e o preconceito contra a mulher?
Por que ninguém diz: "só podia ser branco"?
Mas e as mulheres esperaram inertes? Não. Foi preciso uma tomada de consciência, um movimento (feminista), uma luta, uma vitória: a Lei Maria da Penha. E assim, ninguém se opõe ao Dia Internacional da Mulher. A violência acabou? Não. Mas tem sido punida e, assim, minimizada.
A consciência humana tem, portanto, um longo caminho a percorrer para construir um humanismo capaz de eliminar todos os preconceitos e, enquanto isso, o que nos resta? O desafio de não desistir.
Por que ninguém diz: "aquele branco é inteligente"?
Enquanto a cor da pele for razão para o preconceito, para a exclusão, para a humilhação, para a violência, é preciso sim um exercício de consciência, de atitude e de cidadania.
Salve o Dia Internacional da Mulher!
Salve o Mês da Consciência Negra!
Sérgio Frederico - Advogado do Instituto do Negro Zimabuê - Assis-SP e Professor do Curso de Direito da FEMA.