Veto ao aumento salarial dos servidores do judiciário

Ninguém nega que o Brasil vive atualmente num ambiente de crise financeira de proporções inéditas.

A situação aponta para o desemprego, inflação e a inexistência de qualquer expectativa de crescimento.

Nesse turbilhão, não são apenas os direitos de servidores federais do Judiciário que estão em jogo, mas principalmente as demandas concretas do conjunto da sociedade , em áreas como educação, saúde e infraestrutura de maneira geral, para as quais o setor público não vem conseguindo dar respostas satisfatórias.

Neste cenário, sem dúvida, a presidente agiu com prudência ao ignorar as pressões, vetando integralmente o projeto que concede reajuste de até 78,6% aos servidores do Judiciário.

Sem duvida, não tinha como ser diferente.

Diante de um setor público em crise e da necessidade de um rígido processo de ajuste fiscal, o Planalto não poderia seguir o exemplo dos ilustres parlamentares, que se mostraram mais preocupados com o próprio futuro eleitoral.

Não se discute que os servidores têm todo o direito de reivindicar salários maiores, mas não o de ignorar a realidade do setor público.

Dados apontam que no caso de se rejeitar o veto, a conta adicional será de R$ 25,7 bilhões em quatro anos.

E o que é mais grave ainda: a diferença atual entre os salários do Judiciário e de carreiras similares do Executivo, hoje de 60%, passará a ser de 170%.

Ainda que as reivindicações dos servidores da Justiça sejam legítimas, esse é um exemplo claro da falta de sintonia entre uma corporação e o restante dos trabalhadores.

Nenhuma categoria funcional , em qualquer um dos poderes, pode ignorar o fato de o País estar passando por uma crise financeira de grandes proporções.

É visível que a máquina administrativa continua pesada demais e seguem inalteradas deformações como o aparelhamento de empresas públicas por interesses políticos e a escancarada roubalheira que tomou conta desse segmento.

É fato que os servidores, incluindo os do Judiciário, não são responsáveis pelas dificuldades do setor público. Mas, assim como os demais cidadãos que estão sendo sacrificados pela alta dos preços e das tarifas, todos precisam ter consciência da gravidade do momento.

Henrique H. Belinotte - advogado do Escritório Belinotte &Belinotte advogados.