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Produção de sementes cresce no IAC

De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 90% das sementes produzidas de modo informal não têm qualidade suficiente.

Divulgação

  • 06/10/15
  • 08:00
  • Atualizado há 446 semanas

A transferência de semente genética é uma das principais formas de repasse de tecnologia gerada pela ciência agronômica desenvolvida pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por meio do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas. A produção de sementes no IAC vem crescendo ao longo dos anos. Em 2015, o Instituto deve produzir 550 toneladas de sementes genéticas de trigo, arroz, feijão milho, milho pipoca, aveia, triticale, amendoim, sorgo, sorgo vassoura e adubos verdes.

As sementes genéticas asseguram a produtividade e a qualidade do material cultivado. Elas garantem que o material plantado nas lavouras terá as mesmas características da cultivar desenvolvida nos centros de pesquisa.

As sementes IAC são transferidas para empresas multiplicadoras e agricultores. De maneira geral, os destinos são os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. As sementes de feijão também seguem para Goiás, Mato Grosso, Bahia e Santa Catarina.

O secretário de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, destacou que a adoção de sementes IAC por parte dos setores de produção é umas das principais manifestações de confiança na pesquisa paulista. "A transferência dessas sementes de qualidade às cadeias de produção é um dos melhores meios de colaborar com o avanço da agricultura, conforme nos recomenda o governador Geraldo Alckmin", disse.

De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 90% das sementes produzidas de modo informal não têm qualidade suficiente. A semente de qualidade é considerada um dos principais motores do avanço da agricultura nacional. Em 25 anos, a área de plantio de grãos aumentou em 50% e a produção, 234%. Este resultado foi possível graças à modernização e adoção das tecnologias.

Em 2014, a produção de sementes no IAC foi afetada pela seca e ficou em torno de 290 toneladas. O mesmo ocorreu em 2013, quando teve início o período da seca, que atingiu as duas safras (2013/2014). Em 2012, foram produzidas 480 toneladas de sementes.

Trigo representa grande parte da produção de sementes

Este mês, o IAC produziu cerca de 320 toneladas de sementes de trigo. Desse volume, 70% ficam no Estado de São Paulo e 30% vão para o Rio Grande do Sul. O Instituto Agronômico já lançou oito cultivares do grão. A mais recente, a IAC 385 Mojave, possui potencial produtivo em torno de seis mil quilos por hectare, enquanto as outras em uso no Estado de São Paulo produzem cerca de três mil, exceto a IAC 370, que também atinge o dobro do rendimento. De espigas grandes e alto potencial de inflorescência, responsável pela geração de grãos, o material está sendo plantado em São Paulo e no Rio Grande do Sul.

A aplicação de agrotóxicos nas lavouras da IAC 385 Mojave pode ser reduzida em 30%, no mínimo. A economia resulta da moderada resistência à ferrugem da folha, às manchas foliares causadas por helmintoporiose e à brusone - consideradas as principais doenças do cereal. "Geralmente, o produtor faz de duas a três aplicações de agrotóxicos nas lavouras. Com essa moderada resistência, são necessárias apenas duas, em condições propícias de clima e solo", explica o pesquisador do IAC, João Carlos Felício.

A IAC 385 Mojave tem características de trigo melhorador, sendo utilizada para fabricação de pães especiais — como pão de forma e panetone — e para melhorar outras farinhas de qualidade inferior. São cinco os tipos de farinhas existentes: tipo melhorador, tipo pão, trigo doméstico, trigo básico e outros usos - estes para consumo doméstico. "O que determina a qualidade da farinha é a quantidade de glúten e a força de estabilidade da massa. Essa variedade contém 31% de glúten úmido, o que é muito bom e confere estabilidade da massa, no mínimo, de 14 minutos", esclarece o pesquisador.

Essas características correspondem ao tempo em que a farinha resiste nas máquinas para o processo de fabricação do pão, por exemplo. "Se os grãos de trigo não têm essa característica, quando for bater a massa para fazer alguma receita, ela vai ficar elástica, parecendo um chiclete e isso não é bom para o resultado final do produto, pois o miolo do pão apresenta muita umidade", explica Felício.

Miolo branco atrai consumidor

Os moinhos preferem o trigo que rende farinha branca, pois esta é a preferência do consumidor de pão. O Minolta, aparelho que classifica a cor, registra variações de zero (cor preta) a 100 (branca). A variedade IAC 385 Mojave tem classificação 94, o que lhe garante alto potencial para coloração branca. "Entre 92 e 94 na escala, o trigo é branco, menos que isso a farinha já é um pouco avermelhada. Desconheço uma variedade no mercado que esteja acima desse valor atingido pela IAC 385 Mojave", ressalta. O novo trigo IAC tem ciclo médio, de 130 a 140 dias, possibilitando ao agricultor plantar diversas variedades para colher em períodos diferentes.

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