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Não basta apenas ser novo, agora precisamos ser inédito!

Colunista - Professor Thiago Hernandes

Prof. Me. Thiago Hernandes

  • 07/07/20
  • 09:00
  • Atualizado há 194 semanas

Ao longo de sua evolução social e biológica a humanidade ciclicamente vem imprimindo formas de viver, cujas bases são sustentadas nos modelos, nas relações, nos recursos e nas possibilidades vigentes de cada momento.

Entretanto, mesmo com todas as transformações, conhecimentos adquiridos e construções desenvolvidas, a maioria das mudanças ocorreram mais no campo de "coisas novas" do que das "coisas inéditas", sobretudo nos campos das relações homem x homem e homem x meio.

Vamos aqui denominar "novo" tudo o que está sendo iniciado ou reiniciado: uma nova casa, um novo relacionamento, um novo trabalho, por exemplo.

Já por inédito, temos algo que nunca foi feito antes, surgindo pela primeira vez.

Por exemplo: Posso ser um novo profissional, como uma nova formação, entretanto, se mantiver os mesmos hábitos, valores e referências não farei ou criarei condições inéditas. Posso ser profissional inédito no momento que mudo minha forma de ser, de agir, de pensar, de fazer.

Sob essa ótica, lembro Mário Sérgio Cortella na obra "Não Nascemos Prontos", quando diz que vamos nos fazendo ao longo da existência. Para o filósofo, "coisas materiais nascem prontas e vão se desfazendo ao longo dos tempos, o homem não".

Estudando o caminhar da humanidade, há sinais claros de perdas e ganhos. Nem poderia ser diferente, afinal não há receita pronta. Embora o imediatismo, o lucro, a exploração do homem pelo homem e da natureza pelo próprio homem, muito foi feito e benefícios foram gerados. Encurtou-se distâncias, barreiras geográficas foram rompidas, praticidades nos lares, fábricas mais produtivas, negócios lucrativos, prosperidade e qualidade permeando a vida de muita gente. Paralelamente, também vemos a desigualdade social e a destruição ambiental se alastrando, chegando o ano de 2020 com uma pandemia inimaginável. Será sinal de alerta? Muitos dizem que sim. A fragilidade humana foi exposta cruamente, impactando o poder que muitos também julgavam inabalável.

Então, talvez seja este o novo tempo de reflexão, da mudança de hábitos, de comportamento, da necessidade urgente na revisão de produção e consumo, exploração e lucro, conhecimento e aplicabilidade.

Aí entra o exercício do ineditismo. Como desenvolver ações sustentáveis, respeitando a vida e os recursos naturais?

Muito se tem falado do "Novo Normal" pós pandemia. Muitas são as expectativas, os projetos e a esperança.

Acredito que o inédito necessário e esperado perpasse no homem como efetivo agente transformador que viabilize a implantação de metodologias e de tecnologias na sedimentação de uma sociedade mais justa.

Lembrando Pepe Mujica, ex-presidente uruguaio, "...é necessário o desenvolvimento de sobriedade...", equilíbrio na forma de viver, pois dentre as muitas coisas que não voltam, o tempo, em especial o livre, está entre os bens mais escassos da sociedade contemporânea.

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