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Dono de companhia de rodeio fala sobre os 82 dias que ficou internado na UTI com Covid: 'Muito doloroso'

Carlos Madrugada Garieri destacou o cuidado da equipe da Santa Casa de Itápolis (SP) e a importância da rede de apoio construída nas redes sociais para sua recuperação.

G1

  • 28/03/21
  • 13:00
  • Atualizado há 159 semanas

"A maioria das pessoas que passa por isso não fica para contar e é muito doloroso, muito triste." O relato é de Carlos Madrugada Garieri, o dono de uma famosa companhia de rodeios em Itápolis, no interior de São Paulo.

Madrugada ficou 82 dias internado com Covid-19 na UTI da Santa Casa da cidade e, segundo ele, a corrente de oração formada nas redes sociais e o apoio da equipe de saúde foram essenciais para que ele se recuperasse da doença.

"Eu fui muito bem cuidado. Os enfermeiros, médicos, todos ficavam em cima 24 horas, então fui conseguindo me recuperar. Tinha dias que eu achava que eu ia morrer, mas eu não podia ir porque Deus falava que eu tinha minha família e muita coisa ainda para fazer. Foi muito sofrido, muito triste, não quero que ninguém passe por isso", desabafa Madrugada.

divulgação - Carlos Madrugada Garieri é dono de uma famosa companhia de rodeios em Itápolis
Carlos Madrugada Garieri é dono de uma famosa companhia de rodeios em Itápolis

A esposa de Madrugada, Maria Eduarda Garieri, acompanhou de perto a luta do marido contra a Covid-19 e também a entrevista dele por telefone ao G1, já que Carlos ainda tem dificuldades para se comunicar devido às sequelas da doença.

Segundo Maria Eduarda, todos da família contraíram coronavírus, mas apenas o Madrugada, de 65 anos, precisou ser internado. Ele deu entrada no hospital no dia 24 de dezembro, véspera de Natal, foi transferido para UTI no dia 26 e intubado três dias depois.

"Ele foi diagnosticado no dia 15 de dezembro. Começou a sentir sintomas e teve muita dor de cabeça. Fomos umas duas vezes no hospital tomar medicamento na veia, mas aí no dia 24, eu comecei a notar que ele estava dormindo muito, nem abria os olhos, e estava com falta de ar. Aí eu liguei para o médico e ele falou para internar", lembra Maria Eduarda.

Para ela, o marido foi um herói, assim como o filho de 27 anos que ficou responsável pela fazenda na ausência do pai. Na propriedade, a família cria e adestra touros e cavalos, e a companhia de Madrugada organiza rodeios pelo Brasil todo.

"Nem eu mesma sabia que eu tinha essa força toda, porque eu tenho uma família. Tenho quatro irmãos, minha mãe, muitos amigos, mas devido ao momento que estamos passando, a gente não podia se encontrar. Então ficamos só eu e o Madrugadinha segurando a barra", conta a esposa.

Rede de apoio

Maria Eduarda também contou que, por Madrugada ser bastante conhecido no país, ele recebeu muitas mensagens de apoio nas redes sociais, o que ajudou muito o paciente e a família nos momentos difíceis.

"Para mim, ficou realmente provado que o único apego que a gente tem que ter é a força da oração. E a gente teve orações do Brasil inteiro: corrente de oração no Facebook, muitos cowboys, rádios da região. Foi realmente o poder da oração e a competência desses médicos", garante.

Madrugada contou ao G1 que não se lembra de nada do período em que ficou intubado, por volta de 23 dias. Já nos outros dias em que esteve consciente na UTI, ele diz que se recorda dos diversos sonhos ruins que teve e das dores das feridas que desenvolveu por ficar muito tempo deitado.

"Não me lembro nada do tempo de intubação, mas depois na UTI fiquei sozinho, pensando, tive sonhos do que estava acontecendo. Sonhei que tinha sido sequestrado, só tormentas. [...> Mas eu fiquei muito tranquilo, paciente, não fiquei nervoso, não pedi para ir embora", conta Madrugada.

No entanto, uma das lembranças que ainda segue bastante viva na memória do paciente é do apoio que teve dos médicos e enfermeiros durante o período de internação.

"Nesses 82 dias, eles não viveram para eles, viveram para mim. Os enfermeiros brincavam comigo e eu brincava de volta, conversava, tomava os remédios. No fim, eu vivi bem esses 82 dias."

Alta

Carlos Madrugada teve alta no último dia 18. Sem comorbidades, o dono da companhia de rodeios não teve o coração nem os rins prejudicados, segundo a esposa, mas teve 75% do pulmão comprometido.

Mesmo depois de recuperado da Covid-19, Madrugada ainda sofre com o enfraquecimento dos músculos e tem dificuldades para mexer os braços e as pernas. Por isso, ele faz acompanhamento com fisioterapeuta, fono e nutricionista.

De acordo com a família, a expectativa é que o funcionamento desses membros voltem ao normal nos próximos dias.

"Eu e meu filho estamos imensamente satisfeitos por tudo o que eles [funcionários da Santa Casa> fizeram, não só pelo Madrugada, mas a gente observou a competência e amor deles para todos os pacientes que estavam lá", afirma Maria Eduarda.

"O povo tem que se conscientizar e ficar em casa, isso não é brincadeira. É um negócio muito perigoso. Depois que entra [na UTI>, para sair é difícil. Temos que pedir para a pandemia ir embora e libertar nossa gente", completa Madrugada.

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