"Apesar da lealdade ao juramento é preciso pensar nos cuidados com nossos familiares", diz o enfermeiro Edmar Luis de Oliveira

Hoje o Portal AssisCity em parceria com a Santa Casa de Assis apresenta mais um herói da pandemia da instituição, representando seus profissionais da saúde, do Brasil e de todo o mundo, que estão na linha de frente no combate à COVID-19. São eles que arriscam suas vidas, afastam-se de seus familiares, fazem horas e horas de plantões e vibram quando salvam vidas.

Para aqueles que veem o profissional de saúde somente dentro de hospitais dedicando-se e esforçando-se para salvar vidas de pacientes acometidos pela COVID, pode ver agora que atuar na linha de frente dessa pandemia vai muito além de tudo isso: salvar a vida da sua própria família! Quem fala sobre isso é o enfermeiro Edmar Luis de Oliveira de 47 anos, esposo da Patrícia e pai da Beatriz e do Gabriel.

Para ele, sair de dentro do hospital e ir para casa requer alguns cuidados, que mesmo tendo feito um juramento de cuidar dos doentes, precisa cuidar e preservar a saúde de sua família, que o espera ansiosa e ora para que ele não se contamine.

"Esse momento não está sendo fácil, pois, apesar da lealdade ao juramento da nossa profissão, ainda temos que intensificar as nossas precauções, pois o medo e a insegurança nos rodeiam, fazendo com que os cuidados sejam redobrados, pois voltamos para casa e temos uma família nos esperando e é preciso cuidar da saúde dela também", diz Edmar, que luta diariamente com os cuidados dos pacientes e de sua família.

Para o enfermeiro, especializado em Gestão Hospitalar, este é "um momento de reflexão e desafio a todo profissional que atua na linha de frente no combate ao Coronavírus. Superar o medo e valorizar a vida".

Em casa, uma família o espera, mas, mesmo tendo sido vacinado contra a COVID, o abraço e o beijo são adiados para depois da pandemia. E assim o convívio familiar fica limitado às restrições impostas pelo momento atual e é preciso lidar com as emoções em casa, junto dos familiares, porque, no hospital as emoções estão aflorando.

Nos dois lugares, em casa e no hospital, é momento de reflexão e valorização da vida para Edmar.

"Este está sendo um momento de reflexão e desafio a todos que atuam na linha de frente no combate ao Coronavírus. Superar o medo e valorizar a vida. Dentro de casa e dentro do hospital. O maior desafio é manter o equilíbrio e conviver com o desconhecido", reforça o enfermeiro, que diz não "conseguir mensurar o quanto permanece dentro do hospital, pois o objetivo é salvar vidas".

E por falar em salvar vidas, além dos cuidados para salvar a vida de sua família, Edmar garante que isso faz parte da sua profissão, e a cada vitória de um paciente é a vitória de um profissional da saúde.

"A cada paciente recuperado é uma sensação de missão cumprida. Muita emoção nos corredores feitos e vibramos de alegria com a família a cada alta. É muito gratificante ver um paciente de alta indo com seu familiar para sua casa", diz emocionado o enfermeiro que também sofre com tantas vidas ceifadas.

"É muito triste ver tantas vidas sendo dizimadas. Estamos lidando com a dor de um leito sem despedida. É um sofrimento excessivo e vivemos todo este sofrimento com as famílias. Muito triste ver pais perdendo filhos, filhos perdendo seus pais", lamenta Edmar, que fala também da carga emocional vivida pelos profissionais de saúde, que precisam ser fortes, mas também são seres humanos cheios de sentimentos.

"Reconhecer nossa fragilidade não é fácil, sobretudo estamos diante de um desafio que nos coloca como principais protagonistas neste momento, por isso precisamos de muita força e controle das nossas emoções", diz Edmar, que ainda fala do que representa a enfermagem.

"Ser enfermeiro significa cuidar do ser humano. Para tal cuidado é necessário empatia e amor pelo próximo, mas acima de tudo é imprescindível o conhecimento científico para embasar toda ação envolvida no cuidado", fala Edmar que em seguida explica o que é a enfermagem.

"Definir a enfermagem não é uma tarefa fácil. É a ciência do cuidar e se dedicar integralmente a um paciente. Nós enfermeiros podemos dizer que não escolhemos a enfermagem e sim a enfermagem que nos escolhe. A enfermagem é superar os obstáculos que aparecem a cada dia, como essa pandemia, por exemplo", explica.