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Bernardes e Rancharia confirmam casos da variante P.4 da Covid-19

Cepa é derivada da mesma linhagem da P.1, registrada inicialmente em Manaus; infectologista diz que surgimento mantém vírus circulante

Fonte: O Imparcial

  • 16/06/21
  • 08:00
  • Atualizado há 145 semanas

Na tarde de terça-feira, 15 de junho, as prefeituras de Presidente Bernardes e Rancharia confirmaram a presença da variante P.4 em seus municípios. A cepa é derivada da mesma linhagem da P.1, registrada inicialmente em Manaus. O diagnóstico positivo foi realizado pelo IAL (Instituto Adolfo Lutz), que realiza um trabalho de monitoramento e contribui para estratégias de vigilância e a tomada de medidas mais assertivas pelo poder público.

A coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Presidente Bernardes, Tais Fernanda Miler Situlino, detalha que o caso confirmado da variante P.4 no município diz respeito a uma mulher de 27 anos, que teve resultado positivo para Covid-19 no final de maio, contudo, já está recuperada da doença. A amostragem positiva para a variante foi confirmada nesta segunda-feira, após análise feita pelo IAL, acrescenta a profissional.

No munícipio, segundo Tais, as medidas para combater o avanço da pandemia já vinham sendo "endurecidas", inclusive no que diz respeito aos casos em monitoramento, cabendo multa para quem descumprir o termo de isolamento social (seja positivo ou suspeito), conforme o Decreto 3.430/2021.

Em nota, a Prefeitura de Rancharia confirmou que foi detectada a presença da variante P.4 da Covid-19 no município. "A confirmação veio através do Instituto Adolfo Lutz", afirmou. "Ainda não é possível confirmar se ela é mais transmissível ou mais letal que as já encontradas na região", acrescenta a administração.

A reportagem conversou com o médico infectologista André Luiz Pirajá da Silva, que detalhou que a P.4 nada mais é do que uma derivada da P.1, que passou por novas alterações genéticas. "Ainda não se sabe se ela vai substituir a P.1 ou se será mais letal ou não. Mas ela causa uma alteração na proteína spike que facilita a sua entrada na células", explica. "Isso pode acarretar uma maior carga viral que pode ocasionar - de pessoa para pessoa - uma doença mais grave", exemplifica.

Segundo o médico, o mais importante é entender que, com o surgimento da variante P.1 e agora da P.4, é como se a população "estivesse perdendo a guerra". Isso porque as novas variantes mantêm o vírus circulante. Este pode se adaptar e criar resistência contra o ser humano. "O mais importante é que nós façamos um isolamento social, o uso de máscara e a vacinação em massa porque, independentemente das variantes, significa que estamos atrás do vírus", reforça.

Outras variantes

Em março deste ano, a Secretaria Estadual de Saúde confirmou a presença da variante P.1 do novo coronavírus em três cidades do oeste paulista. O balanço divulgado constava um caso em Martinópolis, um caso em Tarabai e três casos em Presidente Prudente. As prefeituras de Dracena e de Presidente Venceslau já haviam divulgado registros de casos da cepa de Manaus em seus municípios.

À época, a pasta informou que a confirmação de novas variantes não deve ser confundida com diagnóstico, nem pode ser considerada de forma isolada. Trata-se de um instrumento de Vigilância que contribui para o monitoramento da pandemia da Covid-19.

Monitoramento da doença

O documento de monitoramento do Instituto Adolfo Lutz, atualizado na data de ontem, informa que a confirmação de variantes de atenção se dá, atualmente, por meio do sequenciamento genético com alta qualidade, aliado ao trabalho de vigilância epidemiológica para investigação dos casos, como aspectos clínicos, históricos de viagens e rastreamento de contatos. A investigação completa para determinar a ocorrência contribui para as estratégias de vigilância e a tomada de medidas mais assertivas pelo poder público.

Para a obtenção de um panorama de ocorrência das linhagens do novo coronavírus nas diferentes regiões de saúde, os Grupos de Vigilância Epidemiológica, em conjunto com os laboratórios regionais do Instituto Adolfo Lutz, vêm selecionando amostras positivas com relevância clínicoepidemiológica e representatividade estatística.

O Biobanco Covid-19 recebe esse material, verifica tais amostras, procede ao correto acondicionamento, realiza sua separação adequada e encaminha ao laboratório estratégico do Instituto Adolfo Lutz, que realiza o processo de sequenciamento do genoma completo do vírus. De posse dos resultados obtidos, o Centro de Vigilância Epidemiológica realiza a investigação, para que os casos de ocorrência das variantes de atenção possam ser confirmados.

A partir do panorama de circulação do SARS-CoV-2 em cada DRS (Departamento Regional de Saúde), o monitoramento das linhagens vem sendo realizado pela seleção das amostras por análises prospectivas para a identificação da ocorrência de casos e acompanhamento da disseminação da doença no espaço e no tempo, identificando municípios que apresentem um risco alto de casos e óbitos em comparação aos municípios vizinhos.

"À medida em que são agregados novos conhecimentos, a comunidade científica tem acesso a mais informações sobre as similaridades ou as diferenças entre as linhagens eventualmente procede à reclassificação filogenética dos grupos, como é o caso do estabelecimento da linhagem P.4, que ainda não é considerada variante de atenção, e passou a incorporar exemplares sequenciados das linhagens B.1.1.28, P.1 e P.2", diz o instituto.

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