Buscar no site

Japoneses e a elite branca brasileira

Sérgio Vieira

  • 17/06/14
  • 09:00
  • Atualizado há 510 semanas

(*) SERGIO VIEIRA

O termo "elite branca" foi cunhado pelo ex-vice-governador de São Paulo, Claudio Lembo. Conservador, Lembo, como poucos, conseguiu detectar o absurdo do desprezo da elite branca brasileira, principalmente a de São Paulo, contra as classes sociais mais pobres do Brasil. É um desprezo que beira o segregacionismo. E isso é muito perigoso.

Um bom texto para que a gente reflita sobre nossa elite rica e mal-educada foi escrito por Sabine Righetti, colunista de Educação da Folha. Neste texto, Sabine faz um retrato da "lavagem cerebral" desta elite branca que torna seus filhos cheios de ódio e de ignorância.

Curiosamente, vindo de pais que "investem" (odeio este termo para definir o que se gasta em educação, porque educar é um sentimento de generosidade inverso, completamente, ao desejo de lucrar) fortunas na "educação" de seus filhos, nos melhores colégios particulares. E que agem como a dona Lalá, filha "da moda" do vice-presidente do Itaú. E que acham que fazendo grosseria, isso muda o jogo - como no comercial - das eleições.

Mães e pais bem aquinhoados, ganhadores ou compradores de ingressos caríssimos, tendo a oportunidade que milhões desejariam ter e a usam para fazer seus filhos, de cinco, seis, sete anos, gritarem "vai tomar no c…" para uma mulher. Ou ensinando-os chamar os croatas de "viadinhos".

Sabine faz o contraponto com os japoneses - que eles dizem que deveriam ser nossos trabalhadores, incultos, indisciplinados e despreparados - que limpara o lixo antes de sair do estádio em Recife, Pernambuco, após o jogo contra a Costa do Marfim.

Quem sabe nós precisemos não de operários japoneses, mas de uma elite japonesa, que olhasse para seu povo e visse, nos olhos puxadinhos que eram seus iguais.

Mas não seria boa ideia fazê-los catar o lixo de seus camarotes na Arena Corinthians como fizeram os japoneses em Pernambuco, mostrando o que é um povo educado. Talvez, na Arena Corinthians, muitos fossem parar dentro do saco plástico.

(*) Sergio Vieira é conselheiro tutelar

Receba nossas notícias em primeira mão!

Veja também