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Aécio, o candidato da mídia, dos ricos e do mercado financeiro

  • 07/10/14
  • 13:00
  • Atualizado há 497 semanas

Impressiona a sinceridade com que Aécio Neves tem sinalizado sobre um eventual governo tucano. Em uma reunião com grandes empresários de São Paulo, ele afirmou: "Eu conversava com o Armínio e ele me perguntou: Mas é para [num eventual governo> fazer tudo o que precisa ser feito? No primeiro ano?'. E eu disse: Se der, no primeiro dia'". "Eu estou preparado para tomar as decisões necessárias", diz. "Por mais que elas sejam impopulares." Num outro momento, repete: "Se o preço [das medidas> for ficar quatro anos com [índices de> impopularidade, pagarei esse preço. Que venha outro [presidente> depois de mim". A mídia, que está apoiando maciçamente o tucano, e seus apoiadores estão detalhando as medidas: arrocho salarial, diminuição do crescimento da renda, aumento do desemprego, fim do regime de partilha do pré-sal, tarifaço de energia elétrica e de gasolina, aumento dos juros, etc, etc". E fim de programas sociais, como Bolsa Família, ProUni e FIES.

Isto é música nos ouvidos dos grandes empresários, especialmente do capital financeiro. Impressiona também a desenvoltura dos endinheirados no apoio a Aécio Neves. Relata o Valor Econômico: "O mercado financeiro não poderia deixar mais evidente sua preferência pela vitória da oposição na eleição para a Presidência da República em outubro. O apoio ao candidato tucano Aécio Neves se traduz em mais força para o real e ações valorizadas na BM&FBovespa. As estatais Petrobrás e Eletrobrás estão entre as mais beneficiadas, graças à percepção de que a oposição voltando ao comando do país acabaria com qualquer resquício da política intervencionista que vem caracterizando o governo Dilma Rousseff".

Outro indicativo do fechamento dos ricos com Aécio Neves é uma pesquisa realizada pelo Valor Econômico na entrega do Prêmio Executivo de Valor. O jornal apurou entre os executivos 70% de apoio ao tucano: "Votação realizada pelo Valor Econômico na festa de entrega do prêmio Executivo de Valor, mostrou o franco favoritismo de Aécio Neves na elite empresarial. CEOs premiados e gestores influentes de grandes empresas brasileiras concederam ao tucano 70% dos votos.

O Brasil entre dois caminhos. Esta é uma polarização muito favorável ao discurso de Dilma, que chama a esmagadora maioria de trabalhadores que o Brasil possui e defende que o social tem de estar em primeiro lugar, ao contrário do neoliberalismo de Fernando Henrique Cardoso, em que os direitos dos trabalhadores eram flexibilizados, terceirizados, o salário mínimo era corroído a cada ano, e a desigualdade na estrutura de renda no Brasil crescia sempre. A disputa entre PT e PSDB já dura vinte anos.

Desde 1994 os partidos apresentam projetos divergentes para promover o crescimento do país em um contexto pós-ditadura: Fernando Henrique Cardoso (PSDB) governou por dois mandatos (1994 - 2002) com uma agenda considerada liberal, ao passo que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotou a estratégia desenvolvimentista e voltada aos projetos sociais, continuada por Dilma, para estruturar sua administração (2003 - 2010).

Com a polarização vai haver um chamado aos cidadãos entre dois caminhos que ficam mais claros. Há a ideia de que o Brasil tem que seguir nessa linha de promover crescimento, mais emprego, recuperação do salário mínimo e gastos sociais em programas como o Bolsa Família, que é o projeto de Dilma. E há também o modelo defendido pelo bloco liderado por Aécio. Nele, o estado não pode gastar tanto na questão social e é preciso estimular a produção dos grupos empresariais, controlar os gastos excessivos, impedir que o salário mínimo cresça criando problemas para empresas e prefeitos com defesa de que se houver um relativo aumento do desemprego, esse será o remédio amargo que o sistema capitalista requer para que a economia funcione melhor.

Diante disso, a população pobre e os pequenos empresários necessitam prestar atenção neste aspecto. Ele vai privilegiar o mercado financeiro que movimenta bilhões diariamente na jogatina da Bolsa de Valores. Isso não vai beneficiar aquele que tem uma pequena quitanda ou aquele que tem uma pequena loja de sapatos ou roupas. Ao contrário, estas pessoas, com esta política de Aécio e do PSDB, podem perder tudo aquilo que construíram ao longo de toda uma vida.

(*) Hélio Paiva Mattos é presidente do Sindicato dos Bancários de Assis

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