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Carta aos que pedem um governo pela ditadura militar

  • 06/04/15
  • 15:00
  • Atualizado há 468 semanas

Instigados leitores.

Semana passada, precisamente no dia 31 de março, foi o dia de lembrarmos o aniversário do mais recente golpe militar que nossa nação sofreu. A ditadura militar permaneceu por tenebrosos 21 anos no governo federal. Um período em que procedimentos violentos como a censura; a tortura; prisões ilegais; assassinatos; exilados e desaparecidos políticos; foram habituais contra as pessoas e organizações sociais que se posicionavam contra essa administração estatal. No entanto, diante da movimentação política dos últimos anos, percebo a defesa por parte de alas da direita pelo retorno dos militares ao executivo. Essa postura é digna de uma análise mais detalhada.

Acredito que quem apóia a ditadura militar, usando um ardiloso e falso eufemismo nominando-a de intervenção militar constitucional, apenas pode apresentar uma das duas características que justifique essa posição: ou é por ignorância ou é por oportunismo. Nessas horas que concordo com a famosa afirmação de Rousseau: "O homem nasce bom, a sociedade é que o corrompe".

Muitas vezes parece que não, meus amigos, mas a grande maioria das pessoas são queridas e

pacíficas. Mesmo assim, dentre elas, venho percebendo que algumas defendem a instauração desse governo tão truculento. O argumento geralmente se situa em combater a corrupção do aparelho estatal e que os militares são paladinos da moral e dos bons costumes. A contradição é muito grande, pois permaneceram no poder ao custo de muita violência e que atacaram direitos trabalhistas, como a greve e as mobilizações sociais. A atuação da grande imprensa nessas opiniões constitui também um caráter decisivo.

A falta de um sistema público de ensino com qualidade explica essa ignorância que, de uma maneira muito recorrente, é predominante entre pessoas que possuem ensino superior. Isso prova que educação e informação não caminham necessariamente juntas.

Agora, atentos amigos, observo que há muitas opiniões feitas de forma dissimulada em defesa dessa política de violência legitimada. São palavras de cidadãos que tiveram todas as condições educativas para conhecer a realidade concreta do regime militar. Normalmente, elas são realizadas por membros das classes econômicas mais favorecidas, a famigerada direita conservadora. Um estudo mínimo da história do Brasil identifica essas rejeições burguesas, desejosas de golpes militares, após governos nacionalistas que fizeram algo pela população. Foi assim em 1964 e parece que está se repetindo agora em 2015. Trata-se de um egoísmo econômico que quer definir a eterna riqueza, aos nobres, e a necessidade, aos pobres.

Retomar o que foi a política dos militares, disfarçada em uma perseguição ao comunismo (bandeira popular por excelência) é fundamental. As conseqüências nefastas da ditadura militar são enormes: aumentaram a corrupção e a repressão contra quem se opunha ao regime; institucionalizaram a tortura; sofriam de ineficiência administrativa, pois nunca terminaram a Transamazônica e iniciaram um falido projeto nuclear com sucata radioativa europeia (usinas nucleares de Angra dos Reis); subiram absurdamente a desigualdade social; estimularam o crescimento irresponsável e desordenado das metrópoles; criminalizaram sistematicamente os movimentos sociais; diminuíram os salários e aumentaram a dependência do capital estrangeiro.

Caros amigos, a exortação à memória nesses momentos, é essencial... Lembrar para não se repetir!

Saudações amigas.

Por Ulisses Coelho

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