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O emprego desaba enquanto a violência cresce

José Reynaldo Bastos da Silva

  • 28/11/16
  • 16:00
  • Atualizado há 385 semanas

Está ainda mais difícil encontrar emprego. O número de pessoas sem trabalho no país chegou a 22,9 milhões no terceiro trimestre, com nova alta em relação ao trimestre anterior, segundo divulgou o IBGE na manhã de 22 de novembro de 2016, última terça feira. Atinge assim o maior índice da história do país: nunca tantos brasileiros estiveram sem conseguir trabalhar.

A chamada "taxa composta de subutilização da força de trabalho" chegou a 21,2% no terceiro trimestre. É a segunda vez que o órgão divulga as estatísticas neste formato, que agrega ao total de desocupados os que trabalham menos de 40 horas por semana e os que desistiram de procurar emprego, o conhecido desalento. Desde o início da recessão, em 2014, o grupo dos brasileiros para quem falta trabalho cresceu quase 50%: passou de 15,4 milhões de pessoas para os atuais 22,9 milhões. Decompondo este exército, são atualmente 12 milhões de desempregados, 4,8 milhões de subocupados e 6,2 milhões de desalentados.

A Região Sudeste, a qual inclui o Estado de São Paulo, e onde se concentra 42,5% da população brasileira, sendo responsável por 58,7% do PIB nacional, sendo a mais rica do Brasil, é a que mais sofre com o desemprego e, consequentemente, com a violência. Aqui foi onde mais subiu a taxa de desemprego. Em São Paulo foi de 12%.

Em relação à idade, a faixa de maior desemprego está justamente no grupo dos iniciantes no mercado de trabalho, ou seja, de 18 a 24 anos, atingindo praticamente 1/3 da massa de desempregados. Seriam iniciantes, porém amargam esta triste realidade, cuja frustração certamente recai no aumento da criminalidade, facilitada principalmente pelo tráfico e uso de drogas e estimulados pela desesperança de uma vida digna e socialmente justa no seio da família a que pertencem.

A mais recente rodada da pesquisa do IBGE sobre mercado de trabalho revela também que são particularmente mais difíceis as chances de jovens, mulheres e de pessoas com ensino médio incompleto conseguirem emprego; justamente o grupo que reúne a concentração massiva da força potencial de trabalho e renda.

É claro que isto agrava ainda mais o déficit previdenciário à medida que menos contribuintes comparecem na receita e mais aposentados e pensionistas ingressam na despesa: outra ponta de consequência nefasta do desemprego.

Portanto, são os trabalhadores e assalariados os principais prejudicados pela recessão, que caminha para completar três anos no início de 2017.

Entre os analistas, é quase unânime a avaliação de que a situação, infelizmente, ainda irá piorar antes de começar a melhorar.

O problema do desemprego só começará a ser varrido do mapa quando o país conseguir retomar a trilha do crescimento. Ainda tem muito chão até lá, o que torna a agenda de reformas econômicas muito mais imperativa.

Além desta, se faz também muito necessária a reforma trabalhista, pois do jeito que está faz recair sobre a própria cabeça do trabalhador sua consequência: o empregador está cada vez mais desempregando devido ao pesado nível de encargos sociais que é obrigado a recolher e à tradicional unilateralidade nas decisões judiciais a favor do empregado no julgamento das causas trabalhistas.

O devido e necessário equilíbrio nas relações entre o capital e o trabalho é o foco decisivo para desatar o nó do crescimento da empregabilidade no Brasil tanto quanto o crescimento econômico, aí sim com seu aliado social da geração de emprego e distribuição de renda.

O Brasil tem jeito. Só depende do governo e da pressão popular constante sobre este para que legitimamente governe para o povo e priorize a educação deste povo para o trabalho, sob a égide da democracia e do bom uso do dinheiro público.

O desenvolvimento social é aliado inseparável do desenvolvimento econômico para vencer o grande desafio de nosso tempo.

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