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Assisense transplantada conta como se salvou com doação de órgãos

Heloísa Martins celebra seu transplante de rim no Dia Nacional da Doação de Órgãos

Redação AssisCity/ Fotos: Divulgação

  • 27/09/18
  • 10:00
  • Atualizado há 287 semanas

Nesta quinta-feira, 27, é comemorado o Dia Nacional da Doação de Órgãos. A data foi criada com o intuito de lembrar a população sobre a importância desta ação, que pode salvar milhares de pessoas.

Heloísa Martins mora em Assis e, depois de uma longa batalha, ela comemora 11 anos do transplante de rim que salvou a sua vida.

"Tudo começou com um grande mal estar, especialmente durante a noite. Eu não sentia dor, mas vomitava diariamente, todas as noites. Fui diversas vezes ao Pronto Atendimento, mas os médicos diziam que era uma virose, davam injeção e me mandavam para casa de volta. Minha irmã ficou preocupada com os sintomas, que não passavam, e marcou uma consulta particular para ver se era algo relacionado à tireoide. Passei também por um gastroenterologista, mas nenhum médico conseguia associar os sintomas. Quando fez 15 dias dessa situação, fui ao Pronto Atendimento de novo e o médico finalmente pediu os exames que indicaram o meu problema no rim", afirma.

O quadro de Heloísa era tão grave que, após os resultados dos exames, ela foi encaminhada diretamente para o Centro de Terapia Intensiva (CTI), já em estado crítico.

"Depois de duas horas, os resultados dos exames vieram e todos os médicos do Hospital Regional vieram para me atender. Em pouco tempo, eu passei de um quadro estável para um estado crítico e fui internada no CTI, pois eu havia perdido o rim. Fiquei desesperada, mas iniciei o tratamento com hemodiálise, o que fiz por três anos. Posso dizer que é uma rotina muito dolorosa, desgastante e que suga as nossas energias, mas era a solução que havíamos encontrado. Porém, meu corpo começou a rejeitar a máquina e, na última sessão que fiz, o médico disse que precisava fazer um transplante, porque eu não aguentaria mais uma. A partir disso começou a corrida para encontrarmos um doador", conta.

A paciente buscou possíveis doadores junto à família, mas não havia ninguém que fosse compatível e tivesse condições para a cirurgia.

"Minha irmã e minha mãe eram compatíveis, mas elas tinham problemas de saúde que não permitiam fazer a cirurgia. Minha outra irmã não tinha o sangue compatível e meus sobrinhos, na época, também não podiam doar por conta da idade. Diante disso, eu entrei na fila de transplante e fiquei aguardando pelo telefone tocar. Fiz esta última sessão em uma sexta-feira e passei o dia todo muito angustiada, mas no sábado eu senti que alguma coisa iria acontecer", relembra.

Pois a intuição de Heloísa estava certa, já que no início da madrugada o telefonema tão aguardado chegou.

"Por volta da meia noite, o telefone tocou e o médico que me acompanhava disse que o meu rim tinha aparecido. Chorei muito de emoção e fui me preparar. Tomei banho, arrumei minhas coisas e fui até o hospital para receber as instruções antes de ir para Marília fazer a cirurgia. Fiquei internada e no comecinho da manhã vi o moço chegando com aquela caixa vermelha, onde estava o rim doado. Foram nove horas na mesa de cirurgia e graças a Deus tudo correu bem. Uma semana depois, eu já estava para ter alta e tive um outro probleminha, por isso precisei operar novamente. Mas desde então, sinto que esse órgão é meu", salienta.

A paciente conta que não sabe o nome de sua doadora, mas que o rim veio de São José do Rio Preto.

"Não cheguei a conhecer a família da doadora, porque não me informaram os dados dela, mas sei que era de uma mulher de 50 anos e que morava em São José do Rio Preto. Tenho muita gratidão por essa família e pela doadora que, infelizmente, faleceu. Na minha cabeça é difícil explicar, mas parece que já sabia que ia passar por tudo isso. Tinha a sensação que ia morrer cedo e quando fiz 30 anos, perdi o rim. Porém, quando fiz 33 ganhei uma nova vida e agradeço todos os dias por essa oportunidade", diz emocionada.

Heloísa ainda faz acompanhamento para saber se está tudo certo com o rim transplantado, mas diz que são poucas as limitações.

"Atualmente, eu faço acompanhamento em Marília a cada três meses, mas todas as taxas estão normalizadas. Tomarei alguns medicamentos pelo resto da vida e não posso pegar muito peso, tomar sol e algumas outras indicações, para evitar qualquer problema. Mas o rim, desde quando transplantou, está perfeito", acrescenta.

Ela deixa uma mensagem para todos sobre a importância da doação de órgãos.

"Nem sempre é fácil, porque muitas vezes a doação de órgãos é acompanhada por uma tristeza dos familiares que perderam um ente querido. Mas é uma atitude emocionante, porque o doador pode salvar a vida de muitas pessoas, seja com o rim, córneas, coração, pulmão. Muitas pessoas serão salvas por uma única pessoa e se eu não tivesse recebido a doação, tenho certeza absoluta que não estaria aqui. Durante os três anos que fiz hemodiálise, vi muita gente perder a vida porque não é fácil, mas a doação nos dá esperanças para seguir em frente e continuar a batalha da vida", conclui.

Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, em 2018, até o mês de setembro, foram realizados 2.234 transplantes de órgãos, sendo 1.528 de rim, 491 de fígado, 75 de coração e 73 de pulmão. Se comparado há 10 anos, é possível ver um aumento substancial no número de transplantes, visto que em 2008, foram realizados 1270 transplantes de órgãos, o que representa um aumento de 76%.

Quero ser doador de órgãos. O quê fazer?

De acordo com o Ministério da Saúde, para ser um doador, basta conversar com sua família sobre o seu desejo de ser doador e deixar claro que eles, seus familiares, devem autorizar a doação de órgãos. No Brasil, a doação de órgãos só será feita após a autorização familiar.

Há dois tipos de doador:

O primeiro é o doador vivo. Pode ser qualquer pessoa que concordo com a doação, desde que não prejudique a sua própria saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não parentes, só com autorização judicial.

O segundo tipo é o doador falecido. São paciente com morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral). Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes.

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