Semana Santa, domingo de Páscoa e a epidemia do ódio
COLUNISTA - Arildo Almeida
Que mês foi esse de março. Aliás, que ano. Quem pensaria que 2020 seria tão agitado assim? Pensamos que teria seu movimento por conta dos jogos olímpicos e das eleições municipais. Mas foi bem diferente. Janeiro começou com uma cerveja contaminada. Fevereiro antecipou as águas e lavou o país; lavou tanto que provocou inúmeros alagamentos, mortes, perdas materiais e tristeza para muita gente. Março chegou e junto trouxe esse vírus, que é tão preocupante quanto polêmico. Agora, entramos em abril, ainda em quarentena e convivendo com o coronavírus. Ninguém pode reclamar de monotonia.
Já estamos na Semana Santa, que antecede o domingo de Páscoa. Um dia que, tradicionalmente, famílias e amigos se reúnem para confraternizar, independente de religião. Não existe coisa melhor do que estar com as pessoas que amamos, almoçar juntos, colocar os assuntos em dia, contar histórias antigas e lembrar com carinho dos que já se foram. Mas, esse ano, teremos um feriado de Páscoa diferente. As mesas cheias de gente estarão mais vazias; vovós e vovôs não irão abraçar os netos. Tudo porque estamos vivendo um momento atípico, um isolamento social por conta da pandemia do coronavírus.
Semana passada, falamos de como o momento gera discussão nas redes sociais, mas também promove conversas e atos solidários com o próximo; indivíduos cuidando de si para cuidar dos outros e entendendo que a sua ação impacta diretamente na vida de outras pessoas que estão por perto, nem que seja por um tempo muito pequeno. Porém, temos o outro lado da corda e vemos os que usam a rede social apenas para propagar notícias falsas ou espalhar o ódio. Estamos vivendo a epidemia do vírus e a epidemia do ódio.
Esse lado perverso de algumas pessoas se mostra no "anonimato" que a rede proporciona, e mensagens de intolerância e ódio, quando discordam de algum tema, se proliferam. No meio da crise do coronavírus, vemos pessoas que publicam mensagens como: "quem mandou casar com velho", "e daí se morrer velho, já viveu bastante", "tomara que morra, porque não para em casa" e muitas outras que não merecem ser mencionadas aqui. Claro que todos têm o direito à liberdade de expressão. Mas todos também têm direito de viver. Não é porque a pessoa ficou doente ou discorda do seu pensamento, que ela deve ser atacada. E vamos combinar, ninguém quer ficar doente, internado num hospital, morrer ou, ainda, perder alguém que ama.
Vamos aproveitar o período de isolamento social e a semana da Páscoa para refletir sobre nossas ações e pensamentos. Somos parte de algo maior e estamos todos conectados - pela internet ou pela vida. Não quero me antecipar, mas já vou escolher duas palavras para definir 2020: vulnerabilidade e resiliência, porque será um ano de muitas incertezas, instabilidade e fragilidade, mas também será de muita força, resistência e amor
Bom dia, Assis!!! E feliz Páscoa!!