A colaboração da cirurgia plástica na população LGBTQIA+
COLUNISTA - Ricardo Estefani
Estima-se que no Brasil cerca de 10% da população enquadra-se na classificação LGBTQIA+ segundo fontes não oficiais já que não houve um senso populacional sobre o assunto desde então. Neste sentido, é importante entender qual a importância da cirurgia plástica para estes pacientes, muitas vezes negligenciados pelo próprio sistema de saúde.
No que pese os procedimentos realizados e já conhecidos pelo cirurgião plástico tais como cirurgias de contorno facial, procedimentos cosméticos, lipoaspirações e lipoesculturas, existem procedimentos específicos para esta população. Podemos incluir próteses mamárias em mulheres trans, por vias e locais específicos que deixem um resultado mais natural possível para este gênero como as inclusões retromusculares totais, com alça muscular e utilizando-se de diversos formatos e projeções compatíveis com o corpo destas pessoas. O contrário também ocorre, como nos casos de homens trans que anseiam pela mastectomia masculinizadora, a qual difere totalmente de um procedimento oncológico ou estético geralmente realizado em mulheres cis. Existem técnicas específicas, tais como as periareolares estendidas, transversas e inframamárias que posicionam melhor a cicatriz para o formato de tórax biologicamente em transformação.
Os procedimentos nestes pacientes geralmente são escalonados. Passam desde pequenas cirurgias de contorno corporal que vão desde lipoaspirações a cirurgias de cartilagem (como o pomo de Adão), passando por procedimentos mais agressivos como as inclusões de próteses e mastectomias masculinizadoras, culminando a mudança do sexo através da cirurgia do transgênero. Esta ultima, engloba desde retalhos musculares com o uso de próteses penianas para a criação do pênis, conhecido como "falo" em medicina, ou a criação da neovagina e a reestruturação do pênis para o formato biologicamente feminino.
Ao leitor, vale lembrar que existe todo um processo para o tratamento destes pacientes, seja no sistema único de saúde, convênios ou particular. Não mudamos ou fazemos cirurgias agressivas e definitivas sem o acompanhamento psicológico, endocrinológico, psiquiátrico e nutricional, alem de outros profissionais que se mostrem necessários. Termos de consentimento específicos são necessários para mudanças definitivas e corroboram o caráter definitivo destes procedimentos.
A cirurgia plástica como especialidade da forma, tem o dever de atender e entender todos os anseios desta população. É nosso dever a missão de melhorar a auto-estima destes pacientes, bem como transformar corpos biologicamente inaceitáveis para esta população. Entendemos que todo ser humano é único e a sexualidade é apenas uma de muitas características que formam o SER humano, e que no final das contas o que importa é que este paciente sinta-se feliz e realizado. É aí que está a maior missão da cirurgia plástica e da medicina brasileira.
Serviço:
Dr. Ricardo Estefani
Consultório: Instituto Demian, Rua: Dra. Ana Barbosa, 1086
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