A quem nos espelhar?

Andamos perplexos. Buscando por explicações, respostas, soluções. O cenário às vezes é desolador. Vivenciamos a barbárie.

Relendo a obra do mitólogo Joseph Campbell, " O poder do mito", percebo o quanto estamos carentes de boas referências.

Para Campbell, o mito pode ser visto como elemento que liga, que inspira, modelo na estruturação de uma sociedade. Quando ele não está presente, o grupo empobrece e padece.

Creio que nosso padecimento decorre dessa falta.

Olhando a nossa volta o que vemos de valor, de íntegro, de verdadeiro para se espelhar? Parece que a humanidade avança e recua a passos questionáveis.

Continuamos a vivenciar práticas racistas, crimes hediondos, banalização da vida, negociatas, injustiças, atos truculentos. Falta sensibilidade, empatia, respeito.

Tudo incompreensível ao sentimento humano.

A doença da indiferença corrói, a incerteza e o descrédito ganham espaço. A quem pedir socorro?

Aqueles que têm o papel de manter a ordem, garantir a harmonia social dão sinais de fraqueza, de inoperância. Há uma acomodação.

Com isso a sociedade vai sendo afetada nas diferentes formas de coexistir. Desrespeito, impunidade e abusos vão contribuindo para que as pessoas se recolham, recuem, aceitando as coisas como seguem, como estão.

Falta, falta uma voz, uma ação, um grito que faça a diferença, que nos desperte desse estado quase "vegetativo", de procrastinação ao aceitar e até se conformar que " a vida é assim".

Queria de verdade boas referências, bons exemplos e boa vontade principalmente por parte daqueles que nos representam, que têm o poder de mudar, contribuindo para um mundo melhor.