"Amanhã, será um lindo dia...."
COLUNISTA - Professor Thiago Hernandes
O ano de 2022 chegou e com ele expectativas e desejos de muitas realizações.
Que eu me lembre, todo final de ano é o momento do balanço daquele que termina e a aposta naquele que virá.
Promessas são firmadas. Emagrecer, voltar estudar, mudar de emprego, e por aí vai.
Olhamos para o futuro depositando nele a esperança de um tempo melhor. Às vezes sentimos que algo ficou para trás e que o mundo está devendo para nós.
Como humanos incompletos e eternos aprendizes, atribuímos ao outro nossos fracassos.
Sempre surpreendidos pelas inovações e descobertas, imprimindo novo ritmo em nossas vidas, vamos caminhando.
É a evolução da humanidade. Desde sempre, tudo se renova.
Como as mudanças trazem inquietação, é nos momentos de insegurança do que o novo oferece e provoca, que recorro as doces lembranças de um passado não tão distante.
Longe de abominar os incrementos tecnológicos em nosso cotidiano e muito de bom que nos traz, nesta época do ano uma dose de saudosismo vem me visitar.
Gosto de lembrar de um tempo que parecia passar mais devagar, lento o contar das horas.
Numa época de tecnologias engatinhando, o carteiro, depois da TV e rádio, é o que nos conectava com o mundo.
Lembro da espera pelo carteiro. Que ansiedade. Quando chegava o coração disparava, afinal, novidades vinham pelas cartas.
Os cartões postais eram o máximo. Quem viajava, mandava lembranças dizendo: "Estive em Poços de Caldas e me lembrei de você". Um luxo.
Q quando chegava tempos natalinos, os
cartões de natal era o "must" daquele momento. Delícia enviá-los. Do cartão musical sofisticado ao mais simples, tudo era envolto a encantamento. O dinheiro era curto, mas todos recebiam.
Daí tinha a surpresa do sapato e vestido novo. Da troca da TV ou geladeira. Da reforma na casa. Tudo ocorria em dezembro, por isso era o mês mais esperado. Era o tempo das surpresas.
O que sinto hoje? Falta de ternura. De encantamento.
Os novos tempos valorizam a agilidade, a praticidade, o estético. Tudo muito efêmero. O Papai Noel perdeu muito espaço.
Nessa hora me entristeço. Vejo pessoas "vazias" em sua essência, sem projetos, levados pela onda midiática que explora o perfeito, o belo, a imagem.
Falta o calor na pele, o brilho nos olhos, o gosto da surpresa. Vejo pessoas irritadas, descontentes com tudo. Tem o melhor celular, o carro do ano, viaja sempre. Mas está vazia. Provavelmente, não cultivaram o reconhecimento de gestos e ações que nos fortalecem para toda uma vida.
Daí, me sinto forte, poderosa, realizada. Na casa dos 60 anos, me vejo plena, feliz. Construí bases. Ocorreram perdas. Danos. Mas o saldo é positivo.
Rodeada de pessoas queridas, lembro de Gonzaguinha cantando "E a vida, e a vida o que é meu irmão...." e sigo feliz, esperando por novos tempos.
Por: Elizabeth Hernandes Oliveira - Historiadora e Consultora Organizacional
Thiago Hernandes de S. Lima - Geógrafo e Educatuber