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Cemitério é o lugar onde a mentira não deu certo

  • 03/08/12
  • 10:00
  • Atualizado há 607 semanas

* Gustavo Pilizari - Jornalista Mestre

Jamais volte-se para dentro de si e faça a mais temida pergunta da humanidade: quem sou eu? Tal pergunta poderá ser respondida, e a resposta poderá levá-lo a um estado de perturbação e incondicional desolação!

Quem sou eu?

No fundo, somos um grande NADA!

Apenas um ser que deu certo dentro de algumas condições muito singulares... não somos nada especiais!

Nesta humanidade em que VOCÊ e EU vivemos; na sociedade a qual integramos, resume-se um amontoado Histórico de representações sociais já marteladas nas cabeças dos humanos para que seguissem frente a um futuro... que futuro é este, eu não sei!

Ora, ora, caros leitores... Estamos inseridos num negócio muito complicado estabelecido pela palavra "Cultura"... O que é "Cultura"? Em frágeis e rápidas palavrinhas é todo conjunto de mitos e formas de arte cultivados pelo ser humano... E porque inventamos a Cultura? A Cultura é uma redoma de segurança ao ser humano para que o mesmo não atente contra ele próprio - é uma forma de esquecermos uma coisinha desagradável que existe por ai: a MORTE!

É, caros leitores, a morte - esta coisa não conhecida - foi fundamental para todo o aparato simbólico desenvolvido até os dias de hoje; sem a Morte, não há Cultura; a Cultura - estes arabescos coloridos de mitos e invólucros sociais - serve para tapar nossos olhos ao esquecimento de que, um dia, restaremos no NADA! E, mesmo sem a gente, outros deverão continuar este mundo, e para que tudo prossiga, a Cultura deverá ser persistida nas consciências sociais para que o futuro sempre seja criado... Alguém já bem disse: "futuro é algo criado para nos manter aqui", é a maior das verdades!

A Cultura nada mais é que uma Mentira contada para nossos antepassados e que ainda será ouvida pelos netos dos netos... é a cristalização de crenças necessárias ao esquecimentos de que somos mortais, de que o ser humano tem fobia, tem MEDO!

O medo guia nossos dias, nossos passos, nossa humanidade...

Somos um animal amedrontado, fraco, alicerçado em crenças e rituais necessários para dar condição de aguentarmos a amargura diária e o peso de nossos ossos e sonhos... Crer em algo é acreditar que os dias seriam melhores sendo preenchidos com fantasias, e a fantasia faz parte do jogo lúdico de todos nós... Em outros termos, somos sempre crianças, sempre jogamos com a vida, feito um tabuleiro. A vida é uma brincadeira, sorte nossa acreditarmos nessa brincadeira, pelo contrário, estaríamos extintos...

Arte, Teatro, Música são invólucros mentirosos a nos preencherem com ilusões de um humano e uma vida portadora de significado, quando, na verdade, não há... A vida é uma grande gaiola balançando, aberta para um nada, mas segura enquanto estivermos dentro...

Não estou sendo apocalíptico, apenas realista, numa base elementar antes mesmo de toda criação das sociedades... Devemos sempre voltar no passado e vermos o que éramos para sabermos o que somos... Se antes tínhamos medo do escuro, das tormentas e grandes animais, atualmente, nos amedronta sermos vítimas de vírus de computadores (uma coisa sem materialidade)... nunca sofremos tanto com aquilo que não existe!

Numa forma primeva, somos medrosos; num outro, fomos inteligentes para distorcer o mundo, a ponto de criarmos uma peça de teatro chamada "Cultura", e, aqui estamos todos nós...

Quiçá, o maior dos desejos do homem seja poder viver de momentos de negação da "Cultura"; ele gostaria de não ter NADA na cabeça, ser uma porta, sem sentido e sentimentos, apenas existir sem o comprometimento de todas as convenções sociais estabelecidas... no entanto, este deserto de pensamento é ilusão, não podemos deixar de ser aquilo que fomos programados para ser...

"Eu queria poder fugir de mim, mas"...

Obvio que gostamos de encenar os papeis e viver neste palco - fomos cativados a gostar do roteiro - tanto que jamais queremos ver seu final...

O término da grande peça universal encontra-se nos cemitérios; lá, neste lugar indesejado, lugar que não se fala nem se comenta; lá, a mentira não deu certo... A "Cultura" não existe e não deu certo nos cemitérios; ali é o local onde toda mentira não aconteceu e não resistiu... Ali o mal estar permanece, e, mais uma vez: o cemitério é o lugar onde a mentira não deu certo... é a própria realidade!

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