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Nem Sempre o "Pau que Bate em Chico Bate em Francisco"

Colunista Thiago Hernandes

Divulgação

  • 01/03/22
  • 10:00
  • Atualizado há 111 semanas

Não obstante a tudo que vem ocorrendo no atual cenário geopolítico internacional, momento marcado pelo agravamento das tensões bélicas em diversas partes do mundo, nos deparamos com situações que remetem no mínimo a alguns questionamentos.

Refiro-me aqui as decisões dos colegiados internacionais financeiros e esportivos ao impor sanções à Rússia.

No âmbito financeiro, uma das mais intensas penalidades é a suspensão da Rússia no sistema internacional de pagamento, conhecido como SWIFT. Esta ação certamente trará inúmeras consequências ao país euroasiatico em questão, bem como aos compradores de seus estratégicos produtos vendidos ao mundo todo como petróleo, gás, fertilizantes, incluindo o Brasil.

No viés esportivo, a última medida divulgada de sanção foi a proibição da seleção russa de futebol em seguir seus jogos nas eliminatórias europeias, fato este que deixa o país desde já fora do mundial.

Para estas e outras suspensões, o argumento é que a Rússia vem violando direitos humanos estabelecidos em convenções internacionais. Contudo, algo parece-me no mínimo contraditório ao analisarmos a história recente.

Vou reter-me ao tempo recente para balizar no mesmo recorte valorativo de cada contexto temporal.

Em 2018, a mesma Rússia que hoje foi suspensa dos contextos supra citados, foi sede da Copa do Mundo de Futebol organizada pela FIFA, sendo que em 2014 invadiu e anexou a Península da Crimeia ao seu território.

No último mundial de clubes, realizado em Abu Dabi, bem como o próximo mundial de seleções a ser realizado no Catar, ambos tem algo em comum em seus palcos: são regimes ditatoriais que violam direitos humanos. Mas parece que ninguém quer ver ou saber. Faz sentido. Desses dois países, muitos não se sentem ameaçados em sua economia e prosperidade.

Passeando mais pelo tempo, as Olimpíadas de Inverno, este ano realizadas na China, que também, viola em diversas frentes princípios de liberdades humanas fundamentais, novamente a cegueira está presente.

Não quero dizer que as sanções impostas à Rússia não sejam justas.

Novamente o "senhor das trevas", Putim, vai deixando rastro de dor por onde passa.

Se não bastasse o uso de armas bélicas poderosas, o mundo se vê ameaçado de seu ato insano com bombas nucleares.

Estamos reféns de um psicopata notório.

Se a régua usada para a imposição de sanções pela violação de direitos humanos e suas práticas análogas, por quais motivos esta mesma régua não é usada em todos os casos?

A criação de exceções é um caminho perfeito para que violadores se apoiem e se beneficiem, usando o pretexto "se o outro pode, eu também posso".

Vale lembrar que estes casos citados são apesas alguns poucos dos inúmeros exemplos que permanentemente dão-se no espaço geográfico global.

Assim sendo, mais do que buscar culpados ou inocentes neste conflito, a humanidade deveria voltar-se mais a coerência entre a práxis e o discurso, a solidariedade às múltiplas demandas de nossos irmãos de todas as pátrias e regiões, e, sobretudo, sermos mais humanistas para continuarmos sendo humanos.

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