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O desafio (favorável) de substituir alguém

  • 18/05/16
  • 17:00
  • Atualizado há 410 semanas

O mundo gira e a fila anda. Partindo desta lei universal, pessoas são substituídas por outras. Seja no amor ou no trabalho, ninguém é insubstituível. Porém, aquele que se vai sempre deixará um legado. E neste sentido, quanto pior melhor. Falemos agora sobre o cenário positivo em que um substituto se encontra quando assume a tarefa de mostrar o real motivo a que veio.

Quando o antecessor deixou nódoa em sua reputação e péssimos indicadores de desempenho, fragmentou a equipe ou mesmo prometeu e não cumpriu, a crucificação do substituído vira um combustível para motivar o substituto. Esse aspecto prevalece o tempo todo, e inclusive, favorece o discurso do novo ocupante do cargo, que justifica medidas impopulares com o famoso "não farei o mesmo que meu antecessor".

Desta forma, justapondo os perfis, quanto pior o legado, melhor o futuro. Neste caso, existem gestores que se gabam em dizer serem especialistas em "carne de pescoço", preferem assumir áreas quebradas a equipes de alta performance. Resumindo, é mais fácil triunfar na desgraça do que na felicidade.

A história reforça esta tese. Na obra de Angela Mendes de Almeida: "A República de Weimar" - são apresentados fatores socioeconômicos que apontam como Hitler foi viável nos anos 1920. No pós Primeira Guerra Mundial, altíssimo desemprego, hiperinflação, PIB (Produto Interno Bruto) negativo e autoestima decadente. Na época, mesmo quebrada, diversos alemães achavam que Hitler, apesar de seu estilo dândi, ajudaria a fenecer o país. O substituto então, teve condições de lograr êxito e triunfar. Longe de mim elogiá-lo, mas a retórica serve para provar que o substituto pode encontrar um caminho mais fácil para fazer valer seu ponto de vista, que nem sempre é o acertado.

Os exemplos do Oriente também são válidos. Golda Meir reunificou a esquerda vitalizando o Partido Trabalhista, levando Israel ao triunfo da Guerra dos Seis dias. Vaclav Ravel, homem que tive o prazer de conhecer, liderou a Revolução de Veludo, pondo fim a quatro décadas de comunismo na Checoslováquia. Josip Broz Tito, que durante sua vida toda retardou a fragmentação da Iugoslávia usando todo seu Nexialismo.

Neste momento, o presidente da República em exercício Michel Temer (PMDB), não poderia encontrar cenário melhor para atuar. Dois anos representa tempo suficiente para mostrar que a limpeza será feita. Em nome desta bandeira, encontrará respaldo para recriar a CPMF, aumentar impostos, eliminar cargos públicos, ministérios e diversas medidas impopulares. Tudo em nome da austeridade. Resta saber, se terá competência e condições para marcar sua gestão como um estadista do futuro, ou se vai preferir o coronelismo do passado e a manutenção do fisiologismo partidário.

Por:Sobre Alberto Roitman

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