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O Mês do Orgulho (e da Luta!) LGBTQIA+

COLUNISTA - Maicol Wendrell

Maicol Wendrell

  • 25/06/21
  • 13:00
  • Atualizado há 146 semanas

Como junho é considerado o mês do orgulho LGBTQIA+, ao longo do mês costumam acontecer diversos eventos de ações afirmativas para a comunidade LGBTQIA+ que têm por objetivo dar visibilidade e comemorar nossas lutas, nossa resistência, nosso orgulho e cultura.

Os eventos acontecem anualmente, no mundo todo, e a razão para que junho tenha sido escolhido como o mês do Orgulho LGBTQIA+ reside em uma história muito importante e significativa: foi no dia 28 de junho de 1969, nos Estados Unidos, que um grupo de travestis e homossexuais se rebelaram contra seguidos ataques da polícia de Nova York à comunidade LGBT+ da época.

Esse fato, que ficou conhecido como a Revolta de Stonewall, e que tem como uma das figuras mais conhecidas a travesti e ativista pelos direitos humanos, Marsha P. Johnson, deu origem, no ano seguinte, às primeiras marchas do orgulho gay, que aconteceram em Nova York, Los Angeles, São Francisco e Chicago. Marchas semelhantes foram organizadas em outras cidades e hoje as paradas LGBT+ são realizadas anualmente em todo o mundo, como forma de rememorar as conquistas feitas a partir da Revolta Stonewall, que passou a ser entendida como o "marco zero" do movimento de igualdade civil de homossexuais, transexuais e travestis, no século XX.

divulgação - Sylvia Rivera e Marsha P. Johnson durante manifestação pelos direitos civis
Sylvia Rivera e Marsha P. Johnson durante manifestação pelos direitos civis

Desde então, diversos grupos de luta por garantia de direitos civis LGBT+ se organizaram e vêm lutando contra a humilhação, a exclusão e a violência física e simbólica infringidas à comunidade.

No Brasil o movimento LGBT+ começa a se organizar e ganhar forma na década de 1970, em plena ditadura civil-militar, como gesto de resistência, e o primeiro movimento organizado em defesa dos direitos LGBT+ no Brasil surge em São Paulo, com o SOMOS: Grupo de Afirmação Homossexual.

No entanto, a opressão e a violência do regime autoritário da época, que perseguiu homossexuais e travestis que não tinham nem mesmo o direito de andar livremente nas ruas, não acabou com a ditadura: ela segue presente, especialmente contra travestis e trans, que são excluídas das famílias, das escolas e permanecem distante de oportunidade de trabalho.

Por isso o mês de junho é tão importante: é preciso lembrar ao mundo que inclusão, respeito e cidadania são um direito fundamental e o único caminho para um futuro melhor.

Nossa luta não é só por afeto: a nossa luta é política, contra um sistema que nos oprime, marginaliza e mata. Especialmente no Brasil, que é um país de contradições: se por um lado temos figuras LGBTQIA+ de grande visibilidade e aclamadas por todo mundo como autores de telenovela, personagens emblemáticas na literatura e no cinema, e mais recentemente, personalidades como Pabllo Vittar e Gil do Vigor, de outro lado, somos, pelo 12º ano consecutivo, o país que mais mata LGBTs no mundo, especialmente mulheres trans e travestis.

É preciso encarar as contradições e enfrentar os preconceitos. E em pleno ano de 2021, em que os direitos conquistados a tanto suor e sangue estão cada vez ameaçados, a comunidade LGBTQIA+ não mais pede respeito, exige!

Fontes: Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) (https://antrabrasil.org/); Aliança Nacional LGBTI+ (https://aliancalgbti.org.br/sobre/) e História do Movimento LGBT no Brasil, de James N. Green (2018, Editora Alameda).

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