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O que falta para o Brasil voltar a ser campeão mundial vinte anos depois

  • 21/06/22
  • 08:00
  • Atualizado há 96 semanas

A leitura de uma matéria publicada em 2006, pela BBC Brasil, a respeito do pentacampeonato da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo disputada na Coreia do Sul e no Japão, tem grandes chances de despertar sentimentos paradoxais no torcedor da Canarinho.

Se por um lado tal matéria nos lembra o quão marcante foi aquela conquista, por outro ela também nos lembra que já se vão vinte anos desde o último título mundial do Brasil. Mais do que isso: nas quatro edições do principal torneio da FIFA realizadas desde então, o máximo que a Verde-Amarela conseguiu foi um quarto lugar, em 2014 (o ano do famoso 7 x 1 para a Alemanha).

Lembranças como essas só fazem aumentar o nível de exigência da imprensa e dos torcedores em relação ao desempenho da nossa seleção pela conquista da próxima Copa do Mundo, que será realizada entre novembro e dezembro deste ano no Catar.

Na busca por evitar surpresas desagradáveis, todos os detalhes são levados em conta, desde as análises dos nossos adversários na fase de grupos até as características da bola que será utilizada no torneio (a qual foi avaliada como "leve" pelo zagueiro Marquinhos). Mais importante, porém, é saber como estão os nossos atletas dos pontos de vista técnico, tático e emocional.

Estatísticas, nomes e prognósticos

Considerando os resultados desde 2020, o momento dificilmente seria melhor: em 26 jogos foram 21 vitórias, quatro empates e uma única derrota (a da final da Copa América de 2021). E, apesar das muitas críticas sofridas por Tite nesses seus seis anos no comando da equipe, a eficácia vem sendo nada menos que admirável.

Como pode ser visto nas estatísticas compartilhadas via Twitter pelo site SofaScore, logo após a vitória sobre o Japão em amistoso realizado em Tóquio no último 6 de junho, o técnico gaúcho tem, em 74 jogos, um aproveitamento de 80,6%: 55 vitórias, 14 empates e 5 derrotas.

Uma das recompensas por toda essa eficácia foi a classificação para a próxima Copa do Mundo com um ano de antecedência (como se vê em matéria do UOL). Com isso, Tite vem se sentindo mais livre para realizar uma série de testes, e a convocação de janeiro deste ano foi um bom exemplo disso.

Foram chamados atletas cujas chances de estar no Catar parecem reduzidas atualmente (como o lateral-direito Emerson Royal, do Tottenham, e o meio-campista Gerson, do Olympique de Marselha), mas tê-los no grupo naquele momento ajudou a fomentar uma saudável (e quase sempre muito bem-vinda) competição interna.

Com um leque tão vasto de opções de alto nível para a maioria das posições (principalmente o ataque), não surpreende que, em sites de bets na Copa do Mundo, o Brasil seja apontado como o favorito para vencer o próximo Mundial. Em 7 de junho, o retorno oferecido pelo tão aguardado hexacampeonato da Canarinho era de exatos 6,00.

Enquanto isso, o retorno oferecido pela conquista da atual campeã, a França do técnico Didier Deschamps (e de jogadores como Kylian Mbappé e Karim Benzema), era de 7,00. Na sequência, as seleções mais bem cotadas eram Inglaterra, com 7,50, e Argentina e Espanha, ambas com 9,00.

Desafios e uma grande esperança

É evidente que sempre há o que melhorar, principalmente quando pensamos na lateral direita (uma posição tão problemática que, contra o Japão, o zagueiro Éder Militão foi improvisado ali). Além disso, ainda convivemos com incertezas sobre quem são os titulares do Brasil em certas posições (principalmente do meio-campo para a frente).

E o mais preocupante disso tudo é que, a essa altura, Tite não terá muitas oportunidades para sanar essas e outras dúvidas; até a estreia na próxima Copa do Mundo (em 24 novembro), a Canarinho provavelmente fará apenas dois jogos (um contra a Argentina e outro talvez contra uma seleção africana).

Mas, independentemente dos ajustes a serem feitos, parece não haver dúvidas de que neste último ano a seleção recuperou pelo menos parte da alegria que era a sua marca registrada, muito graças à sintonia entre Neymar e novatos como Vini Jr. e Raphinha, não só dentro como fora de campo.

E, no fim das contas, esta sintonia pode se revelar como o elemento que faltava para a quebra do jejum de títulos mundiais. Como bem disse César Sampaio, hoje auxiliar técnico da seleção, "Tem jogos que você vence com técnica e esquema tático, mas tem jogos que vence com alma." Assim sendo, é torcer para que a alma do grupo esteja bem desperta quando o Brasil chegar ao Oriente Médio.

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