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AADVAR: Os olhos de muita gente

Feche os olhos (figurativamente), pule de cabeça com a gente e conheça a Associação de Amigos e Deficientes Visuais de Assis e Região

Fernando Nascimento

  • 19/05/23
  • 10:00
  • Atualizado há 45 semanas

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"A pior cegueira é a dos que não sabem que estão cegos". Começamos nossa história de amor de hoje com uma frase de Clarice Lispector. Você vai entender porque durante esta leitura. Feche os olhos (figurativamente), pule de cabeça com a gente e conheça a Associação de Amigos e Deficientes Visuais de Assis e Região.

Nossa história de Assis 118 anos começa há 17 anos, em 2006, em salas de recursos especiais da escola João Mendes Júnior, que atendiam deficientes visuais de todas as idades.

Divulgação - AADVAR: Os olhos de muita gente
AADVAR: Os olhos de muita gente

A partir de uma mudança de legislação, que não permitia que pessoas com mais de 13 anos fossem assistidas em escolas. A Campanha da Fraternidade daquele ano, com o tema "Fraternidade e Pessoas com Deficiências", e como lema "Levanta- te, e vem para o meio", bem como pela necessidade de acolher aos que se encontraram desassistidos e perdidos, motivaram um grupo de amigos e voluntários a criar a Associação., que nasceu oficialmente em 03 de novembro de 2007.

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No início, eram cerca de 15 deficientes visuais, com baixa visão ou cegueira total, que começaram a ser acompanhados, pelo trabalho dos voluntários, em parcerias com diversas entidades, como ACLIA, SESI e FEMA, com aulas de computação. Na época, também foi firmada uma parceria com a Autarquia Municipal de Esportes, atual Secretaria de Esportes, para que os deficientes praticassem atletismo. O projeto esportivo deu muito certo e, nos dias de hoje, vários atletas paralímpicos da Associação competem em vários torneios, com resultados expressivos, elevando o nome de Assis.

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Alguns deficientes querem apenas viver seus dias com bem-estar. Com suas famílias, são alvo de proteção, amparo e capacitação para que tenham qualidade de vida e acesso às políticas sociais A Associação luta para que tenham possibilidades de integração social, na escola e no mercado de trabalho, e consigam vencer obstáculos, físicos e abstratos, inerentes às suas próprias deficiências. Afinal, todas as pessoas, inclusive com deficiência, são cidadãos úteis e podem ser ativos na sociedade.

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A AADVAR atende pessoas de todas as idades. São bebês, cegos de nascença, jovens e adultos que sofreram perda de visão total ou parcial, por acidentes, erros médicos ou doenças, como diabetes ou Doença de Stargardt. Crianças são estimuladas desde cedo a lidarem com sua deficiência.

Hoje a Associação conta com cerca de 180 pessoas cadastrados, de Assis e região, O trato com deficientes visuais ainda é executado, e não são muitas cidades que possuem tais tipos de associação.

Através de atividades profissionais, como a inclusão no mercado de trabalho; educacionais, como estudo de língua estrangeira e Braille, o sistema de escrita tátil utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão; culturais, como aulas de canto e recreativas e esportivas, os deficientes saem do anonimato, ganham dignidade e são inseridas, inseridas ou adaptadas ao convívio social.

No escritório da Advar, que fica na Rua Dom José Claro Neves, nas dependências do Seminário, existem uma Impressora Braille, vários livros completamente escritos com este sistema e livros em áudio, para que todos tenham o local como ponto de referência e base forte para suas vidas.

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Apoio psicológico também é uma das atividades da associação. diante de um diagnóstico de cegueira, deficientes e familiares precisam aprender a lidar com o desconhecido. Os assistidos recebem, em comodato, bengalas, para locomoção.

Aliás, a locomoção é uma das principais ações da AADVAR. Orientações para mobilidade são importantíssimas para que o deficiente tenha autonomia. Com o apagamento de outros sentidos, e com a devida acessibilidade em calçadas, ruas, espaços abertos e fechados. Uma reivindicação é que o Plano de Mobilidade Urbana de Assis, em discussão, contemple melhores condições de acessibilidade para pessoas com deficiência Um dever não apenas do poder público, mas também de cada cidadão. Cuidar para que calçadas não tenham desnível ou lixeiras não fiquem abertas, quando instaladas em muros ou grades, são alguns dos exemplos que podem ser facilmente seguidos por todos nós.

Permitir que seus assistidos tenham acesso aos direitos básicos, aposentadorias ou BPC, conforme o caso, e sejam atendidos com inclusão em todos os lugares são mais uma forma de atuação deste pessoal. E, talvez, uma das maiores lutas, e combater o preconceito e o descaso. O trabalho de conscientizar a todos, com campanhas de esclarecimentos ao as suas possibilidades de trabalho e autonomia dos deficientes visuais. Segundo o Censo de 2010, eram cerca de 14 mil pessoas com baixa visão ou cegueira total, segundo nos informaram Lucinei das Neves, Assistente Social, e Nilson Santos, vice-presidente da Associação. Números que nos fazem perceber quão grande é o universo que falamos.

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São muitas as parcerias da AADVAR, Faculdades, Fundo Social de Solidariedade, Unimed, Secretaria de Esportes, Rotary. Verbas de fomento municipais são destinadas à Associação, e todos os gastos são auditáveis e disponíveis para consulta. A AADVAR foi declarada como órgão de Utilidade Pública, através da Lei 5321 em 23/10/2009.

Lembra da frase no início do texto? Quando ignoramos que pessoas precisam de cuidados especiais, ou discriminamos tais pessoas, ou ainda, negligenciamos entidades que cuidam de vulneráveis, podemos dizer que alguma coisa não está certa. Poder público, sociedade civil, organizações religiosas, todos podemos fazer mais para as pessoas de nossa cidade.

Vale a reflexão de olharmos para nós mesmos e pensarmos: não temos fechado os olhos para os necessitados?

A AADVAR não tem feito isto. Assim, nossa imensa gratidão a este pessoal, que tem sido os olhos (e guias) de centenas de pessoas.

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