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'Dona Lia', fundadora da Assocana, será uma das personagens do livro 'Mulheres da Cana-de-Açúcar

O livro será lançado no 11º Encontro Cana Substantivo Feminino que acontecerá em 30 de março de 2023, no Centro de Cana do IAC

Divulgação

  • 18/01/23
  • 10:00
  • Atualizado há 66 semanas

As produtoras de cana são parte fundamental da cadeia bioenergética. Entre elas, encontramos mulheres que fizeram e fazem a diferença. Pioneiras no jeito de gerir a atividade, no desenvolvimento social e até como dirigente de classe.

É o caso de Maria Amélia de Souza Dias, muito conhecida por Dona Lia. Nascida em Brotas, no interior paulista, seu sonho era fazer agronomia na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP), mas necessitava trabalhar para ajudar no sustento da casa. Com isso, não pode cursar a faculdade desejada, mas nem assim afastou-se de seu sonho, arrumou um emprego na ESALQ. Lá, segundo ela, conheceu e conquistou o mais cobiçado dos estudantes de Agronomia: Hélio Cândido de Souza Dias.

Já casados mudaram para a região de Assis, no Centro-Oeste Paulista, onde um casal de amigos (os Rezende Barbosa) fundaram a usina Nova América. Em 1955, Dona Lia e o marido adquiriram 30 alqueires de terra e iniciaram o plantio de cana para fornecer à usina. Além de dividir a administração da atividade com o marido, ela montou uma escola para os funcionários.

O negócio prosperou, mais terras foram adquiridas e mais cana cultivada. Dona Lia conta que desde o início procurou, com o apoio de muita gente, realizar um trabalho voltado à promoção social dos pequenos fornecedores e dos empregados nas lavouras canavieiras e seus familiares.

divulgação - Maria Amélia de Souza Dias, Dona Lia - Foto: Divulgação
Maria Amélia de Souza Dias, Dona Lia - Foto: Divulgação

No entanto, achava que poderia mais, e que o associativismo era o meio para ampliar suas ações. Assim, na década de 1970 se aproximou dos movimentos de associações e cooperativismo. No início, seu marido achou que se tratava de um envolvimento passageiro, afinal, o que não faltava era trabalho para esposa, que além dos nove filhos, desenvolvia ações sociais e ajudava a cuidar do negócio.

Mas que nada, o assunto era sério, tanto que em 1977, Dona Lia e outros produtores montaram a Associação Rural dos Fornecedores e Plantadores de Cana da Média Sorocabana (ASSOCANA). Ela se tornou não só a primeira Presidente da entidade, como a primeira presidente de uma associação canavieira no Brasil. Logo que assumiu instituiu os atendimentos médicos e odontológicos aos associados.

Os dirigentes canavieiros reconhecem Dona Lia como um exemplo. Uma pessoa de fibra e disposição, uma conciliadora que sempre esteve presente nos momentos em que a delicadeza, uma de suas características, se fez importante na tomada de decisões. E foi com esse perfil que ocupou, entre 1998 e 2001 o cargo de Presidente da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (ORPLANA), até hoje, a única mulher a presidir a entidade.

Para a Dona Lia, a organização é algo importante em qualquer setor da economia. Contou que não sofreu preconceito por parte dos homens do setor, mas que muitos a olhavam desconfiados. Mas como na sua cabeça, nunca houve distinção entre trabalho de homem e trabalho de mulher, ela seguiu em frente, promovendo mudanças.

Dona Lia é uma das personagens do livro Mulheres da Cana-de-Açúcar, que será lançado durante o 11º Encontro Cana Substantivo Feminino que acontecerá em 30 de março de 2023, no Centro de Cana do IAC, em Ribeirão Preto, SP.

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