Ferroviário aposentado visita Praça dos Ferroviários e fala sobre a homenagem recebida em Assis
Praça que foi inaugurada neste domingo está localizada na Rua Lins de Vasconcelos, 10
Redação AssisCity
- 27/09/24
- 15:00
- Atualizado há 1 semana
No domingo, 22 de setembro, Assis ganhou um novo espaço público dedicado à memória das ferrovias no Brasil e, especialmente, à história ferroviária do município. A inauguração da Praça dos Ferroviários, localizada na Rua Lins de Vasconcelos, 10, esquina com a Avenida Siqueira Campos, atraiu a população e promete se tornar um ponto de convivência e cultura na cidade.
O evento contou com a presença de Milton dos Santos Reigato, ex-ferroviário de 80 anos, que, acompanhado de sua família, relembrou sua trajetória de vida nos trilhos. "A ferrovia formava seus próprios funcionários. Em 1959-1960, fiz um curso de dois anos para ingressar e fui admitido em julho. Comecei como mecânico de carros de passageiros e vagões e, após um contrato interno, me tornei ajudante de maquinista. Depois de três anos, fiz outro curso para ser maquinista e fui admitido. Assumi o cargo com 25 anos. Me aposentei em 1987 como Inspetor de Condução de Trens, cargo que, na época da Sorocabana, era conhecido como Mestre Maquinista de Trens", recordou.
Milton compartilhou detalhes sobre sua rotina de trabalho, destacando o rodízio de escalas, que organizava as viagens antecipadamente. Ele frequentemente realizava o trajeto entre Assis e Botucatu, onde pernoitava antes de retornar. Outro percurso que realizava era entre Assis e Presidente Prudente. "Eu sempre tive amor ao trabalho e trabalhava com dedicação. Gostava de ser maquinista. O que mais me marcava era minha equipe, que eu mesmo formava. Tive um ajudante excelente, Lourival Guazeli de Queiroz, carinhosamente chamado de 'Queirozinho'", afirmou.
Entre as várias lembranças de sua carreira, uma história marcante foi a de um jovem de Quatá, que pegava carona clandestina nos trens para visitar sua namorada em Paraguaçu Paulista. "Ele pisou no engate dos vagões, fracionando-os e acabou caindo. Infelizmente, o trem o atropelou. Foi uma história muito triste e inesquecível", lembrou Milton, com pesar.
Impacto das ferrovias em Assis
As ferrovias desempenharam um papel crucial no desenvolvimento econômico e social de Assis e região. Elas fomentaram a economia local, atraindo empresas dos setores de óleos vegetais e frigoríficos, além de impulsionarem o agronegócio com o transporte de insumos e gado. A ferrovia também trouxe avanços na saúde, como a instalação de uma unidade do hospital sorocabano, o que gerou mais empregos e oportunidades.
Sobre a homenagem recebida na Praça dos Ferroviários, o filho de Milton, Herivelto Martins Reigato, destacou: "Achamos que é uma honrosa e merecida homenagem a todos os ferroviários e seus familiares que fizeram parte da história da ferrovia e contribuíram para o desenvolvimento de Assis".
Praça dos Ferroviários
A Praça dos Ferroviários conta com um Memorial a céu aberto, que exibe exposições e informações sobre o impacto das ferrovias no crescimento econômico e social da região. O memorial visa resgatar histórias que moldaram a vida dos moradores de Assis e destacar a importância das linhas férreas para o desenvolvimento do interior paulista e do país.
Com uma forte ligação à expansão ferroviária, Assis foi um ponto estratégico para o escoamento da produção agrícola do estado de São Paulo. A praça busca homenagear essa trajetória e os trabalhadores, como Milton, que dedicaram suas vidas ao setor ferroviário.
Mais do que uma simples homenagem, a Praça dos Ferroviários é um marco na preservação da história local. O espaço serve como um ponto de reflexão, aprendizado e celebração da contribuição das ferrovias ao progresso de Assis, garantindo que as futuras gerações conheçam e valorizem essa importante herança.