Idoso com Alzheimer desaparece duas vezes em menos de um mês; especialista fala sobre a doença

A Doença de Alzheimer é uma demência progressiva neurodegenerativa que destrói a memória e outras funções mentais importantes, como atenção, cálculo, linguagem e noção espacial. Na forma avançada, compromete também a capacidade de andar, falar e comer.

À medida que a doença avança, o paciente pode esquecer onde mora, onde está e também desaprender como pode voltar para casa e isso é muito perigoso. É por isso que a médica especialista em saúde do idoso, a Dra Isadora Paião orienta: "Um idoso portador de demência de Alzheimer não pode ficar desassistido nem uma única hora do dia. Além do grande risco de sair e se perder, o idoso também pode cair e ter alguma fratura, deixar alguma comida no fogão e esquecer, provocando grandes acidentes como incêndios, por exemplo". De toda forma, algumas medidas para segurança devem ser tomadas, como: deixar o portão sempre trancado, adaptar a casa para evitar o risco de quedas, deixar o gás desligado e também colocar no idoso uma pulseira ou correntinha com dados pessoais, caso ele se perca.

Foi isso que aconteceu com José Alves Teixeira, de 72 anos, morador de Cândido Mota, que sofre com a doença e em menos de um mês desapareceu por duas vezes. A sobrinha de José, Aline Alves, informa que ele está no início da doença, mas os sintomas estão bem graves.

"Ele mora comigo e ultimamente tem andado com alterações de humor, por isso as vezes deixo que ele fique um pouco em frente de casa. Quando ele sumiu a primeira vez eu pedi para trabalhar home office, para ficar mais próxima dele, mas agora novamente, em um deslize, ele acabou saindo escondido de casa", conta.

Orientação da profissional

A perda da memória recente é o principal marco da Demência de Alzheimer. Muitas vezes o idoso se recorda de eventos importantes da sua vida, mas não consegue lembrar o ano em que estamos, o que ocorreu no mês passado, quem esteve em casa no dia anterior. Segundo a Dra Isadora Paião, não existe cura, os medicamentos e as estratégias de controle podem melhorar o quadro, porém a estrutura e organização da família são importantíssimas.

"Na realidade, quase 100% das pessoas que compõe as famílias não têm como ficar 24 horas por dia 7 dias por semana se dedicando aos cuidados de um familiar com Alzheimer, e é disso que eles precisam: cuidado integral. Alguns filhos que assumem esses cuidados e estão presentes o tempo inteiro acabam adoecendo mentalmente pois tem que abrir mão de sua vida pessoal, emprego e dos seus objetivos. Por isso, as questões envolvidas em cuidar de um idoso demente são tão difíceis. Mais importante até que os medicamentos, são os cuidados integrais ao idoso: atividades, fisioterapia, acompanhamento nutricional e de fonoaudiólogo, assim como atividades de estimulação cognitiva (ginástica para o cérebro). Existem algumas medidas a serem tomadas para que o caminho a ser percorrido com um idoso demente seja menos sofrido: o acompanhamento médico, tratamento com remédios e até mesmo a institucionalização", pontua a médica Isadora Paião.

"Para muitos, deixar o idoso no asilo significa abandono, mas isso não é verdade. Muitas vezes, pode ser a opção mais segura e adequada para todos e os familiares podem continuar sendo presentes. Essa aversão aos residenciais de idosos é uma ideia que temos devido a nossa cultura, mas um idoso demente em casa sem a assistência adequada pode ter consequências graves".

Pedido de ajuda

Aline falou com exclusividade ao Portal AssisCity sobre o tratamento e cuidados com o tio. "A gente cuida bem dele, mas infelizmente ele desapareceu de novo. Ele tem consulta e exames marcados para a próxima semana. O tratamento é seguido rigorosamente, pois ele precisa ter qualidade de vida e segurança. Mas, infelizmente ele desapareceu de novo e pedimos que quem tiver notícias dele que entre em contato conosco", pede a sobrinha.

Na última vez que José desapareceu, no dia 22 de março, ele foi encontrado pela equipe da Assistência Social de Assis, nas proximidades do Tênis Clube. Na ocasião o idoso foi alimentado e levado até sua família em Cândido Mota.