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O Instituto do Negro de Assis "Zimbauê": Uma História de Amor e Luta

O capítulo de hoje é uma tentativa de conscientização

Fernando Nascimento

  • 15/05/23
  • 09:00
  • Atualizado há 49 semanas

72/118

O capítulo do Especial Assis 118 anos de hoje é uma tentativa de conscientização.

A data de 13 de maio de 1888 marcou a assinatura da Lei Áurea, através da qual a escravatura foi abolida no país, fazendo com que, no papel, um dos mais trágicos capítulos da história do Brasil fosse extinta.

Há exatos 135 anos, em um 15 de maio, mais de 700.000 homens e mulheres negros, oriundos e descentedentes da África, viram-se livres da escravatura, a forma desumana e compulsória com a qual eram obrigados a trabalhar sem nenhum direito de escolha, que perdurava por cerca de 400 anos. Livres, mas completamente excluídos da sociedade.

Divulgação - Especial Assis 118 anos - Foto: Divulgação
Especial Assis 118 anos - Foto: Divulgação

Livres da escravidão, mas sem ter onde morar. O que fazia com que alguns optassem por permanecer onde estavam. Um aspecto diretamente responsável pela criação das periferias e pela favelização das cidades. Se conseguissem trabalho, eram mal remunerados. E, sempre, discriminados por onde passassem.

Quase um século e meio depois, situações vividas diariamente, em um país com cerca de 54% da população autodeclarada preta ou parda. Erroneamente chamada de minoria, e frequentemente tratada como tal. E, antes que você, querido leitor, julgue este texto como "mimimi", pedimos que continue lendo notícias, de preferência sem reservas. Você vai perceber que, apenas para citar alguns fatos, pessoas que são perseguidas por seguranças em supermercados, revistadas "aleatoriamente" em aviões, assassinadas, entre outras atrocidades, são majoritariamente pretas. Ao passo que, em posições de chefia, liderança ou autoridade são, minoria, menos de 20% em média.

Divulgação - O Instituto do Negro de Assis
O Instituto do Negro de Assis "Zimbauê - Foto: Divulgação

Mudar este tipo de mentalidade, conscientizar todas as pessoas de que todas as pessoas têm direitos, merecem respeito e dignidade, é a principal bandeira do Zimbauê. uma sociedade civil de assistência social, sem fins econômicos, de duração indeterminada, com sede e foro na cidade de Assis, criada em 2004.

Há dezoito anos, o Instituto trabalha para a promoção e a defesa de bens e direitos sociais, coletivos e difusos relativos ao patrimônio cultural, moral e material e aos direitos humanos dos negros e afro-descendentes.

Atividades culturais e educativas buscam passar uma visão reflexiva de conceitos referentes ao racismo, e seu combate, e de colaborar com a reconstrução da identidade étnica, da auto-estima e cidadania dos afro-descendentes.

Divulgação - Entrega do Diploma Zumbi dos Palmares na Câmara Municipal - Foto: Divulgação
Entrega do Diploma Zumbi dos Palmares na Câmara Municipal - Foto: Divulgação

Oficinas, teatro, música, danças, capoeira, palestras "Abre Caminhos" e clubes de leitura (rodas de diálogo com com autores de livros) são algumas das atividades realizadas pelo Instituto, sempre no Galpão Cultural, na Travessa Sorocabana.

Recentemente, o projeto "Quilombo Urbano Zimbauê" foi aprovado no edital 39/2022 do ProAC. Trata-se de um coletivo de artistas e agentes culturais do movimento negro. Por meio de intervenções artísticas, este projeto tem o objetivo de difundir a cultura afro-brasileira, promover a igualdade racial e refletir sobre a condição do negro na sociedade brasileira contemporânea. O ¨Quilombo Urbano Zimbauê¨ conta com a realização do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e do Instituto do Negro Zimbauê.

Nesta semana, o Instituto participará ativamente das atividades da luta antimanicomial de nossa cidade.

Divulgação - Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

É evidente que citar os 135 anos do 15 de maio de 1888 foi uma figura de linguagem que utilizamos.

A ideia é chamar a nossa atenção para um problema real: o racismo e a discriminação. Crimes definidos pela Lei nº 7.716 de 05 de Janeiro de 1989. Seu artigo 20 diz "Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional": Pena: reclusão de um a três anos e multa.(Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97).

Divulgação - Programação - Foto: Divulgação
Programação - Foto: Divulgação

Ainda assim, o preconceito é presente em nossa sociedade e combatê-la é uma das lutas do Zimbauê. E precisa ser de todos nós, Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista. Enquanto houver exclusão racial e social, não haverá democracia no país.

Por uma sociedade onde todos sejam iguais.

Que o Instituto do Negro de Assis "Zimbauê" continue escrevendo uma história de amor e de luta. Este texto, escrito por um preto, é uma das formas que podemos usar para dizer NÃO a todo tipo de racismo e discriminação!

ERRAMOS - "A assinatura da Lei Áurea foi em 13 de maio de 1888, e não em 13 de maio de 1988, como havíamos escrito. A informação foi corrigida"

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