Advogado acusado de furar blitz em Cândido Mota apresenta imagens da abordagem e questiona versão policial
Em entrevista ao Portal AssisCity, candidomotense de 58 anos afirma ter sido agredido pelos policiais por 30 minutos; Após o flagrante, advogado ficou internado no HMA de Assis por quatro dias
Redação AssisCity
- 11/11/24
- 15:00
- Atualizado há 2 semanas
O advogado candidomotense de 58 anos preso em flagrante no dia 1º de novembro, após supostamente ter furado uma blitz policial em Cândido Mota, apresentou sua versão dos fatos ao Portal AssisCity e questionou a conduta policial realizada no dia da ocorrência. Segundo E.D.O.L, que preferiu que não fosse publicado seu nome completo, as imagens de câmeras de segurança, que também foram encaminhadas à 1ª Promotoria de Justiça de Cândido Mota e ao Ministério Público do Estado de São Paulo, mostram uma abordagem violenta e desproporcional que, de acordo com ele, difere significativamente da versão registrada no boletim de ocorrência. O advogado encaminhou ao Portal AssisCity trechos das gravações de câmeras de segurança da abordagem policial.
Segundo o boletim, o advogado teria ignorado uma ordem de parada e, durante a fuga, quase atropelando policiais. No entanto, em entrevista exclusiva ao Portal AssisCity, o advogado contestou essa versão, explicando que não recebeu nenhum sinal de parada e seguiu o fluxo de veículos. "Eu estava a apenas 350 metros da blitz. Se estivesse fugindo, teria acelerado mais. Eles demoraram mais de três minutos para ir atrás de mim," afirmou. Ao perceber a viatura, ele teria desobedecido o segundo sinal de parada quando uma viatura da Polícia Civil,que estava descaracterizada, emparelha ao lado de sua caminhonete. "Eu segui para a frente da sua casa, onde as câmeras de segurança poderiam capturar toda a abordagem."
De acordo com E.D.O.L, ele e mais dois homens voltavam da fazenda, onde, segundo o advogado, estavam trabalhando, e também presenciaram a cena da agressão. Ele também mencionou que o veículo estava sem placa porque havia sido adquirido naquele dia. À nossa reportagem, o advogado descreveu as séries de agressões sofridas durante a abordagem, ressaltando que não houve tentativa de diálogo por parte dos policiais. "Eles me esmurraram dentro da caminhonete e me tiraram à força do carro e eu estava desacordado. Desmaiei ali mesmo," disse. "Fui levado ao chão e, mesmo algemado, continuaram com chutes e pisões. Tive que suportar algemado de bruços jogado no asfalto por cerca de 30 minutos de agressões físicas e psicológicas. Um dos policiais, no caso o delegado de polícia, aquele que teria que zelar pela minha integridade física, pisava na minha cabeça e me xingava, dizendo 'você não é o fodidão! Fala ai bandido!'. Jamais desrespeitei ninguém e apenas pedi calma," relatou.
Ainda segundo o advogado, devido à gravidade das lesões, ele permaneceu internado e preso, sob custódia, por quatro dias no Hospital e Maternidade de Assis (HMA) onde passou por avaliações médicas e iniciou um tratamento que ainda segue, já que ele ainda apresenta inchaços e dores. "Eu estou tomando 11 remédios por dia. As lesões foram sérias, e as marcas ainda estão visíveis," declarou.
O vídeo apresentado por E.D.O.L mostra a caminhonete se movendo lentamente e colidindo com a viatura policial, aparentemente sem controle. Segundo o advogado, essa movimentação ocorreu porque ele já estava desacordado após as agressões iniciais. A análise das imagens levou o promotor Marcelo Freire Garcia a afirmar, no último dia 5 de novembro, quando o advogado teve a prisão preventiva revogada que "não há elementos mínimos para se apontar que o autuado tenha dolosamente tentado contra a vida de qualquer policial militar." Garcia argumentou que o movimento do veículo foi involuntário, causado pelo estado de inconsciência, e que isso descaracteriza a acusação de tentativa de homicídio.
Em sua manifestação ao Judiciário, o promotor indicou ainda que, embora os outros crimes - resistência, desacato e embriaguez ao volante - ainda estejam em análise, eles não justificam a prisão preventiva. Segundo ele, o advogado candidomotense é primário, possui bons antecedentes, trabalho lícito e residência fixa, o que contraria a necessidade de custódia cautelar. Garcia sugeriu que, caso os vídeos tivessem sido apresentados no momento da conversão da prisão em flagrante para preventiva, a decisão poderia ter sido diferente. Diante disso, o promotor recomendou a revogação da prisão preventiva e a emissão de um alvará de soltura, que foi expedido no mesmo dia.
Em nota enviada à reportagem, o delegado João Fernando Pauka Rodrigues, responsável pela abordagem, afirmou que as imagens divulgadas foram editadas e mostram apenas trechos parciais do ocorrido. "Os fatos estão sendo apurados por meio de inquérito policial e também em procedimento junto à Corregedoria da Polícia Civil," afirmou o delegado.
Segundo o advogado, ele considera a conduta dos policiais como um abuso, e afirmou que pretende tomar medidas judiciais para que cada agente envolvido responda por seus atos. "Não se justifica o uso de tiros em via pública e as agressões contínuas contra alguém que estava desarmado e em frente à própria casa. Eles impediram que eu chamasse minha esposa e meu filho para me ajudarem. Fui torturado ali mesmo," declarou E.D.O.L.
O Portal AssisCity também entrou em contato com a Polícia Militar, que, até o momento, não se manifestou sobre o ocorrido. O espaço segue aberto para futuras manifestações das autoridades envolvidas.