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História de pescador: homem captura segundo maior peixe de água doce e o devolve para o rio: 'É preciso preservar'

Pescador de Bauru (SP) fisgou o piraíba, conhecido como 'tubarão do rio'; ele é o segundo maior peixe de água doce, atrás apenas do pirarucu.

Portal G1

  • 23/06/22
  • 13:00
  • Atualizado há 95 semanas

Fernando, à direita, saiu de Bauru (SP) e capturou o peixe piraíba na região norte e centro-oeste do país — Foto: Fernando Fabian/Arquivo pessoal
Fernando, à direita, saiu de Bauru (SP) e capturou o peixe piraíba na região norte e centro-oeste do país — Foto: Fernando Fabian/Arquivo pessoal

Uma pesca no Rio Juruena, na altura da divisa dos estados do Mato Grosso, Amazonas e Pará, terminou com a captura e soltura de um peixe piraíba, espécie conhecida como "tubarão de água doce" e um dos maiores peixes de couro da América do Sul.

O maior bagre das águas brasileiras, e segundo de água doce, atrás apenas do pirarucu, foi capturado durante a viagem do pescador Fernando Fabian, de Bauru (SP), às regiões norte e centro-oeste do país.

A espécie, ameaçada de extinção, deu as caras no afluente e surpreendeu o grupo de 25 pessoas que acompanhava o pescador do interior de SP.

Com um corpo robusto e de grande porte, a piraíba, que também é conhecida como piratinga e piranambu, conta com seis barbilhões sensitivos na região anterior de sua cabeça. A espécie, em alguns casos, pode alcançar até três metros de comprimento e 300 quilos.

Neste caso, o peso foi mais "modesto": cerca de 100 quilos. No entanto, foi o suficiente para levar boa parte do grupo a ficar cerca de uma hora até realizar a retirada do animal da água.

"De repente, senti algo. A gente sabia que era um peixe grande, mas não sabia qual. Tivemos que soltar o barco e começamos a trabalhar para tentar trazer o peixe, demorou cerca de uma hora e dez minutos", conta Fernando.

"O meu parceiro me ajudou a trazê-lo. Depois de meia hora fazendo força, a mão começa a estremecer, você não tem mais força, não consegue dominar o peixe. Neste momento, a gente foi revezando entre nós, até a hora que ele cansou", complementa.

Para surpresa de Fernando e dos colegas de pesca, o peixe capturado foi justamente o de uma espécie que vive no fundo dos rios e que, nos últimos anos, busca resistir à caça ilegal e, consequentemente, à sua própria extinção.

Preservação da natureza

Apesar da alegria de ter pescado o "maior peixe de sua vida", Fernando, que pratica a pesca esportiva, decidiu fazer a soltura logo na sequência, e leva isso como um dever de preservação da natureza.

"Com certeza foi o maior peixe que eu pesquei e acho que vai ser o maior da vida mesmo. Não vou conseguir maior que esse e também nunca tive pretensão de pegar o peixe. O legal é pegar e soltar ele de volta para a natureza, não matar. Para que essa cultura (de pesca) continue sendo passada para filhos e netos, é preciso preservar e respeitar o meio ambiente. Se a gente não proteger, não teremos nada", diz.

E a preocupação de Fernando faz jus à atual situação. O aplicativo Ictio, criado por cientistas brasileiros e da América Latina para mapear o aparecimento de espécies amazônicas nos rios brasileiros, tem como maiores exemplares de piraíbas livres dois peixes de 138 quilos. No entanto, elas foram registradas livres até o fim de 2020, entre os rios Jandiatuba e Juruá, no estado do Amazonas.

Animal foi devolvido ao rio minutos após a captura — Foto: Fernando Fabian/Divulgação
Animal foi devolvido ao rio minutos após a captura — Foto: Fernando Fabian/Divulgação

A espécie carnívora ocupa o topo de sua cadeia alimentar e, sem escamas, lembra um tubarão com "antenas" e "bigode", usados para se guiar embaixo d'água.

O piraíba tem uma procriação comum, se reproduzindo durante o período da piracema. Além disso, por ser um peixe extremamente voraz, ele consegue comer outras espécies por inteiro, sendo exemplos de presas os peixes pacu-peba, traíra, matrinxã, cascudo e piranha.

Segundo Fernando, a emoção pela sua captura só perdeu para a sensação de cansaço em decorrência da força para retirar o peixe da água e da preocupação na hora de devolvê-lo ao habitat natural.

"Depois que ele subiu, eu fiquei exausto, nem expressar minha alegria eu consegui. Mas o processo de devolução não é simplesmente soltar o peixe. Você pode tirar fotos, mas é preciso preservá-lo para que ele não morra. Então, após recuperá-lo, nós o soltamos novamente para o local do qual é dono", finaliza.

Fernando pratica a pesca esportiva há anos — Foto: Fernando Fabian/Arquivo Pessoal
Fernando pratica a pesca esportiva há anos — Foto: Fernando Fabian/Arquivo Pessoal

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