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Como o tratamento de câncer impacta na fertilidade feminina?

Especialista explica quais são os riscos e como mulheres diagnosticadas com câncer, que ainda querem viver a maternidade, podem se programar

Divulgação

  • 17/10/20
  • 15:00
  • Atualizado há 182 semanas

Segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil deve registrar 625 mil novos casos de câncer por ano até 2022, sendo 316.280 correspondentes às mulheres, entre elas, certamente, há um número expressivo em idade fértil. Além do tratamento adequado para a cura da doença, esse grupo de pacientes precisa ainda se alertar para outra questão importante: a preservação da fertilidade.

A terapia oncológica, seja ela qual for, pode prejudicar a saúde fértil das pacientes, pois além de diminuir a população de óvulos, reduz a sua qualidade. "O nível de comprometimento da fertilidade da paciente, que é submetida a quimioterapia, por exemplo, varia de acordo com o tipo de droga utilizada, podendo chegar em um alto índice de risco de evolução para menopausa, atingindo até 80% dessas mulheres", explica Dr. Roberto de Azevedo Antunes, Ginecologista e Obstetra especializado em medicina reprodutiva pela Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA).

O trabalho, nesses casos, sempre dever ser multidisciplinar. O oncologista define o tratamento do câncer e na sequência encaminha para o fertileuta definir qual será a melhor estratégia de preservação da fertilidade baseada no tempo em que a paciente possui para iniciar o tratamento oncológico. Em muitos casos, é possível realizar o procedimento para preservar a fertilidade sem comprometer a eficácia do tratamento para o câncer.

"Quando a paciente não precisa iniciar o tratamento imediatamente, ela se torna elegível a preservação, seja em um congelamento de óvulos ou de tecido ovariano. Toda mulher que irá se submeter a algum tipo de radioterapia, quimioterapia ou cirurgia que possa afetar o ovário, em teoria, é uma candidata a realização de algum tipo de técnica de preservação de fertilidade", complementa o especialista.

O congelamento de óvulos é considerado como uma opção terapêutica formal para pacientes oncológica desde 2013. Atualmente, ele é indicado como primeira opção de preservação de fertilidade. Segundo Dr. Roberto, as taxas de sucesso do procedimento são altas e os protocolos de congelamento de óvulos atuais são muito seguros e eficientes. "No caso de pacientes casadas, elas têm a opção de congelar os embriões, ou seja, os óvulos já fecundados com os espermatozoides dos seus respectivos parceiros. Mas, de um modo geral, recomendamos o congelamento de óvulos, pois preserva a autonomia reprodutiva da paciente, dando a liberdade de escolher o melhor momento para viver a maternidade pós-tratamento", explica.

Outra opção de preservação de fertilidade para o tratamento de câncer é o congelamento de tecido ovariano, método que já possui mais de 80 nascidos-vivos no mundo. Trata-se da única opção para pacientes pré-púberes (na fase antes da puberdade) e que também pode ser realizado por mulheres quando o tempo para início do tratamento oncológico for curto. Porém, o especialista em reprodução humana ressalta que nem todas as pacientes ficarão inférteis após o tratamento do câncer, podendo ocorrer gravidez de forma natural, apesar das chances serem mais baixas.

"É extremamente importante ter mulheres e médicos conscientes das possibilidades para a preservação da fertilidade. É essencial que mastologistas e oncologistas alertem suas pacientes, mesmo em fase da puberdade, de que há o risco de menopausa precoce, e, o mais importante, que temos meios de preservar a capacidade reprodutiva dessas pacientes.", finaliza Dr. Roberto.

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