O que é a Febre Oropouche? Conheça a doença que teve 5 casos confirmados em São Paulo
Portal AssisCity entrevistou a enfermeira Aline Biondo Alcântara, responsável pela Vigilância Epidemiológica de Assis, para saber mais sobre a doença que é pouco conhecida na região
Redação AssisCity
- 05/08/24
- 14:00
- Atualizado há 8 semanas
Cinco casos de febre Oropouche foram confirmados no estado de São Paulo, conforme informou a Secretaria Estadual da Saúde na última sexta-feira, 2 de agosto. Os primeiros casos registrados ainda na quinta-feira, 1º de agosto, foram duas mulheres residentes de Cajati, no Vale do Ribeira, que contraíram a doença sem ter viajado para outras regiões, indicando que os casos são autóctones, ou seja, adquiridos localmente.
O que é a Febre Oropouche?
A febre Oropouche, uma doença causada por um arbovírus do gênero Orthobunyavirus, é transmitida principalmente pelo mosquito conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Os sintomas são similares aos da dengue e incluem febre, dor de cabeça intensa, dores musculares e nas articulações, além de náuseas e diarreia.
Em entrevista ao Portal AssisCity, a enfermeira Aline Biondo Alcântara, responsável pela Vigilância Epidemiológica de Assis, ressaltou a importância da conscientização e prevenção. "A febre Oropouche pode ser evitada com medidas simples, como o uso de roupas que cubram a maior parte do corpo, aplicação de repelentes nas áreas expostas da pele, instalação de telas em portas e janelas, além da limpeza frequente de terrenos e locais de criação de animais", afirmou.
Ciclo de transmissão
A enfermeira também destacou que há dois ciclos de transmissão descritos: silvestre e urbano. "No ciclo urbano, o homem é o hospedeiro principal, e o vetor primário também é o Culicoides paraensis, conhecido como maruim. Após a infecção, o vírus permanece no sangue dos indivíduos por 2 a 5 dias após o início dos sintomas. O período de incubação do vírus pode variar entre 3 e 8 dias após a infecção pela picada do vetor. O quadro clínico agudo evolui com febre de início súbito, cefaleia, mialgia e artralgia. Outros sintomas como tontura, dor retro-ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos também podem ocorrer. Em alguns casos, especialmente em pacientes imunocomprometidos, pode haver acometimento do sistema nervoso central, como meningite asséptica ou meningoencefalite, e manifestações hemorrágicas, como petéquias, epistaxe e gengivorragia", explicou.
Ela explicou ainda que, embora a doença seja nova para muitas pessoas, o vírus não é desconhecido no Brasil. "O Orthobunyavirus oropoucheense foi identificado pela primeira vez no país em 1960, e, desde então, surtos foram registrados, principalmente na região Amazônica. No entanto, a confirmação de casos em São Paulo exige atenção redobrada, especialmente em áreas rurais", acrescentou.
As duas mulheres diagnosticadas com a febre Oropouche vivem em áreas rurais próximas a uma plantação de bananas. Felizmente, ambas já se recuperaram da doença. No entanto, a Secretaria Estadual da Saúde e o Ministério da Saúde reforçam a importância de medidas preventivas, especialmente em regiões onde o mosquito vetor é comum.
Não há tratamento específico
A febre Oropouche não possui um tratamento específico, e o manejo da doença é feito por meio de cuidados sintomáticos e repouso. A enfermeira Aline Biondo também alertou sobre a necessidade de vigilância contínua. "O controle da população de mosquitos e a proteção individual são as principais formas de evitar a transmissão da febre Oropouche e outras arboviroses, como a dengue", finalizou a responsável pela Vigilância Epidemiológica de Assis.
Com a confirmação desses casos, as autoridades de saúde estão em alerta e intensificam as ações de vigilância para evitar novos casos da doença no estado.