Quando eu morrer e que meu frio corpo
Com a terra quente for todo coberto,
Ele será festa para os vermes loucos,
Que em milhões aos poucos estarão por perto.
Num festim macabro serei devorado,
Numa disputa feroz e desvairada
Por horrendos vermes tão esfomeados,
Em minhas entranhas já dilaceradas.
Então minha alma ainda vagando,
Ao ver meu corpo em forma esquelética,
Pedirá aos vermes, quase suplicando:
- Poupem, por favor, o cérebro do poeta.
E se minha alma lograr seus anseios,
De livrar meu cérebro dos vermes perversos,
Debaixo da terra, nos meus devaneios,
Pra mulher amada farei os meus versos.
E quando um dia lá no campo santo,
Minha sepultura ela for visitar,
Ouvirá uma voz vinda de algum canto,
Os meus versos de amor a lhe declamar.