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A inusitada escolha para presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados

Por Wendrell Elias dos Santos Gomes

Wendrell Gomes

  • 23/03/24
  • 10:00
  • Atualizado há 4 semanas

Na data de 06/03/2024, o atual deputado federal, Nikolas Ferreira de Oliveira, de 27 anos, que pertence ao Partido Liberal (PL), foi eleito como o "novo" Presidente da Comissão de Educação para a Câmara dos Deputados, por ter, de 37 votos, 22 a seu favor.

Com o seu bacharelado em Direito e inexperiência em lecionar na Educação Básica, tanto a partir da Educação Infantil, quanto ao Ensino Médio, esse sujeito será responsável por presidir o plenário sobre o assunto Educação e seus temas pertinentes.

Essa bizarrice exemplifica que a educação brasileira é um setor banalizado, que serve, de modo geral, como cabide de emprego, haja vista esse representante inexperiente, sem efetivo exercício no magistério público, além da falta de licenciatura em algum componente curricular obrigatório da Educação Básica.

É um enorme risco ou efetiva falta de responsabilidade da Câmara dos Deputados Federais considerar que quem nunca trabalhou e quem nunca se formou para a educação pública, principalmente, possa representar os interesses ideais do magistério brasileiro, dos estudantes brasileiros ou todas as comunidades internas e externas envolvidas no âmbito escolar.

Esse jovem adolescente, que "surfou na onda" bolsonarista e antipetista, respondeu a processos de transfobia, ao divulgar uma adolescente de 14 anos no banheiro da escola, e de discurso transfóbico, ao ofender a deputada federal Duda Salabert.

Além disso, proferiu várias declarações polêmicas, que desrespeitaram mulheres, transsexuais e homossexuais, provenientes do conservadorismo brasileiro. Conservadorismo esse, que é uma ideologia ultrapassada, porque ignora as Ciências Sociais, Linguagens, entre outras áreas de conhecimento relativas à pós-modernidade.

Primeiramente, se esse ser "juvenil" cumprir sua ideologia enraizada em seu partido, como o próprio nome diz "Partido Liberal", a tendência é que o mercado de trabalho seja mais "livre", tendenciando-se à redução de direitos trabalhistas para os colaboradores da educação pública, de modo a regredir.

Segundamente, é esperado que haja uma redução para a valorização da educação pública, pois, quanto pior o sistema público de educação, é melhor para o sistema privado de educação, já que, na prática, a falta de boa qualidade na parte pública gera maior interesse à adesão para a parte privada, natural e liberalmente.

Se Nicolas seguir os preceitos liberais do Tarcísio de Freitas (governador do estado de São Paulo) e do Ricardo Nunes (prefeito da cidade de São Paulo), pelo seu currículo, espera-se que as teorias educacionais fiquem defasadas, surjam mais prejuízos aos colaboradores educacionais, e documentos como o Plano Nacional de Educação (PNE), Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica, além de outros, sejam mediocrizados, a fim de indicar um retrocesso para a educação brasileira.

Para o Ministério da Educação (MEC), representado por uma ideologia progressista, que, normalmente, é "mente aberta" às mudanças positivas para o progresso social, são preocupantes as ideias iniciais e "bobinhas" desse jovem astuto.

Entre suas ideias, há o homeschooling (educação escolar em casa), visando responsabilidade da família para a Educação Básica do aluno, o que é algo complexo, principalmente aos países em desenvolvimento, como o Brasil. Obviamente, além de complexo para quem entende, imagina para esse presidente sem histórico como professor. Assim, a princípio e de maneira realista, espera-se o pior, nesse quesito.

Contudo, seu maior feito pode ser o próprio ato de ignorar, desdenhar ou mal dirigir o desenvolvimento de pautas importantes, implicando à procrastinação, a fim de estabelecer um atraso para a educação do povo.

Enfim, um grande e evidente fato é que a popularidade desse deputado mais votado no Brasil o possibilitou presidir uma comissão, além da necessidade do seu partido a expandir-se e representar vários políticos neoliberais às prefeituras para 2025.

Infelizmente, são necessários questionamentos imediatos sobre isso, pois conforme Freire (2017, p. 70), "'lavar as mãos' em face da opressão é reforçar o poder do opressor, é optar por ele. Como posso ser neutro diante da situação, não importa qual seja ela, em que o corpo das mulheres e dos homens vira puro objeto de espoliação e descaso?"

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