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Mãe perde recém-nascido acusa médica e hospital de descaso, desumanidade e negligência

Redação Assiscity.com por Dagmar Marciliano

  • 04/10/12
  • 09:00
  • Atualizado há 606 semanas

Tânia, mãe do bebê

O casal Tânia Regina de Oliveira (36) e Jefferson Bahis Ferreira (27), residentes na Vila Prudenciana, em Assis, está desolado e sem saber a quem mais recorrer depois que o bebê que tiveram sobreviveu poucas horas, pelo que afirmam ter sido descaso, desumanidade e negligência do Hospital Regional de Assis e das médicas obstetras Gilda Aparecida Gonçalves e Micaela Pelegrini Mussi.

O bebê Daniel de Oliveira Ferreira, que conforme o pré-natal e os ultrassons que antecederam o último (quando já estava em sofrimento fetal) teria tudo para nascer saudável, morreu nove horas depois de ter, segundo gestante, permanecido 30h em uma bolsa sem liquido amniótico, aspirando mecônio (as primeiras fezes eliminadas).

O bebê de Tânia e Jefferson nasceu pesando 3, 570 quilo e medindo 49 centímetros, às 17h55 do dia 03 de setembro de 2012, mas não chorou. O óbito ocorreu às 4h35 do dia seguinte.

As médicas Micaela e Gilda foram procuradas para darem seus pareceres, bem como o chefe de obstetrícia do HRA, que está viajando ao exterior, mas apenas Gilda se pronunciou. A profissional tem 32 anos de atendimento em obstetrícia, sem qualquer problema anterior e mostrou-se indignada com a forma como o caso foi veiculado na internet, sem que pudesse ter chance de rebater o que vem sendo dito. Ficou acordado que ela se pronunciará sobre o caso posteriormente. Por enquanto ela se restringe a garantir que a bolsa estava da forma como chamam BI, ou seja, Bolsa Íntegra; que não houve perda do líquido, conforme afirma a gestante.

INDICAÇÃO PARA CESÁRIANA - Tânia conta que ela e o marido tentaram convencer a equipe médica a submetê-la a uma cesariana, já que é diabética, tem pressão alta, é portadora da síndrome de Bernard Soulier, uma disfunção das plaquetas sanguineas e, além disso, já havia sofrido abortos espontâneos.

Tânia teve dois filhos em seu primeiro casamento. Ela sabia que a gestação não seria fácil, mas contava com o atendimento de alta complexidade do Hospital Regional, e teve, segundo documentos apresentados, uma gestação relativamente tranquila diante os problemas de saúde dos quais é portadora.

A mulher reclama que, mesmo apresentando às médicas e ao chefe de obstetrícia do HRA a indicação do médico cardiologista Zimerman, de Marília, sobre a necessidade de cesariana, os três teriam se mantido irredutíveis sobre o bebê nascer de parto natural, alegando ser uma ordem do Estado.

No documento apresentado à reportagem, consta a impressão do referido profissional de Marília: "Paciente hipertensa, controlada com medicação, com função cardíaca preservada e eco normal, datada de 14/06/2012, portanto, do ponto de vista cardiológico, com todo seu histórico obstétrico e sendo portadora de Síndrome de Bernard Solier, além de ser diabética e hipertensa, penso que seria aconselhável à época do parto, cesárea e laqueadura tubária, reserva especial de sangue e derivados para esse procedimento que deve ser realizado em maternidade de alto risco".

O sangue, tipo A+, segundo Tânia afirma, já estava armazenado no Banco de Sangue por orientação do médico a um hematologista.

"Simplesmente não quiseram fazer a cesárea. Isso porque sou pobre, e pobre não tem direito de ter mais que um filho, que é criticado. A médica Micaela chegou a dizer que eu estava com frescura, mas eu já não aguentava mais de dor e sentia meu filho entrando debaixo das minhas costelas. Nos últimos momentos, antes de finalmente ser levada para fazer a cesárea, eu estava com a boca roxa, e sentia que estava me distanciando de tudo, que ia morrer junto com meu filho e não iriam fazer nada porque eu não tinha dilatação e era para aguardar isso", desabafa.

Tânia tem dois filhos de seu primeiro casamento, um de 20, outro de 12 anos. Ela pretende se recuperar do trauma e ter outro bebê com Jefferson, mas espera que, com o desabafo e a campanha que pretende desencadear contra o que lhe foi feito, seja atendida de forma a não correr risco de morte, tampouco perder outro filho.

HOSPITAL REGIONAL SE DEFENDE ATRAVÉS DA SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE

"O Hospital Regional de Assis esclarece que a indicação de parto normal segue as diretrizes da Organização Mundial da Saúde, Ministério da Saúde e sociedades médicas da área de obstetrícia, por ser a opção considerada mais saudável para a mãe e para o bebê, especialmente em casos como da paciente em questão, que tinha histórico de outros dois partos normais. Ela deu entrada no dia 2 de setembro, às 12h30, e passou por exames. Apesar da bolsa rota, ela não tinha dilatação suficiente para a realização do parto. Os exames realizados não indicaram nenhuma anormalidade clínica em relação ao feto. O bebê, portanto, estava saudável, e por isso a conduta médica foi indicar o parto normal. Outro impedimento para uma eventual cesárea foi um exame de sangue que apontou número de plaquetas sanguíneas baixo na paciente. Isto é, uma cesárea poderia provocar hemorragia, colocando em risco a vida da mãe. Novos exames foram realizados no dia seguinte, dia 3, indicando, naquele momento, sofrimento fetal. Com base nesta nova situação, a equipe optou pela cesariana. O bebê nasceu com vida às 17h56 e foi encaminhado imediatamente para a UTI neonatal, pois estava com as vias respiratórias obstruídas. Na UTI, o bebê recebeu todo o tratamento necessário, porém não resistiu e foi a óbito às 04h35 do dia 4 de setembro. Era a sétima gestação da paciente, que é hipertensa e diabética e já havia sofrido quatro abortos espontâneos. É preciso deixar bem claro, portanto, que se tratava de uma gestação de altíssimo risco. O hospital está à disposição dos familiares para quaisquer esclarecimentos".

MENSAGEM NA REDE SOCIAL FACEBOOK

"Meu nome é Tânia Regina de Oliveira. Permiti que minha historia fosse contada, pois ninguém tem dado ouvido à minha dor e sede de justiça. Estava grávida e seria uma gestação muito complicada, mas para surpresa de todos, minha pressão e a diabetes gestacional foi muito bem controlada. O bebê se desenvolveu muito bem.

Ao final da gestação, estava indo toda semana para o hospital, pois sentia muitas dores, o bebê chegou a se posicionar, mas se virou e ficou atravessado na barriga. Tudo indicaria que não nasceria de parto normal como foi com meus dois filhos mais velhos.

No domingo, dia 02 de setembro, minha bolsa se rompeu e fui para o Hospital Regional de Assis por volta das 11h da manhã. Chegando lá, fui examinada pela Dra. Gilda que estava de plantão na obstetrícia; ela me internou e pediu um exame de ultrassonografia para segunda-feira de manhã para ver o bebê. Mesmo não tendo conhecimento na área de medicina sei que após a bolsa se romper, se tem poucas horas para que o bebê nasça. Passei o dia e a noite toda daquele dia perdendo muito liquido e com muita dor, dormir quase foi impossível já não conseguia respirar

Pela manhã, na segunda-feira, passei pelo ultrassom na Santa Casa de Assis, onde a responsável medica disse que o bebê estava bem, mas estava com pouco liquido amniótico, isso significava que o bebê estava começando a sofrer pelo tempo sem liquido na placenta. Voltei para o HRA muito nervosa e pedi para a médica fazer a cesariana, mas ela insistiu a fazer o parto normal.

Ao colocar os remédios para indução do parto as coisas começaram a piorar, minha barriga endureceu e o bebe foi para debaixo das minhas costelas, não conseguia respirar, os meus lábios estavam roxeando. As enfermeiras, por volta das 15h, tentaram ouvir o coraçãozinho do meu bebê e não conseguiram me levaram pra outra sala pra outro exame e mesmo assim não conseguiram ouvir. Foi então que apareceu um anjo, enfermeira Cida, que com sua experiência viu que o bebê já estava em sofrimento e exigiu da medicas que fosse feito o parto cesariano. Mas infelizmente para o meu Daniel, como ele se chamaria, a situação era a pior possível,após de + ou - 30 horas da bolsa rompida ele já tinha engolido todo o mecônio e o liquido de dentro....Já no centro cirúrgico as medicas (Micaela e Gilda) parecia que não estava se importando com a gravidade do meu caso falavam o tempo todo sobre namorado... Já o anestesista estava muito preocupado com meu estado. Tiraram o bebê não ouvi seu choro, seu rosto( Essa foto é única lembrança que tenho do Daniel)...estava drogada com remédios e não tinha reação, a medica suja de mecônio disse que não tinha feito laqueadura pois o meu bebê não iria sobreviver que poderia ter outro filho...isso não sai da minha cabeça...porque demorou tanto para salvar o me bebe? Por volta das 04h35minhr Deus levou o meu anjinho, meu Daniel... Não preciso de dinheiro, não estou aqui para caluniar ninguém, estou aqui na busca de justiça... para que outro Daniel não morra e outra família sinta a dor que a minha esta passando...ele era perfeito, 49cm e 3,550g, lindo... Quero que os negligentes médicos paguem perante a lei os seus feitos... até quando crianças vão morrer por negligencia medica???? Preciso da ajuda de vocês para que chegue ate o conselho regional de medicina e que chame a atenção da mídia....Quero justiça!!! Me ajudem!

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Daniel, bebê que morreu horas após o parto

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