Dia Mundial do Diabetes: Conscientização e impactos desse mal
Conheça o homem que teve sua vida impactada pela doença
Nesta segunda-feira, 14 e novembro, é comemorado o Dia Mundial do Diabetes. A data tem como objetivo conscientizar a população sobre diagnóstico, tratamento e autogestão do diabetes, uma doença caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose (açúcar) no sangue, decorrente da produção insuficiente ou não de insulina pelo pâncreas.
É uma doença crônica que, se tratada, e com algumas disciplinas, permite que a pessoa leve uma vida normal. Sem o tratamento, porém, a doença pode causar complicações que podem levar à hospitalização e até a morte.
Nascido em Osasco, Alexandre Takazawa sofria de bronquite desde pequeno. Aos 6 anos de idade, sua avó de criação, natural de Assis, tomou a decisão de voltar para sua cidade natal.
"Os ares do interior me fizeram bem e fiquei curado da bronquite, que era bem severa, levando inclusive a episódios de convulsão", conta Alexandre.
Diagnosticado aos 9 anos de idade
Com 9 anos de idade, Alexandre passou mal e vomitou bastante; foi levado ao hospital por familiares e, como todos pensavam ser mais um quadro de bronquite, os médicos ministraram glicose, o que elevou sua glicemia para além de 1.000 mg/dl, sendo que estado normal da glicemia em jejum é de 70 a 100 mg/dl.
Segundo Alexandre, "uma pessoa é classificada como pré-diabética quando atingir 100 e 125 mg/dl, já aqueles que atingem a partir de 126 mg/dl são considerados diabéticos", explica.
O rapaz entrou em coma e foi encaminhado para a Santa Casa de Marília, onde despertou e sua família foi informada de que tinha diabetes.
Falta de cuidado
A partir de então, foi uma luta, em que muitas vezes Alexandre não quis participar. Segundo ele, a infância e adolescência foram bastante difíceis para manter o controle da glicemia. "Consumia doce e refrigerante escondido e, para tomar insulina, minha avó tinha que me levar à farmácia todos os dias. Depois minha mãe começou a ministrar o medicamente até que eu mesmo aprendi a dar a injeção", conta.
E não para por aí. A juventude não foi mais fácil que isso. Além de não fazer dieta corretamente, Alexandre conta que abusou do álcool e cigarro por mais de 20 anos.
Primeira amputação
O preço não demorou a ser cobrado. Em 2003, aos 28 anos, Alexandre teve a primeira amputação, da ponta de um dos dedos do pé direito. "Esse alarme não foi suficiente, continuei sem cuidar corretamente da doença e em 2011 tive que amputar o outro dedo do mesmo pé", explica.
Em 2012, aos 36 anos, veio o maior trauma. Uma pequena infecção no dedo do pé esquerdo de Alexandre necrosou parte do membro. Encaminhado à Santa Casa, o médico amputou dois dedos e metade do pé esquerdo. Mesmo assim, e tomando antibióticos poderosos, a infecção não cedia.
A quase morte de Alexandre
Com isso, se alimentando cada vez menos, seus rins pararam e teve uma parada cardíaca. Os enfermeiros e médicos realizaram as manobras necessárias, inclusive com o uso de desfibrilador, e conseguiram reanimá-lo e o colocaram em coma induzido.
Na época, ficou em uma UTI semi-intensiva improvisada na Santa Casa até aparecer uma vaga na UTI do Hospital Regional de Assis. Ficou nesse estado por 10 dias, sem indicação de melhora, pelo contrário, "minha família já estava se preparando para o óbito", afirma Alexandre.
"Mas, por um milagre de Deus meus rins voltaram a funcionar. Estava inchado e quase tive que fazer diálise", relata.
Depois disso, a preocupação foi a retirada dos aparelhos, pois os médicos não sabiam se conseguiria respirar sozinho. Foi até cogitada a realização de uma traqueostomia, mas não foi necessário, e ele conseguiu respirar por conta própria.
Segunda amputação
Nesse período em que esteve em coma, Alexandre fez 37 anos. Uma vez que acordado, a decisão da junta médica foi pela amputação da perna esquerda, acima do joelho. "Foi um trauma para minha família. Para mim também não foi fácil, mas desde o início tive consciência de que tudo ocorreu como consequência das escolhas que fiz", diz.
Além da amputação da perna, Alexandre realizou amputação dos dedos do pé direito em 2016.
Uma nova chance
Depois da amputação, Alexandre colocou a prótese e entrou para um programa de reabilitação e foi treinando. Hoje, aos 47 anos, Alexandre também faz o uso de muletas para se locomover em alguns lugares.
"É bem difícil por conta da mobilidade, mas, o importante é estar vivo e a gente vai se adaptando conforme as necessidades", diz.
Após muitas batalhas, amputações, luta contra a morte, falta de consciência e cuidado, Alexandre ressignificou sua história com o diabetes e hoje vive feliz.
Ele deixa um alerta para quem sofre com diabetes.
"Não vou dizer o que as pessoas têm que fazer ou não. Só vou dizer que há consequências. Mesmo que a gente não ligue, tudo o que seu médico falar que pode acontecer, como amputação, problemas de visão, falência de rins, entre outros, vai acontecer caso a gente não cuide adequadamente da doença", finaliza.