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Carta aberta a Dilma e Temer

Kallil Dib

  • 17/12/15
  • 17:00
  • Atualizado há 439 semanas

Há poucos dias o Brasil foi surpreendido por uma carta. Uma mensagem do vice-presidente da República, Michel Temer, para a presidente, Dilma Rousseff. Muitos se perguntaram: por que uma carta, se o óbvio seria os presidentes se encontrarem diariamente para trabalhar a favor do nosso País? Uma carta? Foram palavras inóspitas de um governo que envergonha os brasileiros.

É por isso que tomei a liberdade e, assim como Temer, escreverei nas linhas abaixo uma carta para os maiores mandatários daqui. Aliás, antes que me achem tão incompleto quanto o vice peemedebista, apenas escrevo em papel, pois não tenho o e-mail desses senhores, se é que eles sabem trabalhar com tanta tecnologia...

Com carinho e repúdio aos senhores presidentes

Olá, caros presidentes. Venho por meio destas linhas expressar um pouco de meu sentimento a vocês. A inspiração desta carta veio quando li a de Temer, aquelas palavras de marido traído me deram uma ideia. Dilma, não fique brava por você nunca ter me inspirado a nada. Por mais que a cada dia você me motive a trabalhar mais e mais, para pagar as abusivas contas de supermercado, energia, água, impostos e impostos.

Fiquei pensando e cogitando as minhas ideias para tentar chegar aos pés de seus discursos políticos e mentirosos que sempre aparecem nos noticiários. Não consegui encontrar qualquer alternativa que pudesse me elevar a esse nível. Então, concordei em deixar as minhas pobres palavras falarem por mim.

Afinal, por que vocês enviam cartas? Dilma, Temer, vocês estão à frente do Brasil e não de um colegiado escolar. Se reúnam. Agendem, em suas rotinas atribuladas, um tempo mínimo para expor ideias, propor soluções e pensar um pouco mais na população brasileira. Esqueçam, nem que seja por poucos segundos, essa politicagem barata que acaba com as nossas cores.

Escrevam uma carta a seus ministros, cobrando deles atitudes plausíveis. Cobrem trabalho. Muitos deles não sabemos nem quem são, nos apresente. A maioria não possui um currículo plausível e que justifique o cargo em que ocupa, então, mudem.

Escrevam uma carta à Petrobrás, pedindo desculpas por a maior empresa do Brasil ser destruída aos poucos. Não esqueçam de agradecer por ela ter recheado os seus bolsos e ter sustentado tanta coisa errada, até mesmo quando a dona Dilma era chefe por lá.

Mandem uma carta para os hospitais, perguntem do Sistema Único de Saúde, sobre os leitos insuficientes, os pacientes nos corredores, nas filas, à espera de um acolhimento digno. Não façam a mesma pergunta a seus médicos particulares, eles não saberão responder.

Façam uma correspondência destinada ao Papai Noel. Supliquem para ele aparecer por aqui, pois já ouvi dizer que em muitas casas esse ano ele não vai passar. Está tudo muito caro, inclusive os presentes. E isso seria traumatizante para as nossas crianças.

Enviem uma correspondência ao Ministério dos Esportes. Cobrem dele uma postura sobre as Olimpíadas, e questionem sobre o legado da Copa do Mundo, que ninguém sabe qual é. Aproveitem, enderecem algumas linhas à Confederação Brasileira de Futebol, não menos importante do que as outras secretarias, e perguntem aos que lá estão mandando: "Por que vocês estão acabando com um de nossos maiores produtos?".

Olhem para a cultura, escutem as músicas que estão tocando no rádio. Se revoltem também. Saiam às ruas. Ouçam os panelaços. Os gritos de livre arbítrio. Revejam a democracia, a imprensa e sua liberdade manipulada, manchada, ignorada.

Não esqueçam, Dilma e Temer, caros presidentes de nossa República, de escrever uma extensa carta aos municípios do País. Perguntem a eles o que acham dos compromissos que vocês assumiram e não cumpriram. Dos equipamentos públicos caros e que são apenas sustentados pelos prefeitos, que não têm condições orçamentárias para gerir suas cidades. Me expliquem qual o motivo de o repasse de verbas às cidades não ser suficiente, se elas são as principais responsáveis pelo desenvolvimento do nosso Brasil.

Temer, Dilma... Por fim, destinem algumas considerações para todos os brasileiros. Chamem o Cunha, digam adeus, anunciem o fim dessa corrupção que nos assola, peçam perdão, sejam dignos de ao menos reconhecer seus erros. Deem a oportunidade para o País mudar. Nós não queremos vocês como os nossos representantes.

Kallil Dib - Jornalista

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