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Mais uma duvidosa iniciativa da SEDUC-SP: Prova Paulista feita por quem nunca foi professor da Rede Pública

Wendrell Gomes

  • 11/06/24
  • 09:00
  • Atualizado há 17 semanas

Como de praxe, desde 2023, por meio da "nova" e radical perspectiva de conservar valores sociais que geram desigualdades para a sociedade, surgiram mais decisões desfavoráveis, do que favoráveis, ao sistema pedagógico paulista, impostas pelo atual secretário de educação, Renato Feder.

Entre tantas atitudes autoritárias, que desconsideram quaisquer diálogos entre o corpo docente (professores) e corpo discente (alunos), em relação às novidades "implementadas" ou impostas, dessa vez, o que já era ruim, ficou ainda pior.

Após impor a avaliação externa Prova Paraná, em 2019, enquanto secretário de educação dessa localidade, esse atual secretário de SP, logo em sua chegada, em 2023, fez a mesma imposição de exame para esse segundo estado. Com isso, reduziu a autonomia dos professores paulistas, já que foram e são obrigados a trabalharem em cima do material padronizado e inflexível estabelecido pela Seduc-SP.

Como já não bastassem as frequentes cobranças sobre a avaliação externa Prova Paulista, de SP, bimestralmente, que frustram a maioria dos professores, ao menos os que tentam trabalhar em cima duma necessidade, sem padronizar, de modo qualitativo, recentemente, houve uma piora. Isso porque, na data de 02/04/2024, pelo site do Governo do Estado de São Paulo e seu Instagram, foi divulgada a mudança de que, desde o primeiro bimestre letivo, algumas questões dessa prova terão de 2 a 3 alternativas corretas.

Para exemplificar essa "facilitação", que vai gerar apenas ego, dados duvidosos e uma educação, supostamente, fraudulenta, em uma questão de 4 alternativas, para o Ensino Fundamental, sendo 1 dessas correta, agora, 2 poderão estar corretas e 2 incorretas. Dessa forma, deixando o aluno com 50% de chance para "chutar" e acertar. Entretanto, para as questões de 5 alternativas, para o Ensino Médio, 3 dessas poderão estar corretas, o que gera 60% de chance de o aluno "chutar" para acertar.

No entanto, essa estratégia de "facilitar" a aprendizagem do estudante é falsa. Tanto que, dessa maneira, não condiz às realidades dos vestibulinhos que dão acessos aos cursos técnicos, vestibulares que dão acessos aos cursos tecnológicos e superiores, e processos seletivos e concursos públicos que dão acessos às vagas de emprego privadas e públicas, haja vista que contemplam somente uma alternativa correta por questão.

Relacionado a isso, há o fato sobre a "facilidade", por parte dos alunos, para "colarem" ou terem acesso antecipado, antes da realização da prova. Dessa forma, já que, geralmente, os dias para realização de provas são após a disponibilização desses materiais digitais, pela plataforma CMSP Web, os mais "espertos" conseguem ter acesso antecipado. Por isso, pode-se gerar resultados fraudulentos, devido a esse sistema ineficiente.

Não há problemas em realizar avaliações externas ou exames promovidos por quaisquer secretarias de educação. Pelo contrário, o problema é, justamente, como isso é feito; ou querer focar somente nisso, prejudicando a qualidade do ensino contextualizado, significativo e necessário às escolas.

No caso específico das escolas estaduais desse estado, a abordagem de querer resultados a todo custo, para índices e indicadores, sem melhor aproveitamento do aprofundamento, complexidade e criticidade, é algo contestável pelo senso comum do professorado envolvido.

Por fim, quem sabe, contudo, o estado de SP possa alcançar melhores resultados pelo Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo (Idesp), por meio de tentativas manipulativas de resultados; assim como fez no estado do PR, conforme notícias e muitos relatos do professorado paranaense.

Eis aí a concepção "bancária" da educação, em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de receberem os depósitos, guardá-los e arquivá-los. Margem para serem colecionadores ou fichadores das coisas que arquivam. No fundo, porém, os grandes arquivados são os homens, nesta (na melhor das hipóteses) equivocada concepção "bancária" da educação. Arquivados, porque, fora da busca, fora da práxis, os homens não podem ser. Educador e educandos se arquivam na medida em que, nesta destorcida visão da educação, não há criatividade, não há transformação, não há saber (FREIRE, 1987, p. 33).

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