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Pesquisadores descobrem gênero de dinossauro que viveu há 85 milhões de anos no interior de SP

'Arrudatitan maximus', a única espécie do gênero, faz parte do grupo dos titanossauros. Com pescoço e caudas longas, animal de 22m é do período Cretáceo, antes da separação da Pangeia.

G1

  • 09/05/21
  • 16:00
  • Atualizado há 154 semanas

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto (SP) descobriram, em parceria com o Museu de Paleontologia de Monte Alto (SP), um gênero de dinossauros inédito na paleontologia, o Arrudatitan, que faz parte do grupo dos titanossauros e vivia no interior de São Paulo.

'Arrudatitan maximus', espécie do grupo titanossauro, viveu há 85 milhões de anos no interior de São Paulo — Foto: Ariel Milani Martine/Arte/Divulgação
'Arrudatitan maximus', espécie do grupo titanossauro, viveu há 85 milhões de anos no interior de São Paulo — Foto: Ariel Milani Martine/Arte/Divulgação

O gênero tem apenas uma espécie, o Arrudatitan maximus, um dino herbívoro de 22 metros, com pescoço e cauda longas, que viveu 85 milhões de anos atrás, no Cretáceo, período em que ocorreu a separação da Pangeia, uma massa continental que unia todos os continentes do planeta Terra.

"A região de Monte Alto é muito produtiva, então pode ser que sejam achados novos fósseis, de espécies que sejam parentes do Arrudatitan maximus e sejam incluídas neste novo gênero, que é exclusivo de São Paulo", diz o mestre em biologia Julian Junior, o principal autor da pesquisa.

A partir de descrições feitas pelos paleontólogos, artistas reconstituíram digitalmente o Arrudatitan maximus. Por uma das artes, é possível compreender a grandeza do animal, que tinha um comprimento equivalente ao espaço ocupado por cinco carros estacionados em fileira.

'Arrudatitan maximus', espécie do grupo titanossauro que viveu no interior de São Paulo, tinha 22 metros de comprimento — Foto: Deverson Pepi/Arte/Divulgação
'Arrudatitan maximus', espécie do grupo titanossauro que viveu no interior de São Paulo, tinha 22 metros de comprimento — Foto: Deverson Pepi/Arte/Divulgação

O estudo conduzido por Junior indicou que, diferente do que há anos se acreditava, a espécie não pertence ao gênero Aelosaurus, cujas espécies viveram na Argentina. A principal diferença entre eles está nas articulações da cauda, mas suas ancestralidades genéticas também são distintas.

"Esta descoberta dá uma cara mais regional e inédita para a paleontologia brasileira, além de refinar nosso conhecimento sobre os titanossauros, que são estes dinossauros pescoçudos", avalia o paleontólogo Fabiano Iori, do museu de Monte Alto, que participou do estudo.

Os resultados da pesquisa foram publicados na quinta-feira (29) em um artigo na Historical Biology, uma importante revista científica de paleobiologia. Além de Junior, que é doutorando da USP, o trabalho contou com auxílio de pesquisadores do Rio Grande do Norte e da Argentina.

Fóssil do 'Arrudatitan maximus', que viveu no período Cretáceo, foi encontrado em Cândido Rodrigues (SP) em 1997 — Foto: Érico Andrade/G1
Fóssil do 'Arrudatitan maximus', que viveu no período Cretáceo, foi encontrado em Cândido Rodrigues (SP) em 1997 — Foto: Érico Andrade/G1

Fósseis

Os fósseis do Arrudatitan maximus foram encontrados em 1997, na zona rural de Cândido Rodrigues (SP), pelo vendedor de frutas Ademir Frare e seu sobrinho, Luiz Augusto. A dupla avisou Antônio Celso de Arruda Campos, o professor Toninho, que foi precursor da paleontologia em Monte Alto.

Foi em homenagem ao sobrenome do professor, aliás, que os pesquisadores batizaram o novo gênero. Toninho comandou diversas escavações no município, onde também foram encontrados vestígios de uma aldeia indígena que habitou a região mil anos antes antes da chegada dos portugueses ao Brasil.

Vendedor de frutas e sobrinho encontraram por acaso fóssil do 'Arrudatitan maximus' em Cândido Rodrigues (SP) — Foto: Museu de Paleontologia de Monte Alto/Arquivo
Vendedor de frutas e sobrinho encontraram por acaso fóssil do 'Arrudatitan maximus' em Cândido Rodrigues (SP) — Foto: Museu de Paleontologia de Monte Alto/Arquivo

A trajetória e as descobertas de Toninho foi contada pelo G1 em uma série de reportagens publicadas em 2018. Ele ajudou a criar o museu de Monte Alto, onde há cerca de 1,3 mil fragmentos de ossos de quatro espécies de dinossauros e seis de crocodilos, além de tartarugas e moluscos de água doce.

"Até o momento, os fósseis do Arrudatitan maximus são os maiores que temos em exposição. Esse estudo amplia nossos conhecimentos sobre os titanossauros brasileiros e abrem portas para novas pesquisas", analisa Sandra Tavares, que dirige o museu.

Fósseis do 'Arrudatitan maximus', um titanossauro, estão expostos no Museu de Paleontologia de Monte Alto (SP) — Foto: Museu de Paleontologia de Monte Alto/Divulgação
Fósseis do 'Arrudatitan maximus', um titanossauro, estão expostos no Museu de Paleontologia de Monte Alto (SP) — Foto: Museu de Paleontologia de Monte Alto/Divulgação

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