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Coletivo Assis de professores estaduais diz em carta "não estamos preparados para voltar às aulas presenciais"

Documento foi enviado a redação do AssisCity na manhã desta sexta-feira

Divulgação

  • 05/02/21
  • 14:00
  • Atualizado há 163 semanas

A Redação do AssisCity recebeu na manhã desta sexta-feira, 5 de fevereiro, uma carta assinada pelo Coletivo Assis de Professores Estaduais. No documento, o grupo declara que não estão preparados para o retorno presencial das aulas:

"Eu como professor venho por meio desse texto falar sobre a volta às aulas presenciais. Minha intenção é ser transparente e contar para a população que não estamos preparados para o ensino presencial.

Não tem como garantir a saúde de todos. A aglomeração é inevitável, o contato é inevitável. A maioria dos professores dão aulas em duas, três, quatro escolas. Ou seja, ele passa por dois, três, quatro lugares diferentes ao longo da semana/dia. Tem contato com várias pessoas. Já temos denúncias de cidades próximas que o vírus se propagou durante nosso planejamento.

Não houve medição de temperatura em nós professores ao entrar na escola. Não houve distribuição de máscaras para fazermos a troca a cada duas horas. Álcool em gel até tinha, um para cada grupo.

Tenho que falar também que as escolas não possuem uma ventilação adequada, não há funcionários suficientes para higienização do local, para controle de entrada e saída de alunos. Quando eu digo que não há funcionários suficientes é porque tem escola que não possui um funcionário se quer. A escola está jogada a própria sorte. Isso é perigoso.

Agora vou contar para vocês como é o esquema de volta as aulas: cada sala será dividida em três grupos. Cada semana um grupo frequenta a escola no presencial. Além disso, também devem acompanhar as aulas no aplicativo do CMSP e entregar as atividades proposta pelos professores. Uma semana no mês seu/sua filho/filha ficará exposto à contaminação. Os professores ficarão expostos todos os dias e entrarão em contato com esses estudantes todos os dias.

Outro ponto, muito importante: vocês mães e pais deverão assinar um termo de responsabilidade ao mandar o filho/filha à escola. Nesse termo vocês precisam assumir que se seu filho/filha contrair a covid-19 a culpa e a responsabilidade é toda de vocês. Assim, o governo lava as mãos para qualquer surto da doença que ocorrer dentro das escolas.

Agora eu pergunto: se o governo diz que as escolas estão tão preparadas para o retorno presencial, por que a responsabilidade da contaminação vai cair sob vocês? Meu palpite para a resposta: porque eles sabem que o ambiente não é seguro. Eles sabem que essa tomada de decisão vai aumentar os casos da doença. Eles sabem que isso vai causar mais mortes.

Não podemos esquecer que estamos na fase vermelha, que a ocupação na UTI de Assis chegou ao máximo em janeiro. A cidade, nós cidadãos, estamos enfrentando nosso pior momento nessa pandemia. Em apenas um mês, 31 dias, 21 pessoas morreram. 21 famílias estão em luto apenas em janeiro.

Temos também um decreto municipal que SUSPENDE as aulas presenciais. Ou seja, o ensino presencial não pode ocorrer enquanto durar a fase vermelha.

Agora eu pergunto para você, mãe, pai, responsável: você tem coragem de mandar seu filho/filha para a escola?

Nós professores queremos muito que as aulas voltem. Mas queremos, mais que tudo, que a vida de todos seja preservada. Queremos voltar a trabalhar no presencial com segurança tanto para nós, quanto para os alunos."

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