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UNESP realiza VI Seminário Leituras da Modernidade

"Tenho duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza e até a morte: o riso a cavalo e o galope do sonho. É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver." - Ariano Suassuna

Divulgação/Unesp - Por Allan Diego de Souza

  • 03/07/17
  • 18:00
  • Atualizado há 356 semanas

No dia 19 de junho, promoveu-se o VI Seminário Leituras da Modernidade, evento que celebrou os 90 anos do autor brasileiro Ariano Villar Suassuna, um dos grandes nomes da literatura brasileira.

Antes de ser brasileiro, o escritor, dramaturgo e poeta, foi sobretudo nordestino, um dos maiores responsáveis por difundir a cultura do Nordeste. Ariano defendeu sua identidade cultural e, com originalidade, soube unir dois elementos até então diferentes: o erudito e o popular nordestino. Da junção desses dois elementos nasceu, na década de 70, um movimento que incluiu diferentes tipos de arte, como música, dança, teatro e arquitetura passando a ser conhecido como Movimento Armorial.

O professor Gilberto Martins, do Departamento de Literatura da FCLAssis/UNESP, organizador do evento, diz "O que, principalmente, buscamos foi saber quais são as fontes em que se inspirou Suassuna e no que elas e outras obras influenciaram as suas. No período da manhã discorreu-se sobre as influências que teve da comédia latina, italiana e espanhola; à tarde, sobre a relação da sua obra com a Idade Média e a influência da literatura francesa, o foco foi a tragédia; já, à noite, falou-se, sobretudo, sobre as fontes ibéricas".

A jornada se encontra em sua sexta versão e seu propósito é contemplar, em cada evento, um autor, sendo a programação elaborada de forma que seja possível perceber diferentes perspectivas relacionadas à obra do autor estudado. Tais perspectivas devem ser apresentadas de modo a relacionar o conteúdo literário do autor ao dos demais movimentos presentes no referencial de sua obra.

Na programação do evento determinou-se que, em cada fala, fosse contemplada uma visão do trabalho realizado pelo autor ao longo de sua trajetória como escritor. O início do evento contou com a presença do professor Dr. Francisco Claudio Alves Marques e da professora Dra. Maira Angélica Pandolfi, ambos do Departamento de Letras Modernas, e da professora. Dra. Cláudia Valéria Penavel Binato, do Departamento de Linguística da FCL/ Assis.

O professor Francisco falou sobre "As vertentes, popular e erudita, da obra de Ariano Suassuna", baseado nas obras do mesmo e relacionando-as com características popular e erudita, absorvidas por ele ao longo de sua formação literária; em um dos momentos de sua fala, o professor Francisco afirma em relação ao autor: " ...uma hora, a erudição está acima da cultura popular, noutra dá-se o inverso." A professora Cláudia discorreu sobre o título "A inspiração plautina em O Santo e a Porca de Ariano", e sobre a influência que Suassuna recebeu, especificamente nessa obra, da paliata Aulularia do comediógrafo latino Plauto, que viveu durante o período romano republicano. A fala "Ecos de mitos hispânicos na obra de Ariano Suassuna", da professora Maira, abordou sobre tratou das influências cervantinas e da configuração do personagem pícaro no imaginário de Suassuna.

No período da tarde, foi possível ouvir o professor Dr. Germano Miguel Favaro Esteves, do Departamento de História e a professora. Dra. Carla Cavalcanti e Silva, do Departamento de Letras Modernas da FCL/Assis. A fala do professor, intitulada "O Imaginário Tardo Antigo e Medieval em Ariano Suassuna", abordou a constituição do imaginário tardo-medieval, sobretudo as concepções de Bem/Mal, Inferno/Purgatório/Paraíso e como elas sofrem atualizações na cultura nordestina de matriz popular. A professora Carla, com o tema "Diálogos com a Idade Média em Rabelais e Suassuna", além de relacionar, na obra desses autores, a carnavalização com base na proposta de Bahktin, contextualiza as influências do escritor francês François Rabelais na obra suassuana e assim conclui sua fala: "[...> apesar da presença das personagens-tipo de Rabelais, na obra de Suassuna, não tem como discordar da originalidade desse grande autor brasileiro."

Logo no início da noite, as professoras do Departamento de Literatura da FCLAssis, Dra. Sílvia Azevedo e Dra. Sandra Ferreira fizeram sua apresentação. Em sua palestra "O Diabo no teatro de Gil Vicente e Ariano Suassuna", a professora Silvia abordando o tema de sua dissertação sobre o autor português Gil Vicente, fez comentários sobre as características da personagem-tipo, o 'diabo', nas obras "O auto da barca do inferno", do autor português, e "O auto da compadecida", de Suassuna. A professora Sandra, sob o título "Visagens (o messianismo luso-sertanejo de Ariano Suassuna)", relacionou o Sebastianismo português ao messianismo social nordestino apresentado por Suassuna em suas obras. No debate que seguiu às palestras, o professor Francisco confirmou: "Ariano já dizia que, em sua obra, o 'diabo' era a representação dos coronéis e juízes, senhores opressores da classe do pobre, então 'João Grilo', com seu jeito um tanto quanto de malandro, consegue driblar as opressões sofridas por ele e por todos de sua classe social".

Para encerrar o evento, houve uma apresentação da Leitura Dramática do entremez de "Torturas de um Coração", escrito por Suassuna, inspirado em folhetos do cordel nordestino, com a atuação do professor Dr. Sandro de Cássio Dutra (Teatro Fabricantes e Matulão/Jornal Ruarada), do professor Dr. Francisco (Departamento de Letras Moderna - FCL - Assis) e de outros atores.

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