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Voluntário quer reativar grupo de combate ao suicídio em Assis

Posto do CVV existia no município até 2003, mas atualmente está desativado

Redação AssisCity/ Foto: AssisCity

  • 14/06/19
  • 08:00
  • Atualizado há 254 semanas

Em Assis, o posto de atendimento do Centro de Valorização da Vida (CVV) foi fundado em 1989 e seguiu atuante até meados de 2003. Desde então, o município não conta com uma sede, onde voluntários possam atuar no atendimento às pessoas que buscam por auxílio.

Em nossa região, alguns casos têm sido noticiados recentemente, causando muitas vezes uma sensação de impotência diante desse grande problema mundial. Mas há profissionais e voluntários trabalhando com muito empenho para tentar transformar essa realidade.

Cristiano Cêpa é policial civil e há cerca de cinco anos trabalha no Instituto Médico Legal. Atualmente, ele está alocado no IML de Assis e iniciou um movimento chamado "Escolha Ficar", com a proposta de reativar o atendimento do Centro de Valorização da Vida (CVV) no município.

"O suicídio é um assunto muito delicado e muitas vezes nós não sabemos sequer lidar com ele. Estamos todos muito preocupados com o dia a dia e ao longo do tempo fomos inclusive solidificando diversos tabus em relação a esse assunto, que é muito importante e precisa ser debatido com seriedade. Falar sobre depressão, ansiedade e outros desequilíbrios emocionais pode salvar vidas e esse é o principal objetivo do CVV", afirma.

Cristiano conta que são necessários ao menos 15 voluntários para o início das atividades do posto do CVV. Os interessados devem demonstrar interesse e posteriormente passarão por um treinamento.

"É importante salientar que nem todos os voluntários trabalharão no atendimento telefônico, por exemplo. Após o curso teórico, que deve ser realizado pelo facilitador Roque, de Marília, os voluntários também passam por um estágio monitorado, para poderem saber se estão aptos ou não a fazerem o atendimento. Quem faz o curso, não necessariamente tem que ser um voluntário, mas pode utilizar esse conhecimento também para auxiliar familiares, amigos ou colegas de trabalho. Os postos do CVV têm uma comissão mantenedora, então de qualquer forma é possível ajudar", explica.

Para ser um voluntário, os interessados devem ter 18 anos ou mais e disponibilidade de 4h na semana. Trata-se de um trabalho bastante sério e criterioso, já que seu núcleo principal é salvar vidas.

"Não é necessário ser um profissional da área da saúde ou áreas afins. O que mais importa é que a pessoa esteja disposta e tenha uma escuta empática. Os voluntários podem ser de qualquer crença, religião ou postura política, porque em nenhum momento eles darão a sua opinião. O atendimento é sigiloso, sendo que o trabalho dos voluntários é prestar apoio emocional e sem julgamentos ou orientações, para que a pessoa que está passando por um momento difícil possa verbalizar aquele mal que está sentindo e encontrar uma esperança", salienta Cristiano.

Apesar do movimento "Escolha Ficar" ter a proposta de ser sediado em Assis, os atendentes recebem ligações não apenas do município, mas de todo o país, 24h por dia.

"Por isso a participação dos voluntários nos postos do CVV são essenciais, porque quanto mais pessoas, mais ágil é o atendimento e maiores são as chances de que o suicídio seja evitado. Apesar dos postos fixos serem montados nos municípios, os voluntários atendem ligações de todo o Brasil, porque é o número unificado do 188", diz Cristiano.

Após a captação dos voluntários do movimento "Escolha Ficar", a próxima etapa é buscar apoio para conseguir uma sede, a disponibilização da linha telefônica, a abertura de um CNPJ e todas as demais questões burocráticas para o início das atividades.

"Esse é o primeiro passo e estou muito esperançoso de que vamos conseguir reativar o CVV em Assis ainda neste ano. Muitas pessoas da cidade já trabalharam como voluntários, quando ainda havia o posto fixo, e outras estão começando a se interessar pelo assunto. Convido todos aqueles que estiverem dispostos a fazermos isso juntos, com a missão do voluntário em mente: ouvir, acolher e amar", finaliza.

Os interessados podem encaminhar um e-mail para Cristiano manifestando sua vontade de participar. O endereço é [email protected]. Basta enviar o nome e o telefone para que ele retorne o contato.

Dados alarmantes

O suicídio é uma das maiores causas de morte no Brasil e também no mundo. Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2007 e 2016, 106.374 pessoas morreram em decorrência do suicídio no Brasil, totalizando a média de um caso a cada 46 minutos. Já segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 3 mil pessoas por dia cometem suicídio em todo o mundo.

Paralelamente a dados tão alarmantes, ainda há muitos tabus em relação à temática. A maioria dos casos está relacionada com doenças como depressão e outros desequilíbrios emocionais, que deixam marcas de muita dor e tristeza em familiares e amigos das vítimas.

Fundado em São Paulo em 1962, o Centro de Valorização da Vida é uma associação civil sem fins lucrativos, filantrópica, reconhecida como de Utilidade Pública Federal em 1973. Através dos Postos, o Centro presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional, oferecido a todas as pessoas que querem e precisam conversar sobre suas dores e descobertas, dificuldades e alegrias.

Atualmente, existem aproximadamente 109 Postos e mais de 2.900 voluntários, que se revezam em plantões de 4 horas e meia por semana, para o atendimento 24 horas por dia, inclusive aos domingos e feriados. A estimativa é que o CVV atenda mais de 2.500.000 ligações por ano, em uma média de 11.510 ligações por dia.

O trabalho do CVV não substitui o acompanhamento com um profissional, seja psicólogo, psiquiatra ou demais especialidades. Os dados apontam que na nossa região, as vítimas mais frequentes são homens, na faixa dos 40 anos.

Também é percebido um aumento muito grande nos casos de suicídios entre idosos, além dessa ser a 4ª maior causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 90% de todos os casos são evitáveis, ou seja, há chances de que o suicídio não seja consumado.

Caso você queira conhecer o trabalho do Centro de Valorização da Vida, que opera 24h por dia por telefone, e-mail ou chat, clique aqui e acesse o site oficial.

Cristiano Cêpa quer reativar atendimento do CVV em Assis

Centro de Valorização da Vida tem site e atendimento 24h por dia, todos os dias da semana

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