Cuidadora de animais de Assis que foi denunciada por maus-tratos diz que defende a causa há 15 anos

Na última terça-feira, dia 17 de outubro, uma ocorrência policial envolvendo animais gerou uma grande comoção em Assis. Na denúncia, uma cuidadora voluntária de animais da cidade estaria cometendo crimes de maus-tratos.

De acordo com as informações obtidas pelo Portal AssisCity, a denúncia teria sido feita por meio das redes sociais e a fiscalização da Polícia Civil foi realizada nesta segunda-feira, dia 16 de outubro. Na ocasião, a polícia entendeu que havia uma condição precária no local para o cuidados dos cerca de 50 animais que vivem sob a tutela da proprietária, que preferiu não se identificar.

Na quarta-feira, 18, o Portal AssisCity entrou em contato com a advogada da cuidadora voluntária, Layla Dalossi, para esclarecer a história que gerou repercussão nos últimos dias. Abaixo, você confere na íntegra a entrevista realizada pela nossa equipe de reportagem.

Há quanto tempo a sua cliente faz esse cuidado com os animais?

Minha cliente é defensora da causa animal há mais de 15 anos. Por um chamado vocacional, costuma resgatar e acolher animais em qualquer situação, razão pela qual é muito procurada e conhecida no município, bem como na região, por resgatar animais na maioria das vezes muito doentes, vítimas de maus tratos, em péssimo estado de saúde, idosos, ninhadas abandonadas, com lesões graves e às vezes até definitivamente sequelados. Tais animais costumeiramente são recusados por outras instituições, e não despertam interesses em adoção, ou seja, sabendo disso, não suporta recusá-los ao completo abandono, razão pela qual proporciona abrigo, cuidados e alimentação.

Como exemplo, informa que na data de ontem foi arremessado no quintal de sua residência um animal vítima de maus tratos, que no momento passa por exames investigando possíveis fraturas.

São quantos animais abrigados por ela neste momento?

No momento, encontram-se abrigados cerca de 50 animais na chácara, no entanto, esta realidade muda diariamente, pois o local é conhecido pelo acolhimento, com isso diariamente são abandonados animais lá dentro nas mais diversas condições de saúde.

Na matéria veiculada na imprensa, a Polícia Civil diz ter encontrado o corpo de um cavalo enterrado na propriedade. Isso procede?

Sim. Atendendo a pedidos de outros protetores, minha cliente acolheu na chácara um cavalo vítima de maus tratos, muito emagrecido, já sem os dentes, muito debilitado, com poucas ou nenhuma condição de recuperação, tanto é verdade que veio a óbito no dia seguinte.

Como ela faz para cuidar desses animais? Ela recebe algum tipo de ajuda?

Minha cliente presta pessoalmente cuidados aos animais com ajuda de um funcionário, sem receber qualquer tipo de doação ou subsídio público ou privado.

Há planos de reformas estruturais na chácara para melhor atender esses animais resgatados?

Sim, inclusive já existe uma reforma em andamento, tanto que uma das edificações foi demolida e os entulhos estão sendo removidos. Atualmente, os animais ficam em uma construção própria, com um espaço fechado com baias. Também há animais que ficam soltos na propriedade. Depende das condições e do temperamento dos animais.

Como foi a abordagem feita pela Polícia Civil?

A minha cliente não se encontrava na chácara no momento da diligência, apenas foi informada posteriormente por seus advogados, que chegaram ao local ao final dos trabalhos da polícia.

Por que as pessoas denunciaram ela?

Até o momento, o que se tem conhecimento são vídeos veiculados em redes sociais, dos quais não se sabe a motivação, mesmo porque realiza esse trabalho há muitos anos sendo bem conhecida no meio dos protetores pelo altruísmo e carinho dedicados aos animais resgatados.

O que vocês estão fazendo em termos de defesa?

No momento, estamos à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários ou qualquer forma de colaboração. Com o andamento do procedimento investigatório ou judicial poderemos tratar das acusações que supostamente possam ser imputadas.

A Polícia Civil deu algum prazo ou alguma contrapartida para que os animais não fossem apreendidos naquele dia?

Até o momento não houve qualquer notificação ou determinação a respeito dos animais direcionados à cliente.

Resposta da SEAMA

O Portal AssisCity também entrou em contato com a Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente (SEAMA), que é responsável por realizar o cadastro dos cuidadores voluntários de Assis, para entender a situação da cuidadora denunciada junto ao município. Em nota, a SEAMA informou à nossa reportagem que: "A cuidadora em questão nunca procurou a secretaria para realizar o seu cadastro como cuidadora voluntária. Por esse motivo, a Prefeitura de Assis e a SEAMA não puderam realizar doações de rações ou facilitar o acesso à castração dos animais que vivem nesta chácara".

Ao ser questionada da razão pela qual a cuidadora não seria cadastrada no programa da Prefeitura, a defesa informou que "até o momento, a cliente não tinha conhecimento desta ação da SEAMA", finalizou a advogada.