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Quebrando o silêncio: por que é crucial falar sobre suicídio para sua prevenção

Psicóloga e coordenadora do Departamento de Saúde Mental de Assis explica que a prevenção é melhor forma de lidar com o suicídio

Redação AssisCity

  • 28/03/24
  • 13:00
  • Atualizado há 4 semanas

Falar sobre o suicídio nunca é um assunto fácil, mas é muito importante e necessário. Segundo dados do estudo desenvolvido pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde da Fiocruz Bahia em colaboração com pesquisadores de Harvard, a taxa de suicídio entre jovens cresceu 6% no Brasil entre os anos de 2011 e 2022.

Em Assis e região, somente nestes três primeiros meses de 2024, quatro casos chamaram a atenção e preocuparam os moradores. Esse aumento nos casos acende um alerta sobre a importância da prevenção, que hoje é a melhor forma de lidar com o suicídio.

Em entrevista ao Portal AssisCity, a psicóloga e coordenadora do Departamento de Saúde Mental de Assis, Cristina Vendramel, falou sobre o tema e sobre os atendimentos que são oferecidos no município.

"O suicídio é algo muito complexo, possui muitas faces e muitas determinações; às vezes nem mesmo é localizado um por quê. São vários motivos que podem afetar as pessoas, sendo elas das mais variadas classes sociais e idades. O suicídio é um fenômeno muito grande que não se concentra em uma classe específica", explica Cristina.

Em Assis, a Secretaria Municipal de Saúde, se organiza de maneira que cada Unidade Básica de Saúde tenha um profissional especializado, como psicólogos e psiquiatras. Os médicos e enfermeiros das unidades também passam por uma capacitação, para que durante atendimentos clínicos de rotina, encaminhem os pacientes para ás áreas necessárias, caso notem alguns comportamentos atípicos.

Reprodução/Freepik - Quebrando o silêncio: por que é crucial falar sobre suicídio para sua prevenção - Foto: Reprodução/Freepik
Quebrando o silêncio: por que é crucial falar sobre suicídio para sua prevenção - Foto: Reprodução/Freepik

"As pessoas que estão com esses pensamentos emitem sinais de alertas, e é importante que as pessoas em geral aprendam como ouvir, ver e perceber esses sinais. Em todas as UBS de Assis, é oferecido atendimento com psicólogos e psiquiatras, para que toda a população seja atendida", disse Cristina.

Cristina explica que na busca pela prevenção, dentro das Unidades Básicas de Saúde também são oferecidas oficinas de crochê, rodas de conversas e vários eventos onde são tratados assuntos que motivem a vida, de modo a oferecer uma melhor qualidade de vida para os participantes. "É importante ouvir com atenção o que as pessoas têm a dizer, sem julgamentos, sem achar que é só uma fase ou que alguém só quer chamar a atenção. É importante oferecer vida", explica.

Em Assis também há duas unidades do CAPS - Centro de Atenção Psicossocial - que oferecem serviços de saúde mental para toda a comunidade. O CAPS Infanto Juvenil oferece atendimento para crianças e adolescentes com sofrimento psíquico intenso e/ou com transtornos mentais graves, inclusive pelo uso de substancias psicoativas. O CAPS II oferece atendimento a toda população adulta e funciona todos os dias da semana, com exceção das quintas-feiras. Será inaugurado no mês de abril, mais uma unidade do CAPS, voltada para problemas com álcool e drogas.

Centro de Valorização da Vida - CVV

O município de Assis também conta com o Centro de Valorização da Vida, o CVV, que oferece apoio emocional e prevenção ao suicídio gratuitamente. Formado exclusivamente por voluntários, o atendimento é realizado em nível nacional, através do telefone 188 que funciona 24 horas por dia.

O CVV iniciou os trabalhos no município no dia 01 de dezembro de 2019, após um curso de capacitação com duração de 12 encontros. Neles, foram abordados os principais motivos que levam as pessoas a pensar em suicídio e a melhor forma de conversar com elas. Nos atendimentos o anonimato e o sigilo são sempre garantidos.

Em entrevista ao Portal AssisCity, um dos voluntários que não pode ser identificado, explicou como funciona esses atendimentos. "Os voluntários não têm qualquer tipo de contato com quem liga a não ser o tempo do próprio atendimento que se restringe ao contato feito no momento do plantão. Não há conversa depois, troca de perfis de redes sociais ou números de telefone", disse.

Ainda segundo o voluntário, as pessoas que procuram o CVV muitas vezes estão cercadas de pessoas, e mesmo assim, se sentem sozinhas. "Aprendo sempre com os atendimentos que faço, e me impressiona sempre a pessoa estar cercada de pessoas e se sentir só. A ajuda que oferecemos é compreensão pelo que a pessoa está sentindo e passando. Tentamos sempre ajudar compreendendo o mundo da pessoa e a situação que ela vive", conta.

Desde o início dos atendimentos em 2019, o CVV de Assis já atendeu mais de 6 mil pessoas, número expressivo que reforça a importância desse contato entre o núcleo de apoio com as pessoas que procuram por ajuda.

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